Um craque chamado Nilton

Nílton Santos: cabeça erguida, como bem estava indo fazer o que mais gostava: jogar futebol.

"Tu em campo parecia tantos,
e, no entanto, que encanto!
Eras um só, Nilton Santos."

Esse verso é de um poema que Armando Nogueira desfiou para Nilton Santos.

E quantos aqui sabem quem foi ele? Admito, chego a ser ridicularizado quando, da minha idade, falo sobre ele.

Porque Nilton Santos era um craque. O maior lateral esquerdo da história, sem dúvida nenhuma. A enciclopédia do futebol era completa. Simplesmente completa. Ele não tinha defeitos. Aprendeu a chutar com as duas pernas mais por necessidade, para não apanhar de seu pai, que vinha com um chicote em sua direção quando este jogava futebol. Mostrou tal categoria com a perna destra ao marcar, de direita, um golaço contra a Áustria na Copa do Mundo de 1958.

Inventou essa história de lateral atacar. Antes, os laterais eram quase como zagueiros, que não passavam do meiocampo, em consequência dos esquemas hiperofensivos da parte média para frente, leia-se 4-2-4, 4-3-3, e até 2-3-5. Nílton, no entanto, mostrava-se apto a executar com destreza essa função do futebol. Herança, talvez, de seus anos em Flexeiras, bairro pobre onde nasceu, onde era a maior estrela, e ponta-esquerda da equipe Fleixeiras Futebol Clube. Dizia-se que ele era capaz de correr os 90 minutos, cruzar com perfeição, e ainda marcar muitos gols. Nilton Santos.

Era um monstro, literalmente. Tem 1,84 metro, e essa altura, embora hoje seja normal em alguns lugares, o tornava um gigante em meio aos (ainda mais do que hoje) baixinhos brasileiros. A média de altura para os homens, à época, era de apenas 1,69m. Tinha, também, muita força física, braços gigantes, e músculos torneados na parte inferior do corpo.

Sempre foi veloz; tinha um poder de arrancada excepcional, seja para correr ou para afastar uma bola de sua área com maestria de um Domingos da Guia, seja para ir ao ataque, cruzar, ou mesmo marcar gols, com a eficiência de um Leônidas da Silva.

Além disso, era um líder. Os jogadores, por vezes, se queixavam dele por reclamar demais dos companheiros de equipe. Não aceitava perder. Tanto que nunca perdeu uma decisão de campeonato em sua carreira (em campo). Cobrava muito. O legítimo capitão de uma equipe. Existe uma ocasião que ele confessou rindo, que foi na época em que o técnico do Botafogo era Gentil Cardoso. Gentil deixava os jogadores na concentração, que nesta vez era em um hotel que era à beira de um rio, e ia embora arrumar a sua casa em construção. Para manter a ordem, ele nomeava algum dos jogadores para vigiar o lugar da concentração. Certa vez, Nilton Santos foi escolhido, com o aviso: não os deixem pescar. Na verdade, Gentil Cardoso falava isso para todo mundo, que nunca davam ouvidos para ele, e faziam uma festa na pescaria. Nílton Santos, contudo, seguiu tudo à risca, frustrando todas as tentativas dos jogadores de pescar. Os jogadores nunca mais aceitaram que ele fosse o escolhido.

Era um grande profissional. Nunca faltou a um treino sequer em 16 anos de Botafogo. Não gostava de exercícios, verdade seja dita, mas era lúcido para perceber que isso era importante para um jogador profissional. Bem como era igualmente lúcido na hora de perceber, com a perspicácia de um gênio, quando os dirigentes cometiam alguma injustiça contra os seus colegas de equipe; ia, com toda a sua pompa, representar o grupo de jogadores. Certa vez, chegou atrasado a um treino, numa das raras vezes que isso ocorreu, e chegando lá encontrou Joselias, goleiro reserva do Botafogo na época. Joselias, com medo do treinador, pediu para entrar com ele, com a esperança de não ser multado. Nilton Santos, humilde, aceitou prontamente. Chegando ao campo de atividades, ele estava na frente, e o técnico logo falou para Nilton: "Não tem problema, meu craque, pode entrar e ficar à vontade". Atrás, veio Joselias, e Zezé Moreira logo avisou: "O que foi crioulo? Vai logo para a tesouraria ser multado, e depois volte aqui." Nilton não aceitaria uma injustiça dessas; voltou como num passe de mágica, e falou que se Joselias fosse multado, ele também teria que ser. Conversa pra lá, conversa pra cá, tudo acabou bem para ambas as partes.

Uma amizade histórica: Nilton Santos e Garrincha.

Encerrou a carreira em 1964, depois de vencer o Flamengo por 1 a 0 no seu jogo de despedida. Foi ser técnico. Nunca foi ninguém de respeito como um técnico, mas muito disso se deve à sua exigência de que os jogadores fossem ao treino. Também não aceitava "salto-alto". Afinal, não conseguia entender como jogadores de tão baixo nível achavam-se craques. Logo ele, que jogou com Pelé, Garrincha, Gérson e Didi. Como dirigente do Botafogo, também não deu certo, mas por um simples motivo: não aceitava injustiça contra os jogadores. Do outro lado da moeda, soube das atrocidades que os cartolas cometiam contra os craques, e recusava toda e qualquer tentativa de prejudicar o profissional. Era um dirigente com espírito de jogador.

Achou seu lugar trabalhando com as crianças, que, segundo ele, "ouvem, prestam mais atenção do que os adultos". Trabalhou em Uberaba, Niterói, mas foi em Brasília, minha cidade natal, onde mais se identificou. Criou a escola de futebol Nílton Santos, que curiosamente, já fiz parte quando tinha na casa de meus 5 anos. Saí rapidamente, porque para mim "era estranho". Oh, arrependimento. Tinha, sim, crianças carentes, algumas que poderiam até se identificar com o crime. Era de graça. Mas eu não sabia quem era Nilton. Ensinava tudo para as pessoas, incluindo lições de moral. Segundo Nilton, em seu livro, ele ajudou muito um moleque chamado Beiçola. Era grande, forte, mas era um criminoso, e numa partida de recreação durante sua escola de futebol, não jogou nada e pôs a culpa em todo mundo. Foi assustar um por um. Nilton Santos não aceitaria uma injustiça daquelas. Dirigiu-se na direção do menino e, em meio a várias crianças, deu-lhe uma lição de humildade. Bateu embaixadinhas, e, mesmo velho, arriscou até algumas jogadas no campo. O menino, vendo aquele velho fazer isso, aquietou-se e procurou ser humilde.

Foi, sem nenhuma dúvida, o maior ídolo da história do Botafogo. Pode não ter sido o melhor jogador da história desse clube fantástico, mas foi, com certeza a sua maior criação. Amava - e ama - o Botafogo. Chegou a assinar 3 contratos em branco, para os dirigentes definirem seu salário, em seu auge de carreira. Acabou sendo mau exemplo para os cartolas, que falavam para alguém que queria aumento: "O Nilton Santos é um craque e assina em branco, ganha pouco." Quando saiu do Botafogo, não teve sequer uma homenagem, nem ao menos um jogo de despedida, que fosse realmente um jogo amistoso, com fim apenas de entretenimento. Encerrou a carreira, também, pelas injustiças que cometiam contra seu melhor amigo, Garrincha. Malditos dirigentes.

Talvez por causa disso, hoje, é preciso falar que os comandantes botafoguenses o respeitam. Pagam até o tratamento contra o mal de Alzheimer, e vivem fazendo homenagens a ele. Costumamos "meter o pau" quando fazem alguma bobagem, mas é preciso também elogiar quando necessário.

E, depois de tanto tempo, falou em 2004, bem qual uma criança, durante entrevista.

"Minha religião é não fazer mal a ninguém e se puder ajudar alguém. Se ele existe lá em cima não vai me castigar por isso. Eu não sou daqueles que faz barbaridades, acende uma vela, se benze e acha que está perdoado."

Sobre o fato de não ter saído do futebol rico, respondeu com a precisão dos tempos de jogador:

"Eu não saí rico. Sei lá, eu também rico de repente poderia fazer bobagem, né. Minha vida é fazendo o que eu gosto, trabalhando com criança, ir no Maracanã todos os dias, que foi a minha casa. Nós não somos nada, a gente tá aqui de passagem. Um dia, quem sabe, eu gostaria que, assim, você chegar no céu, ia ser espetacular, né? Com certeza o Sandro (Moreyra), o João Saldanha, seriam amigos de São Pedro, sabe? E me apresentar, e eu já chegava lá, sabe? Mas eu não acredito nisso não, eu acho que morreu acabou. Mas o bom é o pessoal lembrar da gente com saudade."

Quando perguntado sobre a ignorância de Pelé em não colocá-lo na lista dos 100 maiores jogadores de todos os tempos, como bem gosta de ser falso esse Édson Arantes, apenas disse:

"Já desencarnei disso tudo, e eu acredito até que tenham armado pro Pelé uma coisas dessas. Fez a relação e ele em confiança a alguém, coassinou alguma coisa e autorizou o cara a usar o nome dele. Até que fosse eu não ia cobrar nada dele. -Você não cobra nada de ninguém? -Não cobro, não tenho esse direito, quê isso, a minha religião, quero estar bem comigo. Se eu estiver bem comigo eu sou valente demais, eu já provei isso."

Calma, Nilton Santos.

Pelé como jogador foi grande coisa. Mas não foi o melhor.

Assim como pessoa, não é grande coisa. Ou melhor, não é nada.

Minha pequena homenagem ao elegante Nilton Santos,

Cristiano Soares.
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Números após as Oitavas de Final (56 jogos)



Olá amigos!

Em meio a esta correria de provas, consegui separar um tempo para apurar os números da Copa do Mundo até a presente etapa: as quartas de finais.

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Gols:

1ª Rodada:

- 16 jogos.

- 25 gols.

- 1,56 gol de média de gols por jogo.

2ª Rodada:

- 16 jogos.

- 42 gols.

- 2,62 gols de média de gols por jogo.

3ª Rodada:

- 16 jogos.

- 34 gols.

- 2,12 gols de média de gols por jogo.

Primeira fase:

- 48 jogos.

- 101 gols.

- 2,10 gols de média de gols por jogo.

Equipes com mais gols marcados na Primeira Fase:

1° - Portugal, com 7 gols marcados e média de 2,33 gols por jogo.
2° - Argentina, com 7 gols marcados e média de 2,33 gols por jogo.
3° - Holanda, com 5 gols marcados e média de 1,66 gols por jogo.
3° - Alemanha, com 5 gols marcados e média de 1,66 gols por jogo.

Obs: Portugal foi colocada em primeiro porque não sofreu gols.

