Análise tática, e números interessantes do Fluminense

Emerson: um dos titulares da fantástica equipe tricolor.

Alguns poucos jogos tentaram, mas na 17ª rodada do Brasileirão, só deu Fluminense e São Paulo. Em meio à onda de empates chochos, sem graça, a penúltima partida antes do encerramento do Maracanã para o pó de arroz foi cheia de elementos interessantes, como o retorno de Washington contra o São Paulo, seu ex-clube, a expectativa pelo desempenho de Deco, Rogério Ceni, e mais alguns ingredientes que tornam certos jogos especiais.

Já devem saber que o resultado foi um empate com 4 gols, igualmente distribuídos entre os dois clubes. Os autores foram Deco, Rogério Ceni, Fernandão e Leandro Euzébio, exatamente nessa ordem. Houveram, também, dois grandes fatos que só contribuiram para a minha admiração ao futebol apresentado: o primeiro gol de Deco com a camisa do Fluminense e o 90° gol da carreira de Rogério Ceni, que vai se aproximando da marca de 100.

Quanto ao jogo, penso que no primeiro tempo o time carioca mostrou-se confuso em campo, sobretudo pela displicência tática de Belletti. Muricy Ramalho optou pelo esquema 4-5-1, e acho que ele desejava levar à seus comandados a distribuição tática predominante na Copa do Mundo, com 4 defensores, 2 volantes, 3 armadores e um atacante, o 4-2-3-1. No caso, indo direto ao meiocampo, ficariam Fernando Bob como volante pelo setor esquerdo e Diogo pela direita, vigiando Fernandinho. E, mais à frente, Deco ocupando a direita, Conca na esquerda, e Belletti como um camisa 10 central, formariam uma linha de 3 armadores. Não foi o que ocorreu; Belletti na verdade atuou como um terceiro volante, centralizado, pouco indo à frente - definitivamente, não sabia a sua função. Isso prejudicou o Fluminense a ter volume de jogo, e por isso não conseguiu pressionar o São Paulo em toda a primeira etapa. Até porque, quando Belletti saiu, o Fluminense passou a jogar melhor e dominou a segunda parte do jogo. Essa foi a minha visão tática.

No entanto, eu vim aqui, também, para apresentar-lhes alguns dados impressionantes. Ficou evidente que o Fluminense tivera dificuldades em reagir depois de um placar adverso, principalmente nos primeiros 45 minutos. Também pudera. Tem a segunda melhor defesa do campeonato, com 13 gols sofridos, média de menos de um gol contrário por jogo, de 0,7. Deixou de sofrer tentos em 6 partidas. Contudo, a informação mais impressionante é que foi apenas a segunda vez em que levou 2 gols em um jogo, enquanto o Corinthians, por exemplo, já alcançou essa marca negativa em 5 ocasiões.

A camisa tricolor; usando ela, jogadores de sua história podem chegar ao terceiro título nacional de sua história*, para representar as três cores.

E mais: só levou um gol antes de fazer em 3 oportunidades, das quais somente uma nas últimas 14 rodadas. Vem se tornado comum a cena do Fluminense inaugurando o placar.

Talvez por isso, quando saiu no intervalo perdendo pela primeira vez dentro do Maracanã, tenha ficado nervoso. E talvez seja isso que falte ao Fluminense, não perder, obviamente, mas também não se acomodar quando o resultado é bom para seu time. Isso aconteceu no domingo, quando abriu o placar com Deco.

Outro aspecto que tenho notado nessa equipe tricolor é que a equipe cresce bastante de produção na segunda etapa. Como eu não tinha visto muitos jogos do tricolor há um passado pouco distante, decidi pesquisar quantos gols o time marcou no segundo tempo desde a primeira jornada da competição. E cheguei à conclusão de que dos 30 gols marcados até agora, 19 foram anotados no segundo tempo.

Por isso, quando o Fluminense voltar à campo na quarta-feira, contra o Palmeiras, espere sempre um gol no segundo tempo. E, mais ainda, não espere um esquema tático igual ao dos últimos jogos. Muricy mostra uma faceta até então desconhecida, a capacidade de mudar a formação do time de acordo com o adversário. Foi assim contra o Goiás, frente o São Paulo, o Vasco, entre vários outros. Muito disso deve-se também aos desfalques - por contusão ou suspensão. Mas, nesse super elenco que o time vem montando, as baixas são, na verdade, altas. Incompetência à parte, meus parabéns à diretoria carioca.

Um abraço,

Cristiano Costa.

*contando com o torneio Roberto Gomes Pedrosa, que deu origem ao Brasileirão.
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UEFA Champions League vai começar!


Sim, amigos, o maior torneio interclubes do mundo está prestes a começar, desta vez pela temporada 2010/2011. Em campo, craques como Cristiano Ronaldo, Messi, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Totti, e Sneijder, isso só pra citar alguns. Para se ter noção da grandeza da competição, alguns especialistas afirmam que ela é melhor e mais emocionante do que a Copa do Mundo.

Escrevi aqui no dia 16 de agosto, quando saíram os indicados a melhor jogador da Liga, meus palpites sobre cada vencedor em todos os setores.

E, pelo visto, acertei 4 dos 5 premiados, só errando quando afirmei que Robben fez um torneio melhor do que Sneijder - o que ainda mantenho. Robben foi sensacional, levou a equipe do Bayern de Munique nas costas, com uma técnica impressionante. Foi a sua melhor temporada desde que virou profissional, e lhe cabia o prêmio de melhor meiocampista. Abaixo, os vencedores:

Melhor goleiro:
Júlio César, da Inter de Milão.

Melhor defensor:
Maicon, da Inter de Milão.

Melhor meiocampista:
Sneijder, da Inter de Milão.

Melhor atacante:
Diego Milito, da Inter de Milão.

Melhor jogador do torneio:
Diego Milito, da Inter de Milão.

Além de premiar os jogadores, foram elegidos, também, as equipes que comporão a fase de grupos da competição, na qual 32 equipes divididas em 8 grupos disputarão as oitavas-de-finais. Darei meus tradicionais palpites sobre os classificados.

Grupo A:
Inter de Milão-ITA.
Werder Bremen-ALE.
Tottenham-ING.
Twente-HOL.

Grupo B:
Lyon-FRA.
Benfica-POR.
Schalke 04-ALE.
Hapoel Tel Aviv-ISR.

Grupo C:
Manchester United-ING.
Valencia-ESP.
Rangers-ESC.
Bursaspor-TUR.

Grupo D:
Barcelona-ESP.
Panathinaikos-GRE.
Copenhagen-DIN.
Rubin Kazan-RUS.

Grupo E:
Bayern de Munique-ALE.
Roma-ITA.
Basel-SUI.
Cluj-ROM.

Grupo F:
Chelsea-ING.
Olympique de Marselha-FRA.
Spartak Moscou-RUS.
Zilina-EVQ.

Grupo G:
Milan-ITA.
Real Madrid-ESP.
Ajax-HOL.
Auxerre-FRA.

