segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Análise tática, e números interessantes do Fluminense

Emerson: um dos titulares da fantástica equipe tricolor.

Alguns poucos jogos tentaram, mas na 17ª rodada do Brasileirão, só deu Fluminense e São Paulo. Em meio à onda de empates chochos, sem graça, a penúltima partida antes do encerramento do Maracanã para o pó de arroz foi cheia de elementos interessantes, como o retorno de Washington contra o São Paulo, seu ex-clube, a expectativa pelo desempenho de Deco, Rogério Ceni, e mais alguns ingredientes que tornam certos jogos especiais.

Já devem saber que o resultado foi um empate com 4 gols, igualmente distribuídos entre os dois clubes. Os autores foram Deco, Rogério Ceni, Fernandão e Leandro Euzébio, exatamente nessa ordem. Houveram, também, dois grandes fatos que só contribuiram para a minha admiração ao futebol apresentado: o primeiro gol de Deco com a camisa do Fluminense e o 90° gol da carreira de Rogério Ceni, que vai se aproximando da marca de 100.

Quanto ao jogo, penso que no primeiro tempo o time carioca mostrou-se confuso em campo, sobretudo pela displicência tática de Belletti. Muricy Ramalho optou pelo esquema 4-5-1, e acho que ele desejava levar à seus comandados a distribuição tática predominante na Copa do Mundo, com 4 defensores, 2 volantes, 3 armadores e um atacante, o 4-2-3-1. No caso, indo direto ao meiocampo, ficariam Fernando Bob como volante pelo setor esquerdo e Diogo pela direita, vigiando Fernandinho. E, mais à frente, Deco ocupando a direita, Conca na esquerda, e Belletti como um camisa 10 central, formariam uma linha de 3 armadores. Não foi o que ocorreu; Belletti na verdade atuou como um terceiro volante, centralizado, pouco indo à frente - definitivamente, não sabia a sua função. Isso prejudicou o Fluminense a ter volume de jogo, e por isso não conseguiu pressionar o São Paulo em toda a primeira etapa. Até porque, quando Belletti saiu, o Fluminense passou a jogar melhor e dominou a segunda parte do jogo. Essa foi a minha visão tática.

No entanto, eu vim aqui, também, para apresentar-lhes alguns dados impressionantes. Ficou evidente que o Fluminense tivera dificuldades em reagir depois de um placar adverso, principalmente nos primeiros 45 minutos. Também pudera. Tem a segunda melhor defesa do campeonato, com 13 gols sofridos, média de menos de um gol contrário por jogo, de 0,7. Deixou de sofrer tentos em 6 partidas. Contudo, a informação mais impressionante é que foi apenas a segunda vez em que levou 2 gols em um jogo, enquanto o Corinthians, por exemplo, já alcançou essa marca negativa em 5 ocasiões.

A camisa tricolor; usando ela, jogadores de sua história podem chegar ao terceiro título nacional de sua história*, para representar as três cores.

E mais: só levou um gol antes de fazer em 3 oportunidades, das quais somente uma nas últimas 14 rodadas. Vem se tornado comum a cena do Fluminense inaugurando o placar.

Talvez por isso, quando saiu no intervalo perdendo pela primeira vez dentro do Maracanã, tenha ficado nervoso. E talvez seja isso que falte ao Fluminense, não perder, obviamente, mas também não se acomodar quando o resultado é bom para seu time. Isso aconteceu no domingo, quando abriu o placar com Deco.

Outro aspecto que tenho notado nessa equipe tricolor é que a equipe cresce bastante de produção na segunda etapa. Como eu não tinha visto muitos jogos do tricolor há um passado pouco distante, decidi pesquisar quantos gols o time marcou no segundo tempo desde a primeira jornada da competição. E cheguei à conclusão de que dos 30 gols marcados até agora, 19 foram anotados no segundo tempo.

Por isso, quando o Fluminense voltar à campo na quarta-feira, contra o Palmeiras, espere sempre um gol no segundo tempo. E, mais ainda, não espere um esquema tático igual ao dos últimos jogos. Muricy mostra uma faceta até então desconhecida, a capacidade de mudar a formação do time de acordo com o adversário. Foi assim contra o Goiás, frente o São Paulo, o Vasco, entre vários outros. Muito disso deve-se também aos desfalques - por contusão ou suspensão. Mas, nesse super elenco que o time vem montando, as baixas são, na verdade, altas. Incompetência à parte, meus parabéns à diretoria carioca.

Um abraço,

Cristiano Costa.

*contando com o torneio Roberto Gomes Pedrosa, que deu origem ao Brasileirão.

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