Equipes com menos gols marcados na Primeira Fase:

1° - Honduras, com nenhum gol marcado na primeira fase e média de 0 gol por jogo.
1° - Argélia, com nenhum gol marcado na primeira fase e média de 0 gol por jogo.
2° - França, com 1 gol marcado na primeira fase e média de 0,33 gol por jogo.
2° - Coreia do Norte, com 1 gol marcado na primeira fase e média de 0,33 gol por jogo.
2° - Suíça, com 1 gol marcado na primeira fase e média de 0,33 gol por jogo.
3° - Grécia, Sérvia, Camarões, Gana, Nova Zelândia e Inglaterra, com 2 gols marcados na primeira fase e média de 0,66 gol marcado por jogo.

Equipes com mais gols sofridos na Primeira Fase:

1° - Coreia do Norte, com 12 gols sofridos na primeira fase e média de 4 gols sofridos por jogo.
2° - Coreia do Sul, com 6 gols sofridos na primeira fase e média de 2 gols sofridos por jogo.
2° - Austrália, com 6 gols sofridos na primeira fase e média de 2 gols sofridos por jogo.
2° - Dinamarca, com 6 gols sofridos na primeira fase e média de 2 gols sofridos por jogo.
3° - África do Sul, Grécia, Nigéria, Camarões, Eslováquia e Itália, com 5 gols sofridos na primeira fase e média de 1,66 gol sofrido por jogo.

Equipes com menos gols sofridos na Primeira Fase:

1° - Uruguai, com nenhum gol sofrido na primeira fase e média de 0 gol sofrido por jogo.
1° - Portugal, com nenhum gol sofrido na primeira fase e média de 0 gol sofrido por jogo.
2° - Argentina, com 1 gol sofrido na primeira fase e média de 0,33 gol sofrido por jogo.
2° - Inglaterra, com 1 gol sofrido na primeira fase e média de 0,33 gol sofrido por jogo.
2° - Alemanha, com 1 gol sofrido na primeira fase e média de 0,33 gol sofrido por jogo.
2° - Holanda, com 1 gol sofrido na primeira fase e média de 0,33 gol sofrido por jogo.
2° - Paraguai, com 1 gol sofrido na primeira fase e média de 0,33 gol sofrido por jogo.
2° - Suíça, com 1 gol sofrido na primeira fase e média de 0,33 gol sofrido por jogo.
3° - México, Argélia, Gana, Japão, Nova Zelândia, Brasil, Espanha e Chile, com 2 gols sofridos na primeira fase e média de 0,66 gol sofrido por jogo.

Grupos com mais gols marcados na Primeira Fase:

1° - Grupo B (Argentina, Nigéria, Coreia do Sul e Grécia), com 17 gols.
1° - Grupo G (Brasil, Coreia do Norte, Costa do Marfim e Portugal), com 17 gols.
2° - Grupo E (Holanda, Dinamarca, Japão e Camarões), com 14 gols.
3° - Grupo F (Itália, Paraguai, Nova Zelândia e Eslováquia), com 13 gols.
4° - Grupo D (Alemanha, Austrália, Sérvia e Gana), com 12 gols.

Grupos com menos gols marcados na primeira Fase:

1° - Grupo H (Espanha, Suíça, Honduras e Chile), com 8 gols.
2° - Grupo C (Inglaterra, Estados Unidos, Argélia e Eslovênia), com 9 gols.
3° - Grupo A (África do Sul, México, Uruguai e França), com 11 gols.
4° - Grupo D (Alemanha, Austrália, Sérvia e Gana), com 12 gols.

As seleções com maior aproveitamento na Primeira Fase:

1° - Argentina, com 100% de aproveitamento dos pontos.
1° - Holanda, com 100% de aproveitamento dos pontos.
2° - Uruguai, com 77,8% de aproveitamento dos pontos.
2° - Brasil, com 77,8% de aproveitamento dos pontos.
3° - Alemanha, com 66,7% de aproveitamento dos pontos.
3° - Japão, com 66,7% de aproveitamento dos pontos.
3° - Espanha, com 66,7% de aproveitamento dos pontos.
3° - Chile, com 66,7% de aproveitamento dos pontos.

As seleções com menor aproveitamento na Primeira Fase:

1° - Camarões, com 0% de aproveitamento dos pontos.
1° - Coreia do Norte, com 0% de aproveitamento dos pontos.
2° - França, com 11,1% de aproveitamento dos pontos.
2° - Nigéria, com 11,1% de aproveitamento dos pontos.
2° - Argélia, com 11,1% de aproveitamento dos pontos.
2° - Honduras, com 11,1% de aproveitamento dos pontos.
3° - Itália, com 22,2% de aproveitamento dos pontos.

Oitavas de Final:

- 8 jogos.

- 22 gols.

- 2,75 gols de média de gols por jogo.

A Copa do Mundo até aqui:

- 56 jogos.

- 123 gols.

- 2,19 gols de média de gols por jogo.

Placar mais repetido:

1° - 1 a 0, repetido por 14 vezes.
2° - 2 a 1, repetido por 10 vezes.
3° - 0 a 0, repetido por 7 vezes.
4° - 1 a 1, repetido por 6 vezes.
4° - 2 a 0, repetido por 6 vezes.

Placar menos repetido:

1° - 7 a 0, só 1 vez.
1° - 3 a 2, só 1 vez.
1° - 4 a 0, só 1 vez.
2° - 4 a 1, apenas 2 vezes.
2° - 2 a 2, apenas 2 vezes.
3° - 3 a 0, somente 3 vezes.
3° - 3 a 1, somente 3 vezes.

Os placares já ocorridos na Copa:

- 0 a 0.
- 1 a 0.
- 2 a 1.
- 1 a 1.
- 2 a 0.
- 4 a 0.
- 3 a 0 .
- 4 a 1.
- 2 a 2.
- 7 a 0.
- 3 a 1.
- 3 a 2.

Comparações com outras Copas do Mundo:

Média de gols:

Copa do Mundo de 1990, nos 52 (o número total) primeiros jogos:

- 52 jogos.

- 115 gols.

- 2,21 gols de média de gols por partida (a pior da história).

Os 56 primeiros jogos da Copa do Mundo de 1998:

- 56 jogos.

- 149 gols.

- 2,66 gols de média de gols por partida.

Os 56 primeiros jogos da Copa do Mundo de 2002:

- 56 jogos.

- 147 gols.

- 2,62 gols de média de gols por partida.

Os 56 primeiros jogos da Copa do Mundo de 2006:

- 56 jogos.

- 132 gols.

- 2,35 gols de média de gols por partida.

Conclusões:

- A Copa do Mundo ainda pode ser considerada a pior da história se levarmos em consideração a média de gols. Mas, assistindo aos jogos, você ainda não pode taxá-la dessa maneira. Decerto que ela ainda é uma das piores da história, mas ela melhorou muito, e as oitavas de final foram muito boas. Dos 8 jogos, só perdi Estados Unidos x Gana, que também foi um grande jogo, disseram. E o melhor jogo desta fase foi, para mim, Alemanha x Inglaterra, mas gostei igualmente de Uruguai x Coreia do Sul. O pior jogo dessa fase foi, para mim, Paraguai e Japão, que fizeram uma autêntica pelada. Todavia, isso pode ser revisto se levarmos em consideração que a partida foi pros pênaltis - e isso é emoção garantida.

- Agora, poucos sabem, mas a Copa terá uma pausa, entre os dias 30 de junho e 01 de julho, e só reiniciará no dia 02 de julho, já com o jogão entre Brasil e Holanda, e Uruguai e Gana.

- O melhor jogador da Copa até agora, na minha modesta opinião, é Messi. Depois vem Özil, que faz Copa espetacular.

Um abraço,

Cristiano Soares.
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Aviso e Armando Nogueira



Olá amigos!

Estou em semana de provas...

Termino na sexta-feira, por isso o blog está um pouco desatualizado.

Mas, para não perder o costume, um texto do Armando Nogueira.

Para alguns dias, um supertexto sobre o craque Nilton Santos.

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México 70 - E as palavras, eu que vivo delas, onde estão? Onde estão as palavras para contar a vocês e a mim mesmo que Tostão está morrendo asfixiado nos braços da multidão em transe? Parece um linchamento: Tostão deitado na grama, cem mãos a saqueá-lo. Levam-lhe a camisa levam-lhe os calções. Sei que é total a alucinação nos quatro cantos do estádio, mas só tenho olhos para a cena insólita: há muito que arrancaram as chuteiras de Tostão. Só falta, agora, alguém tomar-lhe a sunga azul, derradeira peça sobre o corpo de um semi-deus.

Mas, felizmente, a cautela e o sangue-frio vencem sempre: venceram, com o Brasil, o Mundial de 70, e venceram, também, na hora em que o desvario pretendia deixar Tostão completamente nu aos olhos de cem mil espectadores e de setecentos milhões de telespectadores do mundo inteiro.

E lá se vai Tostão, correndo pelo campo afora, coberto de glórias, coberto de lágrimas, atropelado por uma pequena multidão. Essa gente, que está ali por amor, vai acabar sufocando Tostão. Se a polícia não entra em campo para protegê-lo, coitado dele. Coitado, também, de Pelé, pendurado em mil pescoços e com um sombrero imenso, nu da cintura para cima, carregado por todos os lados ao sabor da paixão coletiva.

O campo do Azteca, nesse momento, é um manicômio: mexicanos e brasileiros, com bandeiras enormes, engalfinham-se num estranho esbanjamento de alegria.

Agora, quase não posso ver o campo lá embaixo: chove papel colorido em todo o estádio. Esse estádio que foi feito para uma festa de final: sua arquitetura põe o povo dentro do campo, criando um clima de intimidade que o futebol, aqui, no Azteca, toma emprestado à corrida de touros.

Cantemos, amigos, a fiesta brava, cantemos agora, mesmo em lágrimas, os derradeiros instantes do mais bonito Mundial que meus olhos jamais sonharam ver. Pela correção dos atletas, que jogaram trinta e duas partidas, sem uma só expulsão. Pelo respeito com que cerca de trezentos profissionais de futebol se enfrentaram, músculo a músculo, coração a coração, trocando camisas, trocando consolo, trocando destinos que hão de se encontrar, novamente, em Munique 74.

Choremos a alegria de uma campanha admirável em que o Brasil fez futebol de fantasia, fazendo amigos. Fazendo irmãos em todos os continentes.

Orgulha-me ver que o futebol, nossa vida, é o mais vibrante universo de paz que o homem é capaz de iluminar com uma bola, seu brinquedo fascinante. Trinta e duas batalhas, nenhuma baixa. Dezesseis países em luta ardente, durante vinte e um dias — ninguém morreu. Não há bandeiras de luto no mastro dos heróis do futebol.