Grupo H:
Arsenal-ING.
Shaktar Donetsk-UCR.
Braga-POR.
Partizan-SER.

Palpites:

Grupo A - A meu ver, esse é um dos grupos mais equilibrados da competição. Não quanto à primeira vaga, que será da Inter de Milão sem dúvida nenhuma. E sim referindo-se à disputa pela segunda vaga, que deve ser muito equilibrada. Não pense que o Twente é uma equipe medíocre, somente porque é holandês. Tem bons jogadores como Stoch, Douglas e Tioté. No mais, a batalha entre Tottenham e Werder Bremen, que darão muita importância quando forem se enfrentar. Há uma boa possibilidade de se esquecerem do Twente, que passaria às oitavas. Mas prefiro ficar com Inter de Milão e Tottenham, muito pela inspiração do galês Bale.

Grupo B - Outro selecionado marcado pelo equilíbrio, já que 3 boas equipes disputam somente duas vagas. O Tel Aviv, de Israel, deve ser carta fora do baralho. Penso que o Lyon vai se classificar, pois contratou bons jogadores como Gourcuff, e joga um futebol mais leve, mas ainda assim consistente. Na outra vaga, seria fácil optar pelo Schalke 04, de Raúl, ex-Real Madrid, por isso mesmo e também por ser um time alemão. No entanto, prefiro apostar no Benfica, que sempre me surpreende quando vejo em ação. Ramires saiu, mas é evidente que ele não era o grande destaque do time português. David Luiz ainda está lá, e junto com Saviola, Aimar e Cardozo, deverão alcançar a classificação. Lyon e Benfica.

Grupo C - Manchester United e Rangers devem polarizar as vagas. Não acredito na equipe do Valencia, já que perdeu seus dois melhores jogadores, os dois Davis, e também não tem muita regularidade - algo necessário na Champions League. Bursaspor não deve sequer conquistar um pontinho, já que entre os times turcos, é uma equipe de segundo escalão. O Rangers, escocês, não joga um futebol invejável, mas me parece o mais capacitado para conquistar a vaga. Manchester United e Rangers.

Grupo D - As vagas deverão ficar com o Barcelona, por ser a melhor equipe do mundo, e com o Rubin Kazan, uma equipe russa, mas que mostrou ter muito potencial, contratou Carlos Eduardo, além de ser a maior equipe da Rússia nos últimos anos. Um fato curioso é que na última temporada, as equipes também se encontraram na fase de grupos. E surpresa: o Rubin Kazan saiu invicto! E mais surpreendente ainda, conquistou a vitória diante de um Camp Nou lotado, com um gol que foi provavelmente o mais bonito da competição passada. Barcelona e Rubin Kazan.

Grupo E - Basel e o pequenino Cluj não dão motivos para que possamos acreditar em uma zebra. Até pelos centros dos quais pertencem, a Suíça e a Romênia. Então, penso que é consenso geral que a Roma de Adriano, Vucinic e Totti, juntamente com o Bayern de Munique, de Robben e Ribéry, vão avançar à fase seguinte.

Grupo F - O Olympique de Marselha, que como o Flamengo é muito desorganizado, palco de falcatruas e tudo mais, e que também como o rubro-negro carioca conquistou o título nacional na última temporada, deve pontuar mais que o Spartak Moscou. Uma das vagas já é do Chelsea. Todavia, não podemos nos esquecer das zebras que vieram na última temporada, e até de uma equipe russa, o CSKA Moscou, que chegou às quartas de finais. Chelsea e Olympique de Marselha.

Grupo G - Uma briga muito boa. Se por um lado temos o Real Madrid, de várias estrelas e bem reforçado, a meu ver, do outro temos o Milan, de Pato, Ronaldinho e agora Ibrahimovic. O Ajax não deve ser subestimado, pois tem bons valores individuais como Van der Wiel, Stekelenburg e Suárez. Mas, levando em conta a dificuldade que o Ajax teve para passar do Dinamo de Kiev, creio que devem passar os dois gigantes, Milan e Real Madrid, exatamente nessa ordem.

Grupo H - Mais uma vez, o Arsenal se deu bem, pegando um grupo relativamente fraco. O Partizan é boa equipe, e pode roubar alguns pontinhos dos outros adversários. A briga fica entre Shaktar Donetsk e Braga, equipes que apostam no poderio brasileiro. Acredito que, como grande acompanhador do futebol português, o Braga está mais apto para conquistar o acesso, pois apresenta um futebol consistente, mesmo que seja longe do futebol-arte. Só tem que ter calma com o goleiro Felipe, que falhou contra o Sevilla, e normalmente em decisões ou joga muito, ou falha bisonhamente. Braga e Arsenal.

Lógico que eu não acertarei todos os palpites, até porque meus pitacos não têm zebras relativamente grandes. Mas, ao menos, posso dizer: tentei!

Um abraço,

Cristiano Costa.
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Super Post - Números do Brasileirão


Olá amigos!

Como já devem saber, gosto muito de números. Durante a Copa do Mundo, não foram poucas as vezes que eu fazia uma espécie de atualização, explicando qual o melhor time de assistir, o que fez mais gols, a média de gols das equipes, da Copa, etc.

E, hoje, trago este modelo para o Brasileirão, onde espero poder publicar séries de números, como um típico matemático, onde estimarei qual é a pontuação ideal para se chegar ao título, escapar do rebaixamento, entre outras coisas. Tudo na frieza e eficiência dos números.

Tudo foi feito por mim. PLÁGIO É CRIME!

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Pontuação para o título

Como vocês devem saber, o Fluminense está caminhando a passos largos para o seu segundo título brasileiro de sua história, montando um elenco galáctico para os padrões brasileiros, repatriando bons jogadores como Deco e Emerson, sem contar o tão elogiado por mim Washington.

E se o momento nas Laranjeiras está bom, no Corinthians também, obrigado. Já há algum tempo não se aprofunda numa crise, cena constante nos últimos anos no Parque São Jorge. Nem mesmo a eliminação na Libertadores - logo no ano do centenário - abalou o ambiente de calmaria. Agora a missão, com a perda da Libertadores, é conquistar o título do Campeonato Brasileiro, e chegar ao restrito clube dos pentacampeões brasileiros. O Corinthians vem avançando bem até agora, com uma campanha excepcional dentro do Pacaembu.

Completam o G-4 até agora, com o encerramento da décima quinta rodada, o Botafogo e o Ceará. O primeiro, parece ter se encontrado com um ataque veloz e defesa segura. E a equipe nordestina vem se destacando pela defesa, que só levou 8 gols até agora - a melhor da competição.

Mas, enfim, qual a pontuação necessária para chegar ao sonhado título brasileiro? Isso que tentarei desvendar, analisando as participações dos últimos campeões brasileiros desde a implantação do sistema de pontos corridos. Vale lembrar que, como o Brasileirão atualmente tem 38 rodadas, as pontuações de equipes quando haviam 42 rodadas ou mais, como o Cruzeiro, foram abreviadas só contabilizadas até a trigésima oitava jornada. Sem mais, vamos à ação.

Campeonato Brasileiro de 2003:

No Campeonato Brasileiro de 2003, a primeira edição desde a implantação do sistema de pontos corridos para definir o vencedor, o ganhador foi o Cruzeiro, de Maldonado, Alex e Aristizábal. E chegou à histórica marca de 100 pontos alcançados, ao fim de 46 rodadas. Para adequar ao sistema atual, a pontuação do Cruzeiro só vai ser contada até a 38ª rodada - como explicado acima.

Vencedor - Cruzeiro.

Pontuação Final (46 rodadas) - 100 pontos.

Pontuação depois de 38 rodadas - 76 pontos.

Média de pontos por rodada - 2,0 pontos por rodada.

Vitórias até a 38ª rodada - 23 vitórias.

Empates até a 38ª rodada - 7 empates.

Derrotas até a 38ª rodada - 8 derrotas.

Aproveitamento em casa até a 38ª rodada - 19 jogos, 13 vitórias, 5 empates e 1 derrota. 57 pontos possíveis, 44 conquistados, aproveitamento de 77% dos pontos.

Aproveitamento fora de casa até a 38ª rodada - 19 jogos, 10 vitórias, 2 empates e 7 derrotas. 57 pontos possíveis, 32 conquistados, aproveitamento de 56% dos pontos.

Aproveitamento total até a 38ª rodada - 38 jogos, 23 vitórias, 7 empates e 8 derrotas. 114 pontos possíveis, 76 conquistados, aproveitamento de 67% dos pontos.

Como vimos, o Cruzeiro de 2003 era um fenômeno, que passou 40 das 46 rodadas na liderança. O aproveitamento em casa era bom, mas nada exorbitante, visto que empatou 5 vezes e perdeu para o Juventude, que brigou para não cair durante aquele ano. O diferencial, ao que parece, foi o ótimo percentual de pontos fora de casa, já que venceu mais de metade dos jogos, incluindo vitórias contra o Corinthians no Pacaembu.

Campeonato Brasileiro de 2004:

No Campeonato Brasileiro de 2004, conhecido por ser um dos mais emocionantes da história, era o Atlético-PR quem dava pinta de que ia ganhar, liderando por 11 rodadas seguidas, perdendo a liderança somente nas duas últimas rodadas, depois de uma sequência de dois resultados negativos. Portanto, se aquele Campeonato Brasileiro tivesse terminado ao longo de 38 rodadas, o vencedor seria o Atlético Paranaense, e não o Santos. Portanto, utilizarei como base o Atlético-PR.

Vencedor - Santos.

Líder até a 38ª rodada - Atlético Paranaense.

Pontuação final (46 rodadas) - 86 pontos.

Pontuação depois de 38 rodadas - 69 pontos.

Média de pontos por rodada - 1,81 ponto por rodada.

Vitórias até a 38ª rodada - 20 vitórias.

Empates até a 38ª rodada - 9 empates.

Derrotas até a 38ª rodada - 9 derrotas.

Aproveitamento em casa até a 38ª rodada - 19 jogos, 13 vitórias, 4 empates e 2 derrotas. 57 pontos possíveis, 43 conquistados, aproveitamento de 75% dos pontos.

Aproveitamento fora de casa até a 38ª rodada - 19 jogos, 7 vitórias, 5 empates e 7 derrotas. 57 pontos possíveis, 26 conquistados, aproveitamento de 46% dos pontos.

Aproveitamento total até a 38ª rodada - 38 jogos, 20 vitórias, 9 empates e 9 derrotas. 114 pontos possíveis, 69 conquistados, aproveitamento de 61% dos pontos.

Pudemos observar que o Campeonato Brasileiro edição 2004 foi mais equilibrado que o de 2003, dado o fato que nenhuma equipe deslanchou na frente, como o Cruzeiro, e Atlético Paranaense e Santos ficaram disputando ponto-a-ponto até o final do campeonato. O diferencial do campeão (até a 38ª rodada) Atlético-PR, pelo visto, foi a consistência que apresentava, e principalmente por um grande momento que viveu a partir da trigésima jornada, no qual emendou uma grande série de vitórias que o levaram ao título.

Campeonato Brasileiro de 2005:

O Campeonato Brasileiro de 2005, conquistado pelo Corinthians, ficou marcado como um dos melhores desde o início da era dos pontos corridos. Muitos só se lembram do escândalo da manipulação de resultados, mas se esquecem de que foi a despedida de Robinho, a temporada em que Rafael Sóbis, Fred e Tévez foram revelados ao mundo, sem contar a boa média de público e de gols. Além disso, Romário foi o artilheiro do campeonato já quarentão, e a disputa foi muito grande, levando em consideração que o campeão, o classificado para a Libertadores e os rebaixados só foram conhecidos na última rodada. Vamos à matemática.

Vencedor - Corinthians.

Líder até a 38ª rodada - Corinthians.

Pontuação final (42 rodadas) - 81 pontos.

Pontuação depois de 38 rodadas - 77 pontos.

Média de pontos por rodada - 2,02 pontos por rodada.

Vitórias até a 38ª rodada - 23 vitórias.

Empates até a 38ª rodada - 8 empates.

Derrotas até a 38ª rodada - 7 derrotas.

Aproveitamento em casa até a 38ª rodada - 19 jogos, 11 vitórias, 5 empates e 3 derrotas. 57 pontos possíveis, 38 conquistados, aproveitamento de 67% dos pontos.

Aproveitamento fora de casa até a 38ª rodada - 19 jogos, 12 vitórias, 3 empates e 4 derrotas. 57 pontos possíveis, 39 conquistados, aproveitamento de 69% dos pontos.

Aproveitamento total até a 38ª rodada - 38 jogos, 23 vitórias, 8 empates e 7 derrotas. 114 pontos possíveis, 77 conquistados, aproveitamento de 68% dos pontos.

E que surpresa! Aposto que ninguém aqui esperava que o Corinthians fosse o dono de uma das melhores campanhas da história dos pontos corridos, com mais de 2 pontos ganhos por partida. E além disso, outra revelação surpreendente, que aprendemos com o auxílio dos números, foi a de que o Corinthians foi, incrivelmente, melhor fora de seus domínios do que como mandante! É algo inédito na história de um campeão. O brasileiro tem que começar a ver a qualidade, e não o suposto favorecimento em relação ao Corinthians, que foi dono de uma campanha brilhante naquele ano e merecia ter conquistado o título.

Campeonato Brasileiro de 2006:

O campeonato brasileiro edição 2006 é bastante conhecido por ter sido o ano de início da seguinte supremacia são-paulina no campeonato, que viria a conquistar três títulos seguidos com relativa facilidade. E também é muito lembrado por ter sido um campeonato, digamos, bem chatinho, dada a pouca disputa lá ocorrida, seja para ir para a zona de rebaixamento, seja para o campeão, seja para a Libertadores. E para facilitar meu trabalho, a partir deste ano só foram 38 rodadas!