Por isso, recebam, amanhã, os heróis do Mundial de 70 com a ternura que acolhe em casa os meninos que voltam do pátio, onde brincavam. Perdoem-me o arrebatamento que me faz sonegar-lhes a análise fria do jogo. Mas final é assim mesmo: as táticas cedem vez aos rasgos do coração. Tenho uma vida profissional cheia de finais e, em nenhuma delas, falou-se de estratégias. Final é sublimação, final é pirâmide humana atrás do gol a delirar com a cabeçada de Pelé, com o chute de Gérson e com o gesto bravo de Jairzinho, levando nas pernas a bola do terceiro gol. Final é antes do jogo, depois do jogo — nunca durante o jogo.

Que humanidade, senão a do esporte, seria capaz de construir, sobre a abstração de um gol, a cerimônia a que assisto, neste instante, querendo chorar, querendo gritar? Os campeões mundiais em volta olímpica, a beijar a tacinha, filha adotiva de todos nós, brasileiros? Ternamente, o capitão Carlos Alberto cola o corpinho dela no seu rosto fatigado: conquistou-a para sempre, conquistou-a por ti, adorável peladeiro do Aterro do Flamengo. A tacinha, agora, é tua, amiguinho, que mataste tantas aulas de junho para baixar, em espírito, no Jalisco de Guadalajara.

Sorve nela, amiguinho, a glória de Pelé, que tem a fragrância da nossa infância.

A taça de ouro é eternamente tua, amiguinho.

Até que os deuses do futebol inventem outra.

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Um abraço,

Cristiano Soares.
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Confissões de uma menina

A "menina" ficou encantada com esses três.


A justiça no futebol. Esse esporte não foi feito para ser justo; nem para ser injusto. Foi feito para, quando lhe apetecer, prejudicar uma equipe, do jeito que a bola é ciumenta. Às vezes, ela só beneficia o bom futebol. Não gosta de ser bicada para longe. Quer ser tratada com carinho, mudando de direção rapidamente, num gesto que costumamos chamar de drible. Prefere ser colocada, no cantinho, com os pés em um leve movimento que apenas as toca. Não gosta que lhe coloquem a cabeça, pois ela é amassada, e por isso que porventura vem a prejudicar quem comete esse pecado contra ela.

Era 1966. A Inglaterra, comandada por Bobby Charlton e Bobby Moore, elegantíssimos, que jogavam de cabeça erguida, jogava muito bem na Copa, sob o apoio de sua torcida. Nas semifinais, acabara de vencer a sensação do Mundial Portugal, com dois gols de Bobby Charlton. Dois golaços, de fora da área, no ângulo. Já a Alemanha havia passado pela União Soviética nas semifinais. Um futebol menos convicente. Ainda assim, a decisão era aberta, e não havia um favorito destacado. E no jogo, depois de 4 gols no tempo normal, a Inglaterra teve o gol mais polêmico da história das Copas. Hurst, recebeu, bateu, a bola bateu na trave e na linha, mas não entrou. Ainda assim, o juiz validou o gol e prejudicou a Alemanha. Justiça. Ao futebol que Charlton apresentava.

Mas depois, a Inglaterra se convenceu muito e nada fez nas Copas seguintes, apostando muito no futebol chuveirinho. Cabeçadas violentas, e a bola ficava triste outra vez com a seleção que outrora tanto lhe acariciava.

E passados 44 anos, a bola sentia mágoas da Inglaterra. E foi aprontar no dia 27 de junho de 2010. Às 10h59, quando o árbitro Jorge Larrionda deu o apito e a Alemanha saiu jogando, logo ficou evidente que ela não queria papo com a Inglaterra. No primeiro passe, Gerrard isolou a bola pela lateral.

Aos 20 minutos, a Alemanha já dominava a partida. E Neuer deu um passe, cheio de efeito, para Klose ganhar no corpo de Upson, e quando tomar a frente, bater de leve na bola. Sem machucá-la. Gol. E a bola ficou feliz, pois Klose, tão acostumado a cabecear forte, foi delicado, tocando bem de leve nela. Então continuou aprontando das suas. Alguns minutos depois, deu a dica para Klose, quando a recebeu depois de cobrança de escanteio, fazer um grande drible, deixando dois ingleses para trás. Mas como decidiu bater com as travas da chuteira, já que estava desequilibrado, a Jabulani decidiu deixar James defender.

Demonstrou o jeito que queria ser tratada aos 32 minutos da etapa inicial. Foi quando Özil passou para Klose, que voltou a utilizar uma técnica refinada pouco conhecida. Deu uma cavadinha e deixou Müller na cara do gol. Thomas deixou ela quicar, e como se não quisesse machucar a nossa redonda, deu apenas um leve toque por cima, para deixar Podolski livre. Ele a dominou sutilmente e bateu cruzado. No cantinho. 2 a 0.

Bonita e extravagante, quer ser trada com elegância.


E então a Inglaterra, cheia de raiva da menina, decidiu tentar um pouco, e a obrigou a girar, para parar na cabeça de Upson. Ele a cabeceou, contra a sua vontade. Não gostou do jeito que foi tratada. 2 a 1. Ela prometeu que se vingaria. E o fez aos 38', quando Lampard fez um toque por cobertura. Ela foi na trave, e voltou atrás da linha, porém usou todas as suas forças para empurrar-se para fora novamente. Depois, saiu toda serelepe, quando viu que Larrionda não percebeu sua malícia.

E foi parar nos pés alemães. Era dos alemães que ela gostava. Aos 7 minutos, Lampard deu uma bomba, e a bola foi parar no travessão. Coitada, se machucou. E logo ficou irada, novamente. E Müller, um de seus artistas preferidos, pegou de jeito nela para deixar Schweinsteiger no outro lado, livre. Então ele driblou um marcador, e tocou de volta para Thomas Müller. Ele bateu, e a bola foi amortecer nas redes de James. Gostou dessa ação. E se deixou solta para Özil sair em velocidade com ela e tocar fraco para Müller, que bateu cheio de jeito. Golaço. 4 a 1.

O final do jogo foi de uma leve pressão inglesa. Mas a jabulani não se deixaria levar por aqueles grossos. Fez de tudo, menos entrar no gol.



E terminado o jogo, pode-se dizer que ela deu uma lição em todos, mostrando que também é dama. Gosta de ser bem tratada. Machucada? Não. Só gosta de ser acariciada pelos pés. Que usem a cabeça, mas não batam nela com essa parte do corpo.

Ela confessou para mim, depois do jogo, que gostou muito daqueles alemães de branco. Disse que, se depender dela, eles serão os campeões. E que premia quem joga bonito.

Mas que mais adiante, também quer ver se esses argentinos são mesmo legais e gentis.

Disse que quer ver uma final entre os dois.

Veremos.

Um abraço,

Cristiano Soares.
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Messi. A Copa é dele

Messi com a camisa alviceleste; chance de consagração nesta Copa.

Como pode um baixinho jogar tanto? Como alguém, com menos de 1,70 m, consegue resistir às agressões dos beques adversários, sem ao menos desequilibrar-se? De que maneira alguém joga com a bola colada aos pés, com a habilidade de um equilibrista, e utilizando a força de um soldado?

Perdoem-me, indagações, mas não há maneira de respondê-las. Lionel Andrés Messi, nascido em Rosário, na Argentina, morava em uma espécie de favela argentina, em Grandoli. Com 13 anos, media apenas 1,39m. Tinha que tomar injeções de crescimento todas as noites, e o Newell's Old Boys não aceitou pagar; tampouco o River Plate. Mas Messi nunca se abalou; tentou no Barcelona, e em seu primeiro teste, foi contratado: "O contratei em 30 segundos! Ele me chamou muita atenção. Em 40 anos de futebol, jamais havia visto alguma coisa semelhante. Tinha uma habilidade excepcional, logo me lembrou o Maradona. Tive que assinar o primeiro contrato em um guardanapo; não podia deixá-lo escapar". Essas palavras, de Carlos Rexach, tentam explicar o inexplicável. O talento de Messi.

É daqueles jogadores que quando vemos em ação, logo pensamos que está já com seus 26 ou 27 anos. Não! Acabou de completar 23 anos. E é o melhor do mundo. Fora de campo, ele é tímido, e tem uma humildade impressionante para alguém com sua capacidade. Dentro de campo, no entanto, ele se transforma; rápido como o vento em rajada fulminante, cerebral como uma alcateia de leões em busca de uma presa, preciso como a flecha disparada à procura de uma vítima. Messi é assim. Não tem medo de ninguém, é abusado, é diferente.

Quantos jogadores existem que driblam como poucos mas chutam de maneira desastrosa? Denílson e Robinho são apenas alguns exemplos. La Pulga não é assim. Quando corta para o meio, é tchau, boa noite. De chapa, com chutes certeiros no lugar onde a coruja costuma tirar os seus cochilos.

Cultiva o espírito de equipe. Quando ganhou das mãos de Joseph Blatter o prêmio de melhor jogador da temporada 2008/2009, todos esperavam um discurso dizendo "eu me superei nesta temporada, e quero continuar jogando assim". Messi, humilde, colocou o mérito em seus companheiros de equipe, pois sem eles não teria sido nada, segundo ele. Teria sim.

Messi deixou três no chão, e marcou 4 gols nesta partida contra o Arsenal.

Messi, jogador de playstation, profissional de outro planeta, não treme em jogos decisivos. Cultivava tal fama há alguns anos atrás, mas há 3 temporadas faz justamente o contrário. Foi o melhor em campo na final da Liga dos Campeões de 2009. Marcou 4 gols contra o Arsenal, na mesma competição. Sempre foi uma pedra no sapato do Real Madrid. E Roberto Carlos também teve muitos pesadelos com o hermano. Lateral-esquerdo, sempre tinha que enfrentar Messi. Ainda menino, dava canetas, distribuía chapeus, e dava assistências. Contra o Real Madrid, em 2 confrontos efetuou 3 gols e 2 assistências. Dois gols e uma assistência no lendário 6 a 2 em pleno Bernabéu, e um gol e uma assistência no recente 2 a 0.

Com 23 anos completados no último dia 24, já ganhou mais do que muitos veteranos; Já foram 17 títulos, incluindo duas Ligas dos Campeões, e 4 Ligas Espanholas. Individualmente, detém 8 prêmios. Artilheiro de 4 competições diferentes. Em 6 anos. Quase 3 títulos de clubes por temporada, ganha ao menos um prêmio individual por ano. Só falta a... Copa do Mundo. A África do Sul, um lugar pobre, vem lhe trazendo de volta às suas origens. Por enquanto, é o melhor da competição, jogando como Maradona.

Aliás, as comparações com Diego Maradona vêm sendo ainda mais frequentes nos últimos anos. Após a atuação de gala contra o Arsenal, pela Liga dos Campeões, algumas manchetes fizeram uma analogia aos apelidos de Dieguito. D10S Messi foi a publicada pelo jornal Marca. O Daily Mail apontou até nomes, afirmando que "primeiro veio Pelé, depois Maradona. Agora, saudamos o novo rei". Joan Laporta, presidente do Barcelona, disse que Messi é o melhor da história, e o maior jogador da história barcelonista. Pedro Rodriguez e Miguel Lotina foram ainda mais claros, com um simples, mas ousado "Messi é melhor do que Maradona". Será mesmo?

Não sei. Mas acho que será possível responder no dia 11 de julho, quando, se a Argentina estiver na final, saudaremos o novo rei. Ou então o classificaremos como brisa passageira. Porém, caro leitor, sinta-se um privilegiado em poder assistir a esse craque. Hoje, queremos falar com quem viu Pelé jogar; amanhã, seremos fontes de informação sobre Lionel Messi.

Um abraço galera,

Cristiano Soares.
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Saindo um pouco da Copa - Parte 1



Olá amigos!

Decidi sair um pouco do clima de Copa do Mundo, para lhe deixar antenado sobre tudo que está acontecendo no mercado da bola. Afinal, estamos no auge das tranferências europeias! Na janela de junho, ora bolas.

Por isso, venho aqui fazer um pequeno balanço de alguns times brasileiros e europeus, sobre as transferências já realizadas ou os que já saíram.

O post será dividido em duas partes; a primeira, sobre o futebol nacional. E a segunda, com as transferências dos principais clubes europeus.

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Corinthians:


Quem entra: André Vinicius, zagueiro das Categorias de Base; William Morais, meia das Categorias de Base, e Taubaté, atacante das Categorias de Base.

Quem pode vir: Marcelo Moreno, atacante do Wigan; Anderson Polga, zagueiro do Sporting; Deco, meia do Chelsea, e Keirrison, atacante da Fiorentina.

Quem sai: Balbuena, lateral direito, dispensado; Escudero, lateral esquerdo, dispensado e Marcelo Mattos, volante, dispensado.

Quem pode sair: Edu, Dentinho, Felipe, Jucilei e Paulo André.

São Paulo:

Quem entra: Samuel, ex-zagueiro do Joinville;

Quem pode vir: Ilsinho, lateral direito do Shaktar Donetsk e o Ricardo Oliveira, atacante do Al Jazira.

Quem sai: André Luis, zagueiro, para o Fluminense; Léo Lima, meia, para o Al Nasr; Oscar, meia, para o Internacional.

Quem pode sair: Carlinhos Paraíba, Cicinho, Cleber Santana, Hernanes, Dagoberto, Washington e Xandão.

Palmeiras:

Quem entra: Felipão, ex-técnico do Bunyodkor; Kléber, ex-atacante do Cruzeiro e Tadeu, ex-atacante do Grêmio Prudente.

Quem pode vir: Deivid, atacante do Fenerbahçe; Fabio Aurélio, lateral esquerdo do Liverpool; Henrique, zagueiro do Barcelona; Taison, atacante do Internacional; Tinga, volante da Ponte Preta, e Valdivia, meia do Al-Ain.

Quem sai: Bruno Paulo, atacante, para o Vasco; Deyvid Sacconi, meia, para o Grêmio Prudente; Robert, atacante, para o Cruzeiro, e William, meia, para o Atlético Goianiense.

Quem pode sair: Armero, Cleiton Xavier, Diego Souza, Edinho, Figueroa e Marquinhos.

Santos:

Quem entra: Danilo, ex-lateral direito do América-MG.

Quem pode vir: Deivid, atacante do Fenerbahçe; Dida, goleiro do Milan; Edson Bastos, goleiro do Coritiba; Keirrison, atacante da Fiorentina; Marcelo Moreno, atacante do Wigan; Washington, atacante do São Paulo, e Zé Roberto, volante do Hamburgo.

Quem sai: André, atacante, para o Dínamo de Kiev; Domingos, zagueiro, para a Portuguesa; Fábio Costa, goleiro, para o Atlético-MG. George Lucas, lateral direito, para o Braga, de Portugal; Germano, volante, para o Sport; Giovanni, atacante, dispensado; Maikon Leite, atacante, para o Atlético-PR, e Rodrigo Mancha, volante, para o Grêmio Prudente.

Quem pode sair: Edu Dracena, Felipe, Neymar, Paulo Henrique Ganso, Robinho e Wesley.

Flamengo:

Quem entra: Corrêa, ex-volante do Atlético-MG; Jean, ex-zagueiro do FC Moscou, e Renato Abreu, ex-meia do Al-Shabab.

Quem pode vir: Dudu Cearense, volante do Olympiakos; Éder Luís, atacante do Benfica; Marcinho, atacante do Qatar S.C e Riquelme, meia do Boca Juniors.

Quem sai: Adriano, atacante, para o Roma e Álvaro, zagueiro, dispensado.

Quem pode sair: Bruno, David, Dênis Marques, Gil, Léo Medeiros, Léo Moura, Maldonado e Vágner Love.

Botafogo:

Quem entra: Jobson, ex-atacante do Brasiliense e Maicosuel, ex-meia do Hoffenheim, da Alemanha.

Quem pode vir: Léo, volante do Santa Cruz.

Quem sai: Ninguém, por enquanto.

Quem pode sair: Caio, Herrera e Jancarlos.

Vasco:

Quem entra: Bruno Paulo, ex-atacante do Palmeiras; Cesinha, ex-zagueiro do São Caetano; Felipe, ex-meia do Al Sadd; Irrazábal, ex-lateral direito do Cerro Porteño; Nunes, ex-atacante do São Caetano; PC Gusmão, ex-técnico do Ceará, e Zé Roberto, ex-meia do Schalke 04.

Quem pode vir: Scotti, zagueiro do Colo-Colo, e Washington, atacante do São Paulo.

Quem sai: Celso Roth, técnico, para o Internacional; Souza, volante, para o Porto; Dodô, atacante, para a Portuguesa; Geovane Maranhão, atacante, dispensado; Gian, zagueiro, para o São Caetano; Gustavo, atacante, dispensado; Marcio Careca, lateral esquerdo, para o Guarani; Paulinho, volante, para o Metropolitano, e Robinho, atacante, dispensado.

Quem pode sair: Fumagalli e Rodrigo Pimpão.

Fluminense:

Quem entra: André Luis, ex-zagueiro do São Paulo; Carlinhos, ex-lateral esquerdo do Santo André; Éverton, ex-meia do Grêmio Prudente; Rodriguinho, ex-atacante do Santo André; Valencia, ex-volante do Atlético-PR, e Sheik Émerson, ex-atacante do Al Ain.

Quem pode vir: Araújo, atacante do Al-Gharafa; Artur, lateral-direito do São Caetano; Cléber Santana, volante do São Paulo; Deco, meia do Chelsea; Edinho, volante do Palmeiras, e Ariel, atacante do Coritiba.

Quem sai: Adriano, atacante, para o Bahia; André Lima, atacante, para o Grêmio; Carlos Eduardo, meia, para o Grêmio Prudente, e Leandro Teixeira, volante, para o Duque de Caxias.

Quem pode sair: Adeílson, Dalton, Dieguinho, Diguinho, Gérson, Júlio César, Luis Cetin e Willians.

Atlético-MG:

Quem entra: Daniel Carvalho, ex-atacante do CSKA Moscou; Diego Macedo, ex-lateral direito do Bragantino; Edson Mendez, ex-meia da LDU, do Equador; Fabio Costa, ex-goleiro do Santos; Fernandinho, ex-lateral esquerdo do Cruzeiro; Lima, ex-zagueiro do Bétis; Neto Berola, ex-atacante do Vitória, e Ricardo Bueno, ex-atacante do Oeste.

Quem pode vir: André Luiz, zagueiro do Nancy, da França; Belletti, lateral direito do Chelsea; Maldonado, volante do Flamengo, e Rafael Sobis, atacante do Al Jazira.

Quem sai: Benítez, zagueiro, dispensado; Carlos Alberto, volante, para o Goiás; Coelho, lateral direito, dispensado; Corrêa, volante, para o Flamengo; Evandro, meia, para o Vitória; Hugo, meia, para o Goiás; Jonílson, volante, para o Goiás; Jorge Luiz, zagueiro, para o Ceará; Kléber, atacante, para o Porto; Marques, atacante, dispensado; Muriqui, atacante, para o Everglade Guanzhou, da China; Pedro Paulo, atacante, para o Atlético Goianiense, e Renan Oliveira, meia, para o Vitória.

Quem pode sair: Carini, Marcelo e Diego Tardelli.

Cruzeiro:

Quem entra: Cuca, técnico, ex-Fluminense, e Robert, atacante, ex-Palmeiras.

Quem pode vir: Ernesto Farías, atacante do Porto; Keirrison, atacante da Fiorentina, e Riquelme, meia do Boca Juniors.

Quem sai: Adílson Batista, técnico, dispensado; Bernardo, meia, para o Goiás; Fernandinho, lateral esquerdo, para o Atlético-MG; Guerrón, atacante, dispensado; Soares, atacante, para o Vitória, e Kléber, atacante, para o Palmeiras.

Quem pode sair: Jonathan e Thiago Ribeiro.

Internacional:

Quem entra: Celso Roth, ex-técnico do Vasco; Oscar, ex-meia do São Paulo; Leonardo, ex-lateral esquerdo do Olympiakos; Renan, ex-goleiro do Valencia, e Tinga, ex-volante do Borussia Dortmund.

Quem pode vir: Dalton, zagueiro do Fluminense, e Rafael Sobis, meia do Al Jazira.

Quem sai: Arílton, lateral-direito, dispensado; Eltinho, lateral-esquerdo, para o Avaí; Kléber Pereira, atacante, dispensado, e Sandro, volante, para o Tottenham.

Quem pode sair: D'Alessandro, Kléber, Lauro, Taison e Walter.

Grêmio:

Quem entra: André Lima, ex-atacante do Fluminense, e Uendel, ex-lateral-esquerdo do Avaí.

Quem pode vir: Coelho, lateral-direito do Atlético-MG; Éder Luís, atacante do Benfica; Mauro Formiga, atacante do Newell's Old Boys, e Roger, atacante do Guarani.

Quem sai: Mithyuê, meia, para o Atlético-PR, e William, atacante, para a Ponte Preta.

Quem pode sair: Bruno Collaço, Maylson, Fábio Santos e Mario Fernandes.