Vencedor - São Paulo.

Líder final - São Paulo.

Pontuação final - 78 pontos.

Média de pontos por rodada - 2,05 pontos por rodada.

Vitórias - 22 vitórias.

Empates - 12 empates.

Derrotas - 4 derrotas.

Aproveitamento em casa - 19 jogos, 14 vitórias, 4 empates e 1 derrota. 57 pontos possíveis, 46 conquistados, aproveitamento de 81% dos pontos.

Aproveitamento fora de casa - 19 jogos, 8 vitórias, 8 empates e 3 derrotas. 57 pontos possíveis, 32 conquistados, aproveitamento de 56% dos pontos.

Aproveitamento total - 38 jogos, 22 vitórias, 12 empates e 4 derrotas. 114 pontos possíveis, 78 conquistados, aproveitamento de 68% dos pontos.

Ou seja, o São Paulo, neste ano, fez a maior campanha da história dos pontos corridos, com um aproveitamento excepcional dentro de casa, perdendo somente uma vez. Outro, e creio que o maior diferencial, foi a excelente campanha fora de casa, empatando bastante, mas raramente perdendo. Simplesmente espetacular, e os números já falam por si só.

Campeonato Brasileiro de 2007:

Um campeonato que foi um autêntico pesadelo para os corintianos, tendo em vista que, como se não bastasse ser rebaixado para a segunda divisão, ainda viram um de seus maiores rivais levantar a taça, com outra campanha simplesmente espetacular, com um ponto a menos do que no ano anterior. Foi, também, a temporada de consagração de jogadores como Breno, Hernanes, André Dias e principalmente Rogério Ceni, que se reconsagrou, sendo o artilheiro da equipe no Brasileirão e eleito o melhor jogador da competição, algo raro para um goleiro. Veja como foi aquela brilhante equipe matematicamente.

Vencedor - São Paulo.

Líder final - São Paulo.

Pontuação final - 77 pontos.

Média de pontos por rodada - 2,02 pontos por rodada.

Vitórias - 23 vitórias.

Empates - 8 empates.

Derrotas - 7 derrotas.

Aproveitamento em casa - 19 jogos, 13 vitórias, 3 empates e 3 derrotas. 57 pontos possíveis, 42 conquistados, aproveitamento de 74% dos pontos.

Aproveitamento fora de casa - 19 jogos, 10 vitórias, 5 empates e 4 derrotas. 57 pontos possíveis, 35 conquistados, aproveitamento de 61% dos pontos.

Aproveitamento total - 38 jogos, 23 vitórias, 8 empates e 7 derrotas. 114 pontos possíveis, 77 conquistados, aproveitamento de 68% dos pontos.

E eis mais uma "surpresa": o campeão foi, novamente, um time com um aproveitamento muito positivo fora de casa, ou seja, é sempre importante pontuar longe de seus domínios. O São Paulo, incrivelmente, raramente perdia sob circunstâncias adversas, já que 3 das 4 derrotas foram sofridas quando a equipe já era virtualmente campeã. Muitos dizem que o São Paulo de 2006 foi melhor do que o de 2007, o que não concordo, embora a pontuação diga que sim. Pois se o São Paulo tivesse jogado com seriedade as rodadas finais, poderia ter sido ainda mais estupendo. Ficou simplesmente 15 pontos à frente do segundo colocado. Curiosamente a campanha foi exatamente idêntica ao Corinthians de 2005.

Campeonato Brasileiro de 2008:

No último da ano da supremacia são-paulina, que não foi assim tanta supremacia, já que só venceu em virtude de uma arrancada nas últimas rodadas, o campeonato foi bastante equilibrado. Principalmente na zona de rebaixamento, levando em conta que Náutico e Figueirense travaram uma grande batalha, da qual o Náutico só se salvou pelo saldo de gols! O ponto negativo foi para o Santos, que por pouco não caiu à segunda divisão. Na matemática, é possível ver alguns fatores interessantes no campeonato do Hernanes.

Vencedor - São Paulo.

Líder final - São Paulo.

Pontuação final - 75 pontos.

Média de pontos por rodada - 1,97 ponto por rodada.

Vitórias - 21 vitórias.

Empates - 12 empates.

Derrotas - 5 derrotas.

Aproveitamento em casa - 19 jogos, 14 vitórias, 4 empates e 1 derrota. 57 pontos possíveis, 46 conquistados, aproveitamento de 81% dos pontos.

Aproveitamento fora de casa - 19 jogos, 7 vitórias, 8 empates e 4 derrotas. 57 pontos possíveis, 29 conquistados, aproveitamento de 51% dos pontos.

Aproveitamento total - 38 jogos, 21 vitórias, 12 empates e 5 derrotas. 114 pontos possíveis, 75 conquistados, aproveitamento de 66% dos pontos.

O São Paulo foi monstruoso em casa, igualando a histórica marca de 81% de aproveitamento de 2006, algo que eu nunca vi ninguém falar. O São Paulo, por sinal, complicou-se quando ia jogar fora do Morumbi, com um mau aproveitamento, embora tenha tido poucas derrotas e quase sempre empatado. Um aproveitamento mediano fora de casa - mas que é prontamente recompensado com a fantástica performance como mandante.

Campeonato Brasileiro de 2009:

E chegamos ao Flamengo, que conquistou o hexacampeonato (ou o penta?). Parece que foi ontem! O rubro-negro carioca, com uma equipe não espetacular mas aplicada taticamente, sob o comando de um treinador simples, que não inventava, e com um craque, chegou ao objetivo. E provou que nem sempre é preciso organização estrutural para conquistar um título de grande porte - não sejamos tolos, o Flamengo é berço de muita "falcatrua". E foi sem dúvidas o melhor Campeonato Brasileiro da história dos pontos corridos, com muito equilíbrio, tanto que o campeão pontuou somente 67 vezes - pontuação que lhe daria a terceira colocação nos campeonatos de 2006 e 2008.

Vencedor - Flamengo.

Líder final - Flamengo.

Pontuação final - 67 pontos.

Média de pontos por rodada - 1,76 ponto por rodada.

Vitórias - 19 vitórias.

Empates - 10 empates.

Derrotas - 9 derrotas.

Aproveitamento em casa - 19 jogos, 12 vitórias, 5 empates e 2 derrotas. 57 pontos possíveis, 41 conquistados, aproveitamento de 72% dos pontos.

Aproveitamento fora de casa - 19 jogos, 7 vitórias, 5 empates e 7 derrotas. 57 pontos possíveis, 26 conquistados, aproveitamento de 46% dos pontos.

Aproveitamento total - 38 jogos, 19 vitórias, 10 empates e 9 derrotas. 114 pontos possíveis, 67 conquistados, aproveitamento de 59% dos pontos.

E, pois sim, o Flamengo foi um visitante bem interessante, mas só na primeira parte do campeonato. Esse dado é de certa forma enganoso, porque nos 9 jogos finais fora de casa o Flamengo só perdeu uma vez, vencendo até o São Paulo no Morumbi, e o Corinthians. Ganhar de Palmeiras e Atlético-MG, rivais diretos à época, também ajudou muito para o título. Foi muito bom o aproveitamento dentro de casa do Flamengo, perdendo somente duas vezes. De fato, não foi uma campanha brilhante, mas cirúrgica e eficiente.

Campeonato Brasileiro de 2010 (até a 15ª rodada):


Até a 15ª rodada, o Campeonato Brasileiro vem sendo muito bom, com uma briga intensa entre Corinthians e Fluminense. Até por isso, nesta seção, só vou colocar a campanha dos dois até o presente momento, com a finalidade de comparar.

Fluminense:

Pontos - 33 pontos.

Média de pontos por rodada - 2,2 pontos por rodada.

Vitórias - 10 vitórias.

Empates - 3 empates.

Derrotas - 2 derrotas.

Aproveitamento em casa - 7 jogos, 6 vitórias, 1 empate e nenhuma derrota. 21 pontos possíveis, 19 conquistados, aproveitamento de 90% dos pontos.

Aproveitamento fora de casa - 8 jogos, 4 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. 24 pontos possíveis, 14 conquistados, aproveitamento de 58% dos pontos.

Aproveitamento total - 15 jogos, 10 vitórias, 3 empates e 2 derrotas. 45 pontos possíveis, 33 conquistados, aproveitamento de 73% dos pontos.

Corinthians:

Pontos - 31 pontos.

Média de pontos por rodada - 2,06 pontos por rodada.

Vitórias - 9 vitórias.

Empates - 4 empates.

Derrotas - 2 derrotas.

Aproveitamento em casa - 8 jogos, 8 vitórias, nenhum empate e nenhuma derrota. 24 pontos possíveis, 24 conquistados, aproveitamento de 100% dos pontos.

Aproveitamento fora de casa - 7 jogos, 1 vitória, 4 empates e 2 derrotas. 21 pontos possíveis, 7 conquistados, aproveitamento de 33% dos pontos.

Aproveitamento total - 15 jogos, 9 vitórias, 4 empates e 2 derrotas. 45 pontos possíveis, 31 conquistados, aproveitamento de 69% dos pontos.

Conclusão:


Terminada a divulgação dos dados, baseados na tabela do Brasileirão do site da UOL, chegou a hora de ir às conclusões.

- Mostra-se essencial conseguir um aproveitamento acima de 50% dos pontos fora de casa. Com exceção de Flamengo e Atlético-PR, todas as equipes que já conquistaram o título abrangeram tal estigma. O Fluminense vem conseguindo uma marca de quase 60%, o que lhe credencia para a conquista neste ano, se mantiver o ritmo. Se o Corinthians quiser sonhar, é preciso ver os exemplos de Flamengo e Atlético-PR, as exceções: atingir um aproveitamento fenomenal dentro de seus domínios. Mas ainda assim é evidente que precisa melhorar como visitante, pois com 30% de aproveitamento ninguém vence nada - o Grêmio que o diga.

- Alguns matemáticos afirmam que a média de pontos por rodada necessária para erguer a taça é de 2 pontos por partida. Eles estão certos, pois qualquer equipe que somar 76 pontos conquista o prêmio - e com sobras. Corinthians e Fluminense têm, hoje, essa marca. No entanto, é inegável que não manterão essas campanhas, cedo ou mais tarde tropeçarão. Por isso, levando em consideração as duas últimas médias de pontos por rodada dos campeões, acho que uma marca pode ser estabelecida para o título. Tudo indica que o necessário para chegar ao objetivo é de 69 pontos, média de 1,81 por rodada.

- Falando sobre aproveitamento, é preciso ter mais de 60% para sair vencedor. O único privilégio foi do Flamengo, mas sem muita diferença, já que alcançou 59%. Na média dos campeões, com 65% de aproveitamento dos pontos você conquista o Brasileirão. Em casa, a média é de 75% dos pontos. Como visitante, seria interessante alcançar a média de 55%, perfeitamente possível.

- Com 20 ou mais vitórias, provavelmente o campeonato é seu. Todos (menos o Flamengo, a "ovelha negra", com 19) os times vencedores ultrapassaram essa denominação.

- Nenhuma equipe campeã foi derrotada 10 vezes. Ou seja, o time não pode perder uma partida a cada 3,8 rodadas.

- É essencial protagonizar uma série de invencibilidade, ou de vitórias consecutivas, para se chegar ao título. Flamengo, São Paulo, Cruzeiro, Atlético-PR e Corinthians sempre chegaram bem, na maioria das vezes quando a reta de chegada já se fazia avistar. O Fluminense faz isso, e o Corinthians poderia ter uma marca dessas, mas se continuar perdendo fora de casa será impossível.

- Nem sempre ter o artilheiro do Brasileirão é sinônimo de sucesso para um time. Ou melhor, na maioria das vezes. De todas as equipes protagonistas, somente o Flamengo teve um representante, Adriano. Vale mais, observei, dividir bem a cota de gols entre jogadores de todos os setores. Exemplo do São Paulo, tricampeão brasileiro nessa década: das 3 conquistas, em 2 o São Paulo não elegeu nenhum goleador entre os 5 melhores; somente em 2008, quando Borges foi o quarto lugar, que a equipe paulista emplacou um representante. Fluminense e Corinthians vêm fazendo isso com extrema maestria, ainda que eu ache o Fluminense melhor nesse quesito, já que jogadores de seus 3 setores marcam gols. No Corinthians, os atacantes não fazem gols, e vivem sob a ótica de Ronaldo, que não joga há quase 4 meses.

- Sobre os esquemas táticos, há uma pequena variação: o Cruzeiro de 2003 conquistou o campeonato com um 4-4-2. O Atlético-PR atingiu o bicampeonato organizado também num 4-4-2. Em 2005, o Corinthians deu procedimento à fórmula de um losango no meiocampo. As coisas começaram a mudar em 2006, pois Muricy Ramalho é adepto do 3-5-2, esquema a qual conquistou também os títulos de 2007 e 2008 pelo São Paulo. O Flamengo venceu em um 4-4-2 no ano passado. Portanto, parece que não há mais espaço para outra formação que não seja o 4-4-2 ou o 3-5-2 - ao menos no Brasileirão. Ramalho já deu sua cara ao Fluminense, com 3 zagueiros. O Corinthians utiliza 4 homens de defesa.

E termino aqui, amigos, este especial que preparei com muito carinho para você, leitor. Foi bem desgastante, e tal, mas ao menos aprendi mais sobre os números e o Campeonato Brasileiro em geral.

Na próxima vez que aqui vier, trarei um especial sobre o que fazer para fugir da zona de rebaixamento.