Atlético-GO:

Quem entra: Daniel Marques, ex-zagueiro do Grêmio Prudente; Dida, ex-lateral direito do Vila Nova; Pedro Paulo, ex-atacante do Atlético-MG; Roberto, ex-goleiro do Goiás; Roberto Fernandes, ex-técnico do Brasiliense, e William, ex-meia do Goiás.
Quem pode vir: Ariel, atacante do Coritiba, e Kieza, atacante do Cruzeiro.

Quem sai: Ayrton, lateral-direito, para o Iraty; Geninho, técnico, demitido, e Lindomar, meia, dispensado.

Quem pode sair: Chiquinho, Róbston e Weslley.

Goiás:

Quem entra: Bernardo, ex-meia do Cruzeiro; Carlos Alberto, ex-meia do Atlético-MG; Hugo, ex-meia do Atlético-MG; Jonílson, ex-meia do Atlético-MG; Otacílio Neto, ex-atacante da Ponte Preta, e Pedrão, ex-atacante do Al Shabab e Barueri.

Quem pode vir: Álvaro, ex-zagueiro do Flamengo, e Júlio César, lateral-esquerdo do Fluminense.
Quem sai: Roberto, goleiro, para o Atlético-GO, e William, meia, para o Atlético-GO.

Quem pode sair: Daniel Lovinho, Jadilson, João Paulo e Rafael Toloi.

Atlético-PR:

Quem entra: Eli Sabiá, ex-zagueiro do Paulista; Ivan Gonzalez, ex-meia do Cerro Porteño; Maikon Leite, ex-atacante do Santos; Mithyuê, ex-meia do Grêmio; Oberdan, ex-volante do Marítimo; Paulinho, ex-lateral-esquerdo do Luverdense, e Thiago Santos, ex-atacante do Marília.

Quem pode vir: Dênis Marques, atacante do Flamengo; Guerrón, ex-atacante do Cruzeiro, e Schwenck, atacante do Vitória.

Quem sai: Lisa, lateral-direito, para o ABC; Valencia, volante, para o Fluminense, e Wallyson, atacante, dispensado.

Quem pode sair: Alan Bahia, Manoel e Rafael Moura.

Avaí:

Quem entra: Eltinho, ex-lateral esquerdo do Internacional, e Bruno, ex-volante do Bahia.

Quem pode vir: Dieguinho, lateral-esquerdo do Fluminense.

Quem sai: Rodrigo Thiesen, volante, para o Vila Nova; Uendel, lateral-esquerdo, para o Grêmio, e Hegon, meia, dispensado.

Quem pode sair: Vandinho e Dinelson.

Grêmio Prudente:

Quem entra: Deyvid Sacconi, ex-meia do Palmeiras.

Quem pode vir: Álvaro, ex-zagueiro do Flamengo.

Quem sai: Dênis, zagueiro, para o Neftchi; Tadeu, atacante, para o Palmeiras, e Wesley, meia, para o Neftchi.

Quem pode sair: Márcio e Fabiano Gadelha.

Ceará:

Quem entra: Bóvio, ex-volante do Al-Shabab; Clodoaldo, ex-atacante do Fortaleza; Dionantan, ex-goleiro do Ferroviário; Erivelton, ex-zagueiro do Fortaleza; Estevam Soares, ex-técnico do Botafogo; Eusébio, ex-lateral esquerdo do Fortaleza; Jorge Luiz, ex-zagueiro do Atlético-MG; Lopes, atacante, desempregado; Marcos Pimentel, lateral-direito, desmpregado, e Oziel, ex-lateral-direito do Tigres.

Quem pode vir: Thiago Martinelli, zagueiro do Vasco.

Quem sai: PC Gusmão, técnico, para o Vasco, e Sergio Alves, atacante, dispensado.

Quem pode sair: Adilson, Arlindo Maracanã, Bruno Santos e Edson.

Guarani:

Quem entra: Apodi, ex-lateral direito do Bahia, e Paulinho, ex-meia do XV de Piracicaba.

Quem pode vir: Carlinhos Paraíba, meia do São Paulo, e Rodrigo Tabata, meia do Besiktas.

Quem sai: Dão, atacante, dispensado, e Cleber Goiano, meia, dispensado.

Quem pode sair: Roger.

Vitória:

Quem entra: Evandro, ex-meia do Atlético-MG; Jonas, ex-lateral-direito do Botafogo-SP; Renan Oliveira, ex-meia do Atlético-MG, e Soares, ex-atacante do Cruzeiro.

Quem pode vir: Ivo, meia do Palmeiras.

Quem sai: Neto Berola, atacante, para o Atlético-MG.

Quem pode sair: Schwenck.

Um abraço galera!

Cristiano Soares.
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Números da Primeira Fase (48 jogos)



Olá amigos!

Acabou a primeira fase. Agora, segundo alguns comentaristas, "é que a Copa começa". E parece que foi ontem que começou, porém mais da metade das partidas já ocorreram. Na Copa do Mundo inteira, há 64 jogos; já foram 48 partidas!

Por isso, nada melhor do que alguns números apurados por mim, para termos uma conclusão exata.

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Gols:

1ª Rodada:

- 16 jogos.

- 25 gols.

- 1,56 gol de média de gols por jogo.

2ª Rodada:

- 16 jogos.

- 42 gols.

- 2,62 gols de média de gols por jogo.

3ª Rodada:

- 16 jogos.

- 34 gols.

- 2,12 gols de média de gols por jogo.

Primeira fase:

- 48 jogos.

- 101 gols.

- 2,10 gols de média de gols por jogo.

Equipes com mais gols marcados na Primeira Fase:

1° - Portugal, com 7 gols marcados e média de 2,33 gols por jogo.
2° - Argentina, com 7 gols marcados e média de 2,33 gols por jogo.
3° - Holanda, com 5 gols marcados e média de 1,66 gols por jogo.
3° - Alemanha, com 5 gols marcados e média de 1,66 gols por jogo.

Obs: Portugal foi colocada em primeiro porque não sofreu gols.

Equipes com menos gols marcados na Primeira Fase:

1° - Honduras, com nenhum gol marcado na primeira fase e média de 0 gol por jogo.
1° - Argélia, com nenhum gol marcado na primeira fase e média de 0 gol por jogo.
2° - França, com 1 gol marcado na primeira fase e média de 0,33 gol por jogo.
2° - Coreia do Norte, com 1 gol marcado na primeira fase e média de 0,33 gol por jogo.
2° - Suíça, com 1 gol marcado na primeira fase e média de 0,33 gol por jogo.
3° - Grécia, Sérvia, Camarões, Gana, Nova Zelândia e Inglaterra, com 2 gols marcados na primeira fase e média de 0,66 gol marcado por jogo.

Equipes com mais gols sofridos na Primeira Fase:

1° - Coreia do Norte, com 12 gols sofridos na primeira fase e média de 4 gols sofridos por jogo.
2° - Coreia do Sul, com 6 gols sofridos na primeira fase e média de 2 gols sofridos por jogo.
2° - Austrália, com 6 gols sofridos na primeira fase e média de 2 gols sofridos por jogo.
2° - Dinamarca, com 6 gols sofridos na primeira fase e média de 2 gols sofridos por jogo.
3° - África do Sul, Grécia, Nigéria, Camarões, Eslováquia e Itália, com 5 gols sofridos na primeira fase e média de 1,66 gol sofrido por jogo.

Equipes com menos gols sofridos na Primeira Fase:

1° - Uruguai, com nenhum gol sofrido na primeira fase e média de 0 gol sofrido por jogo.
1° - Portugal, com nenhum gol sofrido na primeira fase e média de 0 gol sofrido por jogo.
2° - Argentina, com 1 gol sofrido na primeira fase e média de 0,33 gol sofrido por jogo.
2° - Inglaterra, com 1 gol sofrido na primeira fase e média de 0,33 gol sofrido por jogo.
2° - Alemanha, com 1 gol sofrido na primeira fase e média de 0,33 gol sofrido por jogo.
2° - Holanda, com 1 gol sofrido na primeira fase e média de 0,33 gol sofrido por jogo.
2° - Paraguai, com 1 gol sofrido na primeira fase e média de 0,33 gol sofrido por jogo.
2° - Suíça, com 1 gol sofrido na primeira fase e média de 0,33 gol sofrido por jogo.
3° - México, Argélia, Gana, Japão, Nova Zelândia, Brasil, Espanha e Chile, com 2 gols sofridos na primeira fase e média de 0,66 gol sofrido por jogo.

Grupos com mais gols marcados na Primeira Fase:

1° - Grupo B (Argentina, Nigéria, Coreia do Sul e Grécia), com 17 gols.
1° - Grupo G (Brasil, Coreia do Norte, Costa do Marfim e Portugal), com 17 gols.
2° - Grupo E (Holanda, Dinamarca, Japão e Camarões), com 14 gols.
3° - Grupo F (Itália, Paraguai, Nova Zelândia e Eslováquia), com 13 gols.
4° - Grupo D (Alemanha, Austrália, Sérvia e Gana), com 12 gols.

Grupos com menos gols marcados na primeira Fase:

1° - Grupo H (Espanha, Suíça, Honduras e Chile), com 8 gols.
2° - Grupo C (Inglaterra, Estados Unidos, Argélia e Eslovênia), com 9 gols.
3° - Grupo A (África do Sul, México, Uruguai e França), com 11 gols.
4° - Grupo D (Alemanha, Austrália, Sérvia e Gana), com 12 gols.

As seleções com maior aproveitamento:

1° - Argentina, com 100% de aproveitamento dos pontos.
1° - Holanda, com 100% de aproveitamento dos pontos.
2° - Uruguai, com 77,8% de aproveitamento dos pontos.
2° - Brasil, com 77,8% de aproveitamento dos pontos.
3° - Alemanha, com 66,7% de aproveitamento dos pontos.
3° - Japão, com 66,7% de aproveitamento dos pontos.
3° - Espanha, com 66,7% de aproveitamento dos pontos.
3° - Chile, com 66,7% de aproveitamento dos pontos.

As seleções com menor aproveitamento:

1° - Camarões, com 0% de aproveitamento dos pontos.
1° - Coreia do Norte, com 0% de aproveitamento dos pontos.
2° - França, com 11,1% de aproveitamento dos pontos.
2° - Nigéria, com 11,1% de aproveitamento dos pontos.
2° - Argélia, com 11,1% de aproveitamento dos pontos.
2° - Honduras, com 11,1% de aproveitamento dos pontos.
3° - Itália, com 22,2% de aproveitamento dos pontos.

Comparações com outras Copas do Mundo com baixa média de gols:

Os 48 primeiros jogos da Copa do Mundo de 1990:

- 48 jogos.

- 107 gols.

- 2,22 de média de gols por jogo.

Os 48 primeiros jogos da Copa do Mundo de 2002:

- 48 jogos.

- 130 gols.