E MAIS UMA VEZ, NÃO COPIEM! É CRIME!

Um abraço,

Cristiano Costa.
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Entrevista com o PVC

Paulo Vinícius Coelho no Bate-Bola. Memória é trabalho.

Sim, amigos, vocês não leram errado. Eu entrevistei o Paulo Vinícius Coelho, o PVC, via e-mail. E assim pretendo iniciar uma série, uma série de entrevistas à jornalistas esportivos renomados.

Paulo Vinícius Coelho é o jornalista esportivo mais popular do país, fato atestado pela fama que ele cultiva entre os apreciadores do futebol, até no Orkut. A maior comunidade em sua homenagem tem quase 20 mil membros, sem contar os milhares de exemplares de seus livros que são vendidos diariamente. Para entender o motivo de tamanha popularidade, basta olhar para o seu currículo: sabia que seria jornalista desde muito cedo, e entrou para a faculdade de jornalismo da Universidade Metodista de São Bernardo do Campo com apenas 17 anos; formou-se em 1990. Dali, foi fazer trabalhos como repórter durante 1 ano, em pequenos jornais de sua cidade. Pouco mais tarde, foi estagiário da Revista Ação, da Editora Abril, e logo chegou à Placar, onde lembra com muito carinho. Lá, fez grande sucesso, já que seu perfil combinava com o da revista, onde escrevia textos de imensa qualidade.

Saiu da Placar depois de um longo período, e foi fazer sucesso no diário LANCE!, onde ficou por 3 anos até chegar à ESPN, onde virou sinônimo de audiência, dado o seu humor preciso, as análises certeiras, e uma memória que é provavelmente a melhor entre os profissionais de sua área.

Já lançou 6 livros, dos quais tenho 4, que posso dizer que são de extrema qualidade. O mais recente, "Os 100 maiores jogadores brasileiros de todos os tempos", será lançado ainda neste mês de agosto - e logo adquirirei. Sua competência já lhe rendeu um prêmio Comunique-se, o maior prêmio de jornalismo do Brasil, em 2008, além de diversas indicações para o mesmo, incluindo para esse ano, onde é franco favorito ao bicampeonato.

Sua memória, segundo ele, não é para ficar se exibindo. É tudo para comprovar a veracidade dos fatos, e não se confundir em determinadas ocasiões. Para não dizer, por exemplo, "o time do Corinthians de Gamarra e Luizão", pois Gamarra saiu do time um pouco antes de Luizão chegar. PVC já afirmou que, depois de um jogo contra o Peru, nas eliminatórias para a Copa do Mundo, a imprensa disse que o treinador do Peru havia diminuído as dimensões do gramado para dificultar o jogo brasileiro. Ninguém conferiu. Só PVC. Um jornalista em sua essência.

Para mim, essa breve entrevista de 6 perguntas - para não gastar-lhe o seu escasso tempo -, significou muito mais do que um simples questionário para um jornalista esportivo. Se alguns dizem que a experiência mais marcante de suas vidas foi a eliminação do Brasil em 1982, que eu não vi, ao menos posso dizer que, aos 14 anos, PVC atendeu gentilmente ao meu pedido.

Eis aqui a breve sessão de perguntas.

Cristiano Soares - PVC, é evidente que a sua memória é extremamente aguçada, e por vezes o senhor consegue recitar escalações de equipes inteiras - mesmo que antigas - durante os programas dos quais participa. Há algum tipo de preparação especial, uma espécie de "central de informação" que o senhor mantém?

Paulo Vinícius Coelho - Eu faço meu arquivo. E tenho uma vantagem grande: meu tempo livre, minha diversão, é ler sobre futebol. Isso ajuda demais. Estou sempre lendo alguma coisa e isso leva a algumas descobertas. Também ajuda a manter a memória viva. Mas a memória não é igual a quando eu tinha 9 anos. Os outros compromissos consomem muito. Grande parte do que eu faço é resultado de trabalho, não de memória. Embora eu siga tendo mesmo ótima memória.

Cristiano Soares - O senhor tem como marca, acima de tudo, ser dono de um certo ar investigativo, que gosta de conferir as informações. Durante uma partida contra o Peru, em 2008, a imprensa divulgou que o treinador do Peru diminuiu as dimensões do gramado para dificultar o jogo brasileiro; o senhor, consta, foi o único que procurou ir ao estádio e conferir a informação, que era verídica. E, também, não é raro ver o senhor dando exemplos de jornalismo a colegas de profissão: durante a Copa, disse que Alex Escobar não poderia atender ao celular durante a coletiva. E também, não me lembro quando mas ainda neste ano, afirmou que o jornalista tem que ter fontes, e não amigos, no meio futebolístico. O senhor acha que, hoje, os jornalistas estão mais acomodados e menos preocupados em seguir os princípios básicos do jornalismo?

Paulo Vinícius Coelho - Não acho, não. Acho que o jornalismo evoluiu nos últimos trinta anos. Mas acho também que tem muito chute. Que muita gente acha que tal coisa vai acontecer e define que a informação é aquela. E não é. Isso ocorreu, por exemplo, no caso do Piritubão, do convite do Mano Menezes à seleção que (ainda) não havia, na demissão do Ricardo Gomes, na ida/não ida do Neymar para o Chelsea. É preciso ter cautela em dar a informação, para não errar.

Cristiano Soares - Uma pergunta sobre o folclore no futebol, aquele que Armando Nogueira, Eduardo Galeano, e Nelson Rodrigues fizeram aparecer ao mundo. O senhor, em seus textos, prefere a precisão, a exatidão, do que " o romance". E, também, como pude observar em seu livro "Os 50 maiores jogos das Copas do Mundo", gosta de ouvir as duas faces da moeda, para chegar à informação mais correta. O senhor acha que, hoje, no jornalismo esportivo moderno, a precisão é mais importante do que o folclore?

Paulo Vinícius Coelho - Penso que sim. Não há mais espaço para o folclore, porque todo mundo vê tudo em todos os canais de TV, sites da internet, rádios, jornais. Você romanceava quando as pessoas não tinham como checar a informação. Não sabiam se era verdade ou mentira o que você escrevia.

Cristiano Soares - Vamos falar um pouco de futebol. O senhor é palmeirense, embora produza comentários imparciais. Suponho, então, que seu ídolo de infância foi Leão, Jorginho ou Luís Pereira. Qual foi o seu ídolo, o maior jogador que já viu atuar?

Paulo Vinícius Coelho - O meu ídolo e o maior jogador que vi atuar são coisas diferentes. Meus ídolos na adolescência eram Jorginho e Luís Pereira, por isso que você disse. O maior jogador que vi atuar dentro de campo foi Maradona - Pelé eu só vi em teipe. Dos brasileiros, Zico e Falcão.

Cristiano Soares - Esta pergunta é mais por curiosidade: o senhor é um bom jogador de futebol, ou cenas como a do gol contra mostrado no Linha de Passe há algum tempo são frequentes?