- 2,70 de média de gols por jogo.

Os 48 primeiros jogos da Copa do Mundo de 2006:

- 48 jogos.

- 117 gols.

- 2,43 de média de gols por jogo.

Conclusões:

- A Copa do Mundo melhorou, é verdade, e até tem mais emoção. Nesse quesito, pode superar a Copa de 1990. Mas no quesito média de gols por jogo, continua a pior da história, com pífios 2,10 gols por jogo. A pior é a Copa de 1990, com 2,20 gols por partida.

- Se na segunda rodada a média de gols melhorou, na terceira voltou a despencar.

- Os melhores grupos, mais interessantes de se assistir, não apenas por gols, mas também por emoção, foram para mim os grupos B, o grupo E, o grupo D e o grupo F.

- A pior seleção que passou de fase, segundo os números, foram o México, a Coreia do Sul, Gana, Eslováquia e Inglaterra. Essa última marcou apenas 2 gols.

- Os finalistas da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, foram Itália e França, dois grandes rivais. Talvez pela tradição de ambos em crescer durante a competição, foram eliminados. Acharam que poderiam ganhar na hora que quiserem. A França fez bons 15 minutos finais contra a África do Sul, e o mesmo pode-se dizer da Itália. Outro fator ainda mais humilhante é que ambas ficaram em último em respectivos grupos. A França marcou apenas 1 gol e sofreu 4, a pior campanha de longe entre as duas. Mas a Itália também deixou a desejar, principalmente no aspecto defensivo. Em toda a campanha de 2006, sofreu apenas dois gols. Nesta Copa da África, no entanto, alcançou essa marca com apenas 2 jogos, e levou 5 em toda a primeira fase. A França levou 3 gols em 2006, e ao final de 3 partidas, levara 4 gols.

- A África, em geral, fracassou. Das 6 seleções presentes inicialmente na Copa, apenas uma, Gana, avançou para as oitavas. Juntas, marcaram 14 gols em 18 jogos, uma média de apenas 0,77 gols por partida. E levaram 22 gols em 18 jogos, uma média de 1,22 gols sofridos por partida. A fim de comparação, todas as equipes sul-americanas juntas marcaram 22 gols em 15 jogos, média de 1,46 gol por jogo, e levaram só 6 gols na mesma quantidade de partidas, obtendo uma média de 0,4 gol sofrido por jogo.

Um abraço para todos,

Cristiano Soares.
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Quando o nazismo matou um craque



Olá amigos!

Vou dar continuidade à série que eu faço há algum tempo, sobre as guerras e o futebol. Você já viu, aqui, quando falei sobre a guerra e o futebol, os jogadores que foram prejudicados nos anos 1940 por não poderem disputar uma Copa (aqui), e já viu também algumas táticas que se desenvolveram durante a segunda guerra mundial (aqui).

Hoje, quero falar de um caso poucas vezes falado pela imprensa, e tampouco é falado quando estamos na escola, aprendendo sobre o nazismo.

Falo do assasinato de Matthias Sindelar pelo führer, o Hitler.

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Matthias Sindelar. Um nome simples para aqueles nomes confusos austríacos, mas no futebol, não era simples. Longe disso. Era um monstro.

Poucos sabem, mas a seleção austríaca era a grande potência do mundo todo nos anos 1930; era chamada de Wonderteam. Havia alguns grandes jogadores, como o artilheiro Bican, a muralha Raftl, e o zagueiro Schmaus, mas nenhum chegava aos pés do cerebral meia-atacante Sindelar.

Rápido, habilidoso, chutava bem com as duas pernas, e era disputado já por alguns clubes europeus, mas não. Preferiu ficar no seu clube de coração, o Austria Viena, por qual defendeu 13 anos de sua vida, de 1926 a 1939.

O "homem de papel", como era conhecido devido à sua elasticidade, ganhou duas Copas Mitropa, a precursora da Liga dos Campeões, e também um campeonato austríaco. Mas foi na seleção austríaca que ganhou renome internacional. De 1930 a 1933, a seleção austríaca disputou 16 partidas, e atingiu a bagatela de 13 vitórias, 2 empates e 1 derrota, para Inglaterra, saindo aplaudida por quase ter vencido o jogo. Além disso, marcara 52 gols, uma média de mais de 3 gols por partida.

Na Copa de 1934, Sindelar jogou a primeira partida contra a França, e logo anotou o seu. Depois, nas quartas de finais, fez de tudo, dando diversos passes que poderiam ser gol. Não anotou o seu, mas foi o melhor em campo contra a Hungria. Mas a Áustria acabou eliminada quando enfrentou a anfitriã Itália (isso mesmo, a que jogava, e se perdesse, morreria). Isso, aliado à marcação desleal de Monti sobre Sindelar, eliminou as chances austríacas no mundial. Tanto que Sindelar nem jogou na disputa de terceiro lugar, pois saiu lesionado.

Então, Sindelar continuou jogando seu futebol alegre e vistoso, pelo seu time Austria Viena. Até que chegaram as eliminatórias para o mundial de 1938, a ser disputado na França. Sindelar participou das eliminatórias pelo Wonderteam, e como era de se esperar, logo a Áustria esteve classificada.

Mas é aí que começa tudo. Se alguns sabem de história, já devem saber o que aconteceu no dia 13 de março de 1938; para os que não sabem, um breve resumo: a Alemanha, vizinha da Áustria, vivia sob um regime ditatorial de Adolf Hitler. O führer convidou o líder do partido nazista austríaco, Arthur Seyss-Inquart, para um jantar na casa dele. Então os dois trocaram algumas ideias, se tornaram amigos, até que no dia 13 de março de 1938, Seyss-Inquart anunciou a unificação da Áustria com a Alemanha. Então, a economia alemã melhorou, a vida melhorou, e um país a menos no mundo...

No entanto, isso também trouxe mudanças no futebol. Se tudo fosse simples, os craques austríacos jogariam sem problemas na seleção alemã. E isso até que aconteceu em parte, porque Raftl, Pesser, Mock, Hahnemann e Mock, antigos integrantes do Wonderteam, foram para a seleção alemã, a Nationaelf. Mas e Matthias Sindelar?

Sindelar era um homem de ouro. Não aceitava o regime ridículo, o preconceito obrigatório contra os negros, homossexuais, e, principalmente, judeus - até porque Sindelar era um. Como se não bastasse ser judeu, ainda era social-democrata. Oh, os nazistas ouviram isso. Matar? Estraçalhar? Trabalhos forçados? Depende. Se ele aceitasse defender a sua nova pátria, isso logo se esqueceria, e ele se tornaria um alemão legítimo. Mas Sindelar não era nazista! Odiava isso, e se recusou a defender essa seleção ridícula.

Hitler ficou louco; como pode, um jogador de futebol, profissão tão ridícula, não aceitar seu poder? Irado, acionou a Gestapo. Começaram a investigá-lo, e descobriram, também, uma partida entre Alemanha x Áustria, para comemorar a unificação, em abril de 1938, na qual Sindelar jogou por todos, foi o melhor em campo, e ao fazer um gol se dirigiu às tribunas onde estavam Adolf Hitler e seus comparsas. Começou a dançar, desrespeitando o ditador no meio dos alemães.

E também não aceitava as convocações, como foi dito antes. Com isso, a Gestapo, depois de muita investigação, decidiu dar um fim nele, com a justificativa de mau-exemplo para o povo austríaco - afinal, ele era um ídolo. Para ninguém desconfiar, esperariam 6 meses depois do fim da Copa do Mundo.

E então, Sindelar e sua namorada, coitada, foram mortos a pedido de Hitler. Intoxicados por monóxido de carbono, em seu próprio apartamento. E o homem que desafiou o nazismo estava morto. Perdera uma batalha, como se tivesse perdido para um adversário mais forte que ele. Como jogador, não bastava só um para lhe marcar. Eram preciso vários para tentar ter alguma chance com ele. O nazismo era exatamente o que podia vencê-lo. Vários jogadores, fortes, que usavam armas desleais dentro de jogo. E, abatido em seu quarto, enquanto estava dormindo, não teve tempo de usar sua agilidade, e sair correndo. Ou mesmo driblar os generais nazistas - nada disso foi possível.

E o maior jogador dos anos 30 acabara de morrer. Mas a memória dele, suas jogadas, quem o viu, nunca irá esquecê-lo. O maior austríaco de todos os tempos. Matthias Sindelar.

Túmulo de Sindelar, na Áustria. Foi enterrado ao lado de Beethoven. Talvez porque Sindelar era o Beethoven do futebol.



Placa em sua homenagem, na sua antiga casa na Áustria. Tradução, de acordo com o Google Translator e com minhas correções:

"Nesta casa, morreu no dia de 23 de janeiro de 1939, em circunstâncias pouco claras, o Rei do futebol de Viena, Matthias Sindelar, apelidado de "O homem de papel". Sindelar, nascido em 10 de fevereiro de 1903, em Kozlau (hoje Kozlov, na República Checa), foi durante anos o coração e a cabeça do Austria Viena e do legendário Wonderteam austríaco.

Dedicado pelo Austria Viena, da Áustria, em maio de 2008"

Um abraço,

Cristiano Soares.
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Didi, o príncipe etíope (1961)



Olá amigos!

Estou preparando um post sobre a morte de um jogador por Hitler durante a segunda guerra mundial.

Mas como estou fazendo os preparativos para o jogo do Brasil, não vai ser possível escrever nada por agora.

Por isso, vou colocar aqui uma crônica de Armando Nogueira, que fala sobre o jogador Didi, um monstro. Ainda que não seja de minha autoria, este texto é uma raridade, pois é de 1961.

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Sentado em um carrinho de mão, ouvia, horrorizado, a conversa de seu pai com o médico, na sala de visitas: era melhor amputar logo a perna, o tumor começava a ficar roxo, o joelho não parava de inchar - acabaria morrendo de gangrena.

Quatro dias antes, o garoto (14 anos) estava perfeito. Mas, numa pelada de bola de meia, um desses beques da roça que chutam de olhos fechados, três vezes maior que ele, acertara-lhe um tremendo pontapé no joelho. Na tarde seguinte, o abscesso era tão grande que o médico não via outra saída senão cortar a perna. Não cortou porque a preta Creusolina resistiu, prometendo curá-lo com massagens de sebo de rim de carneiro.

Ao cabo de seis meses de sofrimentos, livrou-se da cadeira de rodas e das muletas e pôde acompanhar a procissão de Nossa Senhora das Dores, caminhando com os próprios pés. Ia puxando da perna, que ficara sensivelmente mais curta que a outra.