Paulo Vinícius Coelho - Eu sou um bom zagueiro. Estava meio pesado naquele dia. Mas, naquele dia, joguei bem. Bem mesmo. Só que cometi uma lambança, ao tentar cortar o cruzamento de cabeça.

Cristiano Soares - Para finalizar, o que o senhor acha sobre o comando do futebol atual, seja na FIFA ou na CBF? É a favor ou contra da mudança de comando, e Ricardo Teixeira renunciar?

Paulo Vinícius Coelho - O Ricardo Teixeira não vai renunciar. O certo é estabelecer limites nas eleições. Como na presidência da República. Dois mandatos de quatro anos, ou seja, direito a uma única reeleição. Isso resolve esse problema da continuidade. O problema da corrupção, uma boa sequência de escândalos bem apurados resolve. Desafio para nós, da imprensa.

E, assim, terminei a entrevista com Paulo Vinícius Coelho. Um homem que chega à redação cedo, prepara-se para o bate-bola, faz o tradicional "Desafio do PVC". Depois, grava mais alguns programas. E, depois, com o tempo livre sobrando para lazer, PVC lê sobre futebol. A memória é trabalho. Trabalho é suor. Suor é o que todo jornalista tem que produzir. E, de jornalismo e futebol, Paulo Vinícius Coelho, vulgo PVC, sabe - e muito.

Agradeço ao PVC, que fez realizar o sonho de um adolescente. O próximo, agora, é um dia trabalhar com ele, espero que nos estúdios da ESPN Brasil.

Um abraço,

Cristiano Costa.

Obs: Estou um pouco sem fazer publicações, mas é porque estou preparando um especial sobre os números do Campeonato Brasileiro, onde estabelecerei uma determinada pontuação para se chegar ao título, fugir do rebaixamento, entre outros, mas com a qualidade do Fichas de Futebol.
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Os melhores da UEFA

Craques de terno; vencedores do prêmio concebido pela UEFA aos melhores de seus eventos.

Olá amigos!

Para quem não sabe, a UEFA elaborou a lista, já tradicional, dos indicados ao prêmio de melhor jogador do mundo, posição por posição, com 3 selecionados em cada setor. No ano passado, o vencedor foi Lionel Messi, o craque argentino que atua pela ponta-direita ou como armador na mágica equipe do Barcelona. Mas é verdade, também, que poucas pessoas lembram quais foram os melhores do mundo em cada posição, pois a divulgação é bem menor. Por exemplo: na temporada passada, Van der Sar foi eleito o melhor goleiro do mundo. Terry, o melhor defensor, Xavi o melhor meiocampista, e Messi o atacante mais completo. Desses, só mentalizam Messi.

Vale recordar que é importante não confundir com a outra eleição, a FIFA Gala, que ocorre somente no fim do ano, que diz respeito às competições que são organizadas pela FIFA, e não pela UEFA. Portanto, não vá esperar que Forlán seja indicado por ter sido eleito o melhor jogador da Copa. O prêmio baseia-se, sobretudo, no desempenho durante a Liga dos Campeões.

Sem mais delongas, mostrar-lhes-ei os apontados para o prêmio, juntamente com minha opinião acerca de quem deve ser o vencedor.

Indicados:

Goleiro:
Julio César (Inter de Milão).
Hugo Lloris (Lyon).
Victor Valdés (Barcelona).

Defensor:
Lúcio (Inter de Milão).
Maicon (Inter de Milão).
Piqué (Barcelona).

Meiocampista:
Robben (Bayern de Munique).
Xavi (Barcelona).
Sneijder (Inter de Milão).

Atacante:
Diego Milito (Inter de Milão).
Rooney (Manchester United).
Messi (Barcelona).

Opinião:

Goleiro - A meu ver, o melhor goleiro das competições UEFA na temporada foi o notório brasileiro Júlio César. É verdade que ele não fez a sua temporada mais completa, porém salvou a Inter de Milão em momentos cruciais, como na ocasião na qual sua equipe enfrentava o Barcelona, quando salvou um chute fantástico de Messi, numa defesa espetacular. Sem contar que foi muito bem na grande final, agarrando um chute certeiro de Robben, com a mão trocada. Penso que Lloris, do Lyon, não deveria estar nessa lista, afinal não lembro-me de uma apresentação espetacular por sua parte - nem mesmo contra o Real Madrid. Tampouco Valdés, dado o frango que ele aceitou contra o Dínamo de Kiev, ainda na fase de grupos.

Maicon: em semana perfeita, marcou contra a Juventus e deu a classificação para a Inter com um golaço.

Defensor - O meu escolhido seria Samuel, que foi regular em todas as partidas da equipe italiana. Mas, como o argentino não foi escolhido, eu fico com Maicon. Não fez uma boa partida contra o Bayern de Munique, é verdade, contudo cresceu bastante ao longo da competição. Avento-me como se fosse ontem, em período que ele havia feito um golaço contra a Juventus no fim de semana, e no meio, na quarta-feira, foi autor de outro bonito tento versus o Barcelona. Foi o principal responsável pela classificação italiana contra a melhor equipe do mundo, e igualmente por isso entra como o melhor defensor da competição. Acho que as duas outras escolhas foram percebíveis, pois Lúcio foi um autêntico "xerife", e Piqué foi essencial para o avanço do Barcelona, quando o seu parceiro Puyol cambaleava pelo campeonato.

Meiocampista - Eu poderia ser comum e escolher Sneijder, pela ressurreição apresentada na Liga dos Campeões - e por ter sido campeão, oras. No entanto, eu elejo o holandês Robben. Ele simplesmente levou uma equipe com zagueiros pífios, atacantes medianos e bons meias, ao vice-campeonato do maior mata-mata entre clubes do mundo. Fez um gol que está eternizado na minha memória, dos mais belos da história, frente ao Manchester United. E, também, não pipocou na final: só ele quem levou algum perigo pela parte do time alemão, dando pesadelos ao Chivu e obrigando Júlio César a interver em autênticos milagres. Enfim, levou a equipe nas costas. Não fosse a idiotice de Ribéry ao ser expulso, a história poderia ter sido outra para o Bayern de Munique. A escolha de Xavi é para mim totalmente incompreensível, pois não vi nele o meia cerebral que foi em 2008.

Atacante - Ah, Messi. Como eu queria lhe escolher! Aqueles seus 4 gols contra o Arsenal foram simplesmente sensacionais; sem contar as grandes exibições durante a fase de grupos. Mas não vou optar por você. Calma, fique feliz: ao menos será um compatriota, Diego Milito. Simplesmente um gênio, que pode muito bem ser eleito um dos 3 melhores da temporada. Dois golaços na decisão já o credenciam para tal. A escolha de Rooney que é, para mim, ridícula, pois o inglês foi displicente quando sua equipe mais precisou.

E os seus escolhidos?

Poste abaixo, nos comentários. O resultado oficial será conhecido no dia 26 de agosto, às 12h45. Também neste dia serão sorteados os grupos para a Liga dos Campeões 2010/2011.

Enquanto este momento não chega, vamos assistir a um vídeo sobre alguns golaços da competição passada e vencida pela Internazionale de Milano.



Um abraço,

Cristiano Soares.
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É tempo de bonança

Felipe Melo e Gilberto Silva.

Cansei. Em pouco tempo, me apaixonei.
Foram poucas, nada mais que seis ou sete vezes.
Porém eu vi. E, quando vi, percebi.
Percebi, sobretudo, que era melhor.

Uma folha-seca que cai no outono.
Um anjo de pernas tortas, mas que terminou no desabono.
Um poder, uma classe, que nos campos destoava.
Potência, força e liderança - uma habilidade rudimentar.

Tudo acabou. A curva, a técnica, não mais soou.
A felicidade deu lugar a seriedade.
As crianças agora imitam bad-boys.
E os heróis?
Extinguiram-se.

Toma vergonha na cara.

E Devoção, e obediência, e dedicação, e imigração, e abnegação - a arte em sua aversão.
Pois hoje mais vale ser guerreiro, cervejeiro, grosseiro, pegureiro, um autêntico brahmeiro.

Até que vem a esperança, é tempo de bonança.
São somente dois garotos, pequenos brotos, mas que passaram por nosso goto.
Se não der certo, é decerto que do passado viveremos.

Passado, que de para trás, deterioridado, ultrapassado, nada tem.

Afinal, era o futebol - o verdadeiro futebol.



Um abraço,

Cristiano Soares.
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Isso é problema do Mano

Ganso: craque, craque e craque. Eis aí a "Era Ganso".

Amigos, temos o costume de dizer que quando há mais de um bom jogador em disputa para somente uma posição, é a dúvida que todo os técnicos queriam ter. Não é verdade; quando colocam um jogador na esquadra titular, o outro profissional invariavelmente sente que poderia estar em seu lugar, pois sabe que tem talento. E isso, dependendo do jogador, pode desencadear mais esforço nos treinamentos em busca da sonhada vaga, ou simplesmente ficar com ciúmes e pedir uma transferência para outra equipe.

Basta ver o caso do Corinthians, que contratou alguns grandes jogadores para o ano do centenário, como Edu, Marcelo Mattos e Edno, e os dois últimos saíram pela porta dos fundos, o que em breve também acontecerá com Edu. Muito mais por falta de oportunidades do que por qualquer outra coisa.

E, se em um simples clube com apoio incondicional da torcida isso já é um sério problema, o que dizer de uma situação dessas numa seleção brasileira? Sim, aquela que revela autênticos craques em questão de semanas, e que sempre tem um super-jogador em cada geração. Esses super-jogadores já foram Pelé, Leônidas da Silva, Domingos da Guia, Garrincha, Zico, Ronaldo e Ronaldinho, e agora ao que tudo indica serão Neymar e Ganso. A maior seleção do mundo, pentacampeã mundial. Particularmente, não penso que as pessoas que dizem que o Brasil tem ao menos duas seleções em condições de ganhar uma Copa, estejam equivocadas.

Então vamos logo ao ponto central. Depois da excelente atuação da seleção brasileira diante dos Estados Unidos, no último dia 10 de agosto, muitos torcedores celebraram as boas atuações de jogadores como Ganso, Pato, Neymar, David Luiz e André Santos. Eu faço parte desse grupo, mas logo precisei salientar que a seleção, com a volta de jogadores como Lúcio, Juan, Maicon, Kaká, Luís Fabiano entre outros, poderá enfiar-se numa crise, à qual cabe a Mano Menezes controlá-la.

São muitas opções para apenas 11 vagas. E o Brasil, que mesmo desentrosado, protagonizou a atuação do futebol-arte em sua essência, vai ser contestada pelos jornalistas quando os jogadores acima referidos retornarem. Sim, porque os jornalistas desejam uma renovação.

Se Kaká quer continuar na seleção, cenas como essas não podem se repetir. Os outros dois aguardam a convocação que não deve vir.

E o que será que Mano Menezes está tramando? Me agradou muito o meiocampo canarinho, com Lucas, Ramires e Ganso. Mas o que fazer quando Kaká, provável titular absoluto, voltar de lesão? Será difícil sair do 4-2-3-1 com requintes de 4-3-3 tão rapidamente. Ramires tem potencial para ser o titular absoluto, porque já mostrou muita personalidade com a camisa amarela. Assim como Ganso. Lucas respondeu bem quando chamado, mas pode ser trocado. No entanto, tirar um primeiro volante para a entrada de um meia-atacante não me parece muito sensato. Será que lhe restará a suplência? Só o tempo dirá.

Outra dúvida que me intriga muito é quanto ao matador Luís Fabiano, que já demonstrou muita qualidade e habilidade. Poderá dar certo neste ousado 4-2-3-1. Com Dunga, atuava num defensivo 4-3-1-2. Mas, em sua concorrência, temos jogadores do patamar de André e Pato, este último uma das maiores revelações brasileiras nos últimos anos. Talvez pela elevada idade (29 anos), seja preterido por Mano Menezes, que já deixou claro que dará prioridade aos jovens.

E sobre a defesa brasileira? A meu ver, Lúcio e Juan, apesar de zagueiros fantásticos, não deverão seguir segundo a linha de pensamento de Mano Menezes. David Luiz e Thiago Silva deverão ser os eleitos, sendo Thiago já titular absoluto, pela qualidade que mostra no Milan. David Luiz foi eleito o melhor jogador do campeonato português, que tem bons times, mas deve transferir-se para o Chelsea e ficar mais aberto aos olhos canarinhos, pois o campeonato inglês é transmitido pela televisão, sem contar que tem equipes mais fortes.

Outra briga bem disputada será na lateral direita, onde Daniel Alves e Maicon formam os melhores do mundo na posição. Minha sugestão é ficar em cima do muro e promover um revezamento - como Mano fez no Corinthians -, escalando Dani Alves contra adversários mais fracos, onde é preciso mais apoio ofensivo, e dando a guarda Maicon quando enfrentarmos uma seleção com maior poderio ofensivo.

A lateral esquerda está virtualmente resolvida, com André Santos efetuando uma partida sensacional contra os Estados Unidos (que de ruim não tem nada). Além disso, o ex-corintiano é um jogador que agrada muito ao Mano, que trabalhou com sucesso com ele no Corinthians. Sem contar que percebi um grande acréscimo à qualidade de seus cruzamentos na partida contra os Estados Unidos.

André Santos jogou de novo contra os Estados Unidos: e foi impecável.

São muitas dúvidas, e dessa vez eu não me arrisco a sugerir um esquema tático. Isso é problema do Mano, que terá de conviver com pressões, mas acima de tudo com um elenco sobrenatural.

Um elenco brasileiro.


Os gols da impressionante vitória do futebol-arte, quero dizer, do Brasil, contra os EUA.

Um abraço,

Cristiano Soares.
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