Em 1950, quando já se insinuava no futebol carioca, jogando na seleção de novos que inaugurou o Maracanã, Didi, então com 22 anos, ainda capengava um poquinho - a perna direita continuava um centímetro mais curta que a esquerda. Hoje, está perfeitamente recuperado e aquela perna, condenada à amputação e salva pela abençoada terapêutica de sua avó, acabou por converter-se no instrumento essencial de sua glória e fortuna: com ela, inventou a folha-seca e os passes de curva, fascinante obra de técnica pessoal que eleva o futebol às culminâncias da arte.

Didi, negro esguio, de 32 anos, pescoço longo à Modigliani, nascido na cidade de Campos, no Estado do Rio, é, seguramente, o jogador mais controvertido do moderno futebol brasileiro. Conheci-o por volta de 1948, na modesta equipe suburbana do Madureira, desfiando um futebol de mil talentos para o chute, o passe e sobretudo para o drible; driblava alegremente, tinha o gosto infantil do floreado. E, como era bem dotado fisicamente, suas ações de bola revestiam-se de grande beleza plástica.



A lição dos campos desenvolveu-lhe ainda mais o conhecimento instintivo da bola a que chama, carinhosamente, de criança ("Não maltratem a criança" - costuma dizer aos jogadores de estilo rombudo.). Mas a vida modificou-lhe a alma e o futebol, tornando-o homem amargo e craque esquivo.

Uma noite, conta-se com reserva, Didi, recém-casado, acordou em sobressalto; tinha o pijama e o lençol ensopados de querosene. Alguns minutos mais e teria morrido queimado, vítima de uma crise de ciúmes que acometera a mulher com quem mal iniciava a primeira experiência conjugal, experiência ali mesmo encerrada para sempre. Anos depois, voltaria a sofrer muito nas especulações e irreverências de jornais e torcedores em torno de sua vida particular: um gol perdido, um passe defeituoso, tudo era pretexto para alusões insultuosas ao romance que entretinha com a moça que hoje é sua mulher, Guiomar, e a quem, segundo confessa, deve todos os estímulos para que pudesse continuar no futebol e chegar a campeão do mundo.

Esses episódios penosos da área sentimental seguramente terão traumatizado a evolução de um estilo voltado para o futebol alegre, festivo.

Didi nunca teve o carinho unânime das arquibancadas; é, no campo, um jogador solitário, inteiramente preocupado com a arte e a ciência de seu futebol, alheio às paixões do público. E aí está o segredo de sua incompatibilidade com a torcida, sempre hostil a ele. O ideal do torcedor é o craque cem por cento atleta, o competidor, o guerreiro olímpico - e ele não é isso. Didi é um artista a quem repugna o entrechoque e desgosta o corpo-a-corpo da bola dividida. Seu ritmo é intermitente, descontínuo, embora terrivelmente eficiente. Ele produz para a equipe, encanta o espectador, mas exaspera o torcedor intolerante e apaixonado, antes, durante e depois da partida. Por isso, jamais será ídolo de multidões; há de ser, sempre, um craque de elites. Didi não sabe cortejar o público, jogando no tom emocional que incendeia a multidão dos estádios. Prefere jogar fria e linearmente, embora pudesse encher o campo com a riqueza esférica de seu futebol. Sua glória está na magia de um passe: o toque de efeito, criando espaços e trajetórias com a bola, dá-lhe a satisfação integral nesse esporte apaixonante. Chuta a bola prensada contra o chão, buscando os efeitos, e, com isso, simplifica a equação de um gol. Tem a obsessão do passe, no que se revela um altruísta, pois parece indiscutível ser o passe a expressão máxima da solidariedade no futebol.

Com as artes de uma balística indecifrável, Didi consegue vincular o passe longo à essência do jogo, revolucionando a teoria tradicional de que só o passe curto é capaz de provocar o desequilíbrio do adversário (e "o desequilíbrio é a única concepção válida no futebol").

É jogador de admirável versatilidade, mas sua fixação tem sido, nos últimos anos, o passe de curva que executa com grande precisão, a qualquer distância. Contra os franceses, na Copa do Mundo, um crítico sueco contou 40 passes de Didi, todos de efeito e com irrepreensível pontaria. A bola serpenteia entre os adversários, queimando a grama e vai parar, submissa, ao alcance do companheiro. Mas corre tão repassada de efeito que a operação de dominá-la transforma-se em difícil problema mesmo para jogador de técnica apurada. Daí porque Didi tem a preocupação de fazer com que a bola fique, madurinha e sem efeito, a meio metro do destinatário, poupando-lhe a tarefa de controlar, ou, para usar a terminologia dos jogadores, de "limpar a bola."

O passe de curva não é, como se pode imaginar, uma obra de inteligência intuitiva. Nasceu de uma necessidade profissional, de um sofrimento. Em 1952, Didi machucou o tornozelo e não conseguia ficar bom. Ia a campo, diariamente, tentando um jeito de bater na bola sem magoar o pé. Descobriu, um dia, que chutando com a base dos artelhos e não rigorosamente com o peito do pé, como manda o figurino, não sentia absolutamente nada. Concentrou-se, então, no treinamento dessa estranha deformação do chute perfeito, que é bater na bola quase com a ponta do pé, utilizando como superfície de impacto, principalmente, a base do dedo grande e seus dois vizinhos mais próximos. A princípio, estranhou o peso da bola que é muito mais sentido na ponta do que no meio do pé. Depois, começou a busca do efeito, justamente para atenuar o esforço da alavanca. E começou a chutar de raspão, desviando o pé para um lado ou para o outro, tal como se faz com o taco para imprimir efeitos à bola de bilhar (por sinal, Didi é muito bom em bilhar francês, notadamente nas bolas de efeito). A perfeição da jogada viria com a prática. Hoje, ele é capaz de dar à bola dois efeitos distintos e simultâneos chutando de raspão e prensando-a contra o chão. ("Ela sai completamente zarolha" - diz, com orgulho.)

Didi não consegue mais se libertar do chute em sustenido. Às vezes, experimenta o convencional, isto é, atingir a bola em cheio, de frente e com o peito do pé, mas não tem jeito. Os reflexos já estão de tal maneira condicionados àquela ação enviesada que mesmo o passe curto lhe sai com efeito - e o passe curto, pela natureza da situação em que se produz, deve ser rápido, preciso e, sobretudo, puro (nas tabelinhas, por exemplo).

O movimento da perna para a execução do passe de efeito criou, com os anos, um pequeno problema para Didi: há algum tempo, o médico Hilton Gosling advertia-o para uma leve atrofia num dos músculos da coxa, possivelmente decorrente da má distribuição de trabalho no grupo muscular. Em compensação, resultaram fortalecidos a musculatura do pé e os ligamentos da articulação, com o que ficou Didi menos sujeito a um acidente grave e comum em nosso futebol de campos tão maltratados - a entorse (distensão violenta dos ligamentos).



Circunstância desfavorável ao passe de curva é a bola molhada. A bola aumenta de peso, exigindo maior esforço e se prejudica, assim, a conta do lance. Esse problema, aliás, pode ser arrolado entre outros de ordem técnica e psicológica que conspiraram contra o êxito de Didi na Espanha, onde o campeonato é disputado em pleno inverno. Didi causou algumas decepções ao Real Madrid quando tentava o passe de curva ou o famoso chute chamado folha-seca que não é senão uma variante da jogada original; na folha-seca, a bola é chutada pelo ar e, como leva alta dose de efeito, descai, subitamente, no meio da trajetória, surpreendendo o goleiro.

Jogada em que também se fez mestre é o pênalti, cujo segredo, contudo, não está na bola que é chutada com a face interna do pé, sem efeitos. Didi toma distância de três passos, bem medidos, e, ao se aproximar da bola, precisamente na última passada, estanca uma fração de segundo para observar, num relance, como repercutiu o goleiro a sutil freada. E como, invariavelmente, o goleiro deixa de perceber o lado para o qual saltará, o chute parte suavemente para o canto oposto.

Durante a Copa do Mundo de 1958, na Suécia, e recentemente na Espanha, Didi era com frequência solicitado a fazer demonstrações para jogadores, técnicos e jornalistas. Em Estocolmo, um cinegrafista de Hamburgo lhe ofereceu cem mil cruzeiros para que se deixasse filmar chutando de efeito. Didi achou pouco, contrapropôs 200 mil, justificando que gostaria de ratear o dinheiro com os colegas de delegação. Mas nem por isso o cinegrafista deixou de obter parte do que pretendia, pois, nos treinos do Brasil, ficava discretamente a filmar, em câmara lenta, a técnica do seu autor preferido.

Didi é o melhor exemplo brasileiro de um craque que aprendeu a disciplinar a sua técnica, jogando, com brilhante rendimento, um futebol que vem do instinto e da reflexão. Ele sabe, como poucos no mundo, mobilizar as suas potencialidades; no instante de um drible de corpo ou de uma tabelinha (são inesquecíveis as tabelinhas que executava com Pelé no Sul-Americano de 1959, em Buenos Aires), no momento de um contrapé, Didi é maravilhosamente medular, irresistível; na execução de um passe longo, e cerebral, científico. Tem perfeita noção espacial, e como possui, também, profundo conhecimento do jogo e da posição dos jogadores, é capaz de criar uma situação excepcional de gol que aparentemente não existia. É esta, sem dúvida, a grande virtude que distingue o gênio do simples talento no futebol - a capacidade de antever a jogada. Didi, como Pelé, por exemplo, é tão extraordinário no mistério da antevisão de um lance que em certos momentos chega a fazer do futebol um jogo irreal.

É comum ouvir-se que Didi joga displicentemente, e, no entanto, ninguém se confessa mais responsável do que ele no futebol brasileiro. Na véspera da final contra a Suécia, em 58, não dormiu um minuto sequer, mentalizando o jogo como um enxadrista. A aparente frieza com que surge no campo esconde, apenas, um temperamento de rara emotividade controlado à custa de grande força de vontade. Didi é um passional que se consome no jogo e na véspera do jogo; que reza antes de entrar em campo e faz promessas fervorosas pela vitória. Em 1957, saído campeão pelo Botafogo, foi do clube para casa a pé, caminhando mais de quatro quilômetros em pagamento de uma promessa; dois dias depois tomou um avião para ir depositar na sala de milagres da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, na Bahia, a camisa com que jogara. É supersticioso; sua melhor história no gênero superstição ocorreu na Suécia: ao entrar no ônibus, no dia da final da Copa do Mundo, encontrou ele seu lugar ocupado pelo professor Carvalhaes, o psicólogo da delegação. Pensou pedir-lhe, delicadamente, que saísse; o banco vinha dando sorte. Nos cinco jogos de classificação, sentara naquele lugar. Lembrou-se de que não podia se confessar um supersticioso justamente ao homem posto na embaixada para libertar os jogadores de todos os complexos. Mas o temor aos fados era mais forte e Didi arriscou, batendo no ombro do professor.
- Me desculpe, professor, mas esse lugarzinho está regulando para mim. Não leve a mal, mas eu tenho sentado aí e nós ganhamos todas.
O psicólogo deu um pulo do banco, com ar de que fora surpreendido a cometer uma grave imprudência contra seu próprio destino, e mais que depressa, foi sentar no seu lugar de sempre, que também vinha regulando.

Didi, craque felino, que calça 40 no pé esquerdo e 41 no pé direito; que tem um par de chuteiras num museu do Peru e outro, modelado em gesso, numa vitrina de troféus de futebol na Suécia; que, um dia, encerrou uma batalha campal entre jogadores brasileiros e uruguaios (Buenos Aires, 1959), surgindo no ar, como um gato, e desferindo um pontapé que aterrou três desafetos de uma vez; que jamais sofreu uma distensão muscular e que, por amor do futebol, amarra as chuteiras com um simples laço de sapato.

Didi, homem esquivo, de chute oblíquo e dissimulado como o olhar de Capitu.

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Um abraço!
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Quiz da Copa do Mundo de 1970



Olá amigos...

...venho hoje para iniciar um quiz sobre a Copa do Mundo de 1970, aproveitando o fato de no dia 21 de junho ter sido o aniversário de 40 anos.

Então nada melhor do que fazer uma espécie de Quiz, para testar seus conhecimentos sobre a Copa do Mundo de 1970, uma das melhores da história.

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Perguntas:

1 - Quantos jogadores do Brasil foram eleitos para a seleção do torneio?

2 - Quem foi considerada a "revelação do torneio", e de qual país o jogador era?

3 - Em uma partida no mata-mata, houve o que pode ser considerado o jogo mais emocionante da história das Copas. Que jogo era esse?

4 - Quais eram os 11 titulares do Brasil?

5 - Quem levou o primeiro cartão amarelo da história das Copas?

6 - "Podem preparar o champanhe". O autor dessa frase, antes da final, foi jogador da Itália ou do Brasil?

7 - Quem foi o jogador que recebeu o apelido de "Patada atômica" durante a Copa, na seleção brasileira?

8 - Dos jogadores em campo na final contra a Itália, qual era o mais jovem em campo pelo Brasil?

9 - Quem foi o artilheiro da Copa?

10 - A preparação brasileira foi conturbada, cheia de desconfianças, principalmente porque o técnico anterior foi demitido 2 meses e meio antes da Copa. Ele fazia um bom trabalho, e foi demitido por motivos políticos. Quem foi esse técnico demitido?

11 - O Peru foi uma grande seleção nesta Copa, e chegou nas quartas de finais, até ser eliminado pelo Brasil. O craque da equipe era Cubillas, mas qual era o técnico brasileiro dessa seleção?

12 - Quem foi o único jogador até hoje a conseguir marcar gols em todas as partidas de uma Copa do Mundo?

13 - O Brasil foi responsável por um dos gols mais bonitos da história das Copas, na final contra a Itália. Quem marcou esse tento famoso: Pelé, Gérson, Jairzinho ou Carlos Alberto Torres?

14 - Os treinos brasileiros durante a Copa de 1970 eram abertos ou fechados?

15 - Pelé ficou conhecido nesta Copa por ter protagonizado grandes lances, mas que não tornaram-se gols. Em uma dessas pinturas, ele dribla o goleiro com o corpo, mas bate para fora; quem foi o adversário do Brasil nesta ocasião?

16 - Uma foto tirada durante o jogo Brasil x Inglaterra, em 1970, é uma foto símbolo entre o respeito dos dois times. Nela, um jogador negro e um branco se abraçam carinhosamente. Quais eram os jogadores que se abraçavam?

17 - Um jogador que estava jogando como titular pelo Brasil ganhou uma estrela na bandeira de seu clube por ter sido campeão mundial. Quem foi esse jogador?

18 - O Brasil teve um clássico caso de jogadores que faziam a própria tática. Antes do mundial, alguns jogadores de ataque do Brasil reuniram-se e montaram uma tática que privilegiasse o jogo de ambos. Deu certo. Quais foram esses jogadores?

19 - Quem foi eleito o melhor jogador da Copa?

20 - Depois do fracasso de 1966, quando foi eliminada na primeira fase, a seleção mostrou importante renovação para 1970. Em relação à estreia, quantos jogadores mudaram de 1966 para 1970?

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Respostas (estão em letras brancas, então basta selecionar o texto com o mouse para poder ver as respostas):

1 - 6 jogadores brasileiros foram incluídos na seleção do torneio da FIFA, e foram eles: Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Gérson, Jairzinho, Rivellino e Pelé.

2 - A revelação do torneio foi Clodoaldo, lendário volante do Santos, com apenas 20 anos e eleito para a seleção da Copa.

3 - O jogo foi pelas semifinais, quando Itália e Alemanha se enfrentaram. O placar final foi 4 a 3 para a seleção italiana. Houve um placar de 1 a 1 no tempo normal, e na prorrogação foram cinco gols, e indefinição até a última hora.

4 - Os 11 titulares do Brasil na Copa eram: Félix; Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gérson e Rivellino; Jairzinho, Tostão e Pelé.

5 - O primeiro cartão amarelo das Copas foi logo no jogo de abertura, entre México e União Soviética. O autor da "façanha" foi o soviético Lovchev, que atingiu forte Valdivia aos 31 minutos do primeiro tempo.

6 - O autor da frase foi um jogador italiano, Sandro Mazzola, que curiosamente já tinha jogado pelo Brasil em uma Copa, em 1958. Na partida, ele não jogou nada.

7 - Foi Rivellino quem recebeu esse apelido durante a Copa de 1970, quando mostrava seus potentes chutes. Os autores do apelido foram os torcedores mexicanos, apaixonados pelo Brasil.

8 - O jogador mais jovem em campo contra a Itália era Clodoaldo, com 20 anos.

9 - O artilheiro dessa Copa foi o lendário alemão Gerd Müller, autor de 10 gols.

10 - O técnico demitido pouco antes da Copa foi João Saldanha. Ele fazia grande trabalho, e deu muito entrosamento à equipe, colocando Tostão e Pelé para jogar juntos, coisa que muitos não faziam. Foi demitido, supostamente, porque provocou o presidente brasileiro à época, Antônio Médici.

11 - O técnico do Peru nesta Copa era Valdir Pereira, mais conhecido como Didi. Elegante, foi bicampeão em Copas pelo Brasil, e fez um grande trabalho, levando uma seleção não muito confiante para as quartas-de-finais da Copa, mostrando um futebol alegre.

12 - O detentor desse recorde é Jairzinho, que marcou 7 gols em 6 jogos, dois contra a Tchecoslováquia, e um em todos os outros jogos.

13 - O gol marcado contra a Itália, na final, foi de Carlos Alberto Torres. Foi um gol que mostrava o quão essa equipe era boa. Tostão voltou para marcar desarmou bem o jogador italiano, aí tocou para Piazza; este passou para Clodoaldo, que tocou para Pelé, que passou para Gérson. O carequinha tocou para Clodoaldo de volta, e ele efetuou uma sequência de dribles curtos, deixando para trás 4 jogadores italianos. Entao, passou para Rivellino, que deu um passe longo para Jairzinho. O botafoguense fez uma finta de corpo, e tocou para Pelé. Ele, sem olhar, tocou para Carlos Alberto Torres, que chegava de trás. A bola foi indo rasteira, até bater fraco em uma saliência do campo, deixando ela meio alta para Carlos Alberto Torres mandar uma bomba no canto direito de Albertosi. Golaço.

14 - Os treinos da maior seleção de todos os tempos para muitos, foram abertos, com acesso do público, que passou a torcer para a seleção brasileira com a precoce eliminação mexicana. Para a tristeza de Dunga.

15 - O adversário foi o Uruguai. Pelé recebeu um grande passe de Tostão, e saiu correndo em vertical, para encontrar-se com o goleiro. Na hora que Mazurkiewicz achou que Pelé ia pegar na bola, ele a deixou passar do outro lado, e o goleiro ficou completamente paralisado. Pelé, desequilibrado, bateu, mas a bola passou a 1 centímetro do gol.

16 - Os jogadores que protagonizaram essa cena linda foram Pelé, negro, e Bobby Moore, branquelo típico. Eles trocaram de camisas, e se abraçaram em seguida.

17 - O jogador que ganhou uma estrela na bandeira de seu clube, o Grêmio, foi Everaldo; gaúcho macho, foi um grande destaque defensivo dessa seleção. A estrela que ganhou é a dourada, e aparece nitidamente na bandeira oficial gremista.

18 - Os líderes da seleção, Tostão, Rivellino, Gérson e Pelé, se reuniram durante uma excursão à Europa, e fizeram uma tática, um 4-3-3, com Gérson mais atrás pelo meio, Tostão pela direita, Jairzinho na frente e Pelé como atacante, mas voltando para buscar o jogo.

19 - O melhor jogador da Copa, segundo a FIFA, foi Pelé.

20 - As mudanças foram realmente muitas, indo do goleiro aos atacantes. Dos 11 jogadores que estrearam na Copa de 1966, 9 jogadores mudaram para a estreia de 1970. Saíram veteranos como Garrincha, Djalma Santos, Bellini e Gilmar, e entraram jovens como Clodoaldo, Tostão, Carlos Alberto Torres, entre outros. Só "sobreviveram" Jairzinho e Pelé.

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Encerrado o quiz, agora alguns vídeos e fotos que ilustram bem as respostas:

Questão 3: Alemanha x Itália, semifinais da Copa de 1970.



Questão 4:

Da esquerda para a direita. Em pé: Carlos Alberto, Félix, Piazza, Brito, Clodoaldo e Everaldo; Agachados: Jairzinho, Gérson, Tostão, Pelé e Rivellino.

Questão 13:



Questão 15:



Questão 16:



Questão 17:

A estrela, no canto direito superior da bandeira, é em homenagem a Everaldo.


Termino aqui este quiz da Copa do Mundo de 1970. Nunca existirá nada igual, muito menos parecido, a esta seleção. Craques em todos os setores do campo, de Carlos Alberto Torres, passando por Gérson e indo de encontro para o rei Pelé. Há coisas que nunca serão repetidas, como alguém como Garrincha, Pelé, Rivellino, Carlos Alberto, etc. Alguns consideram essa seleção a maior de todos os tempos; têm motivos para afirmar isso. Eu não considero. Não considero nenhuma que não tem Pelé e Garrincha juntos, fazendo minhas as palavras de Fernando Calazans. Mas, inevitavelmente, essa seleção foi simplesmente monstruosa.

Um abraço,

Cristiano Soares.
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