terça-feira, 27 de julho de 2010

47 gols jogados fora

Washington comemorando um de seus gols pelo São Paulo; poucos, não foram: em levantamento feito pelo blog, Washington marcou incríveis 47 gols em 1 ano e meio de São Paulo.

Depois do escândalo que estourou com a joia são-paulina Oscar, que acabou indo para o Internacional, e aumentou com Diogo, que teve o problema contornado, eis que chego em casa após a minha escola, e abro uma página virtual de notícias esportivas. Na manchete, figuram as palavras "Caminho de Volta", e uma foto de Washington sorrindo. Logo imaginei do que se tratava.

Abro a notícia, e vejo que Washington está de malas prontas para o Rio de Janeiro, onde deve jogar no Fluminense. Ora, está certo que às vezes ele perde alguns gols fáceis, mas todo centroavante perde, incluindo Ronaldo. Assim como faz gols espetaculares, de voleio. É, também um pivô espetacular, dada a sua força física. Seu desempenho não é ruim - pelo contrário. 47 gols com a camisa do São Paulo, em levantamento feito por este blog.

Verdade que não tem mais o fôlego de alguns anos atrás, porém não dá para desconsiderar que é o sétimo maior artilheiro da história do brasileirão, acima de nomes como Careca, Evair e Dadá Maravilha. Fora isso, chegou à artilharia do Brasileirão duas vezes, em 2004 e 2008, sendo que no ano bissexto alcançou o recorde de gols marcados em todas as edições do Campeonato Brasileiro até hoje, anotando 34 tentos. Esses feitos em clubes como o Atlético Paranaense e o Fluminense, que tinham - e têm - elenco inferior ao atual do São Paulo.

Sem querer polemizar, contudo muito da troca de Washington pelo Fluminense tem a ver com a torcida são-paulina, que não sabe reconhecer seus ídolos. Essa mesma, que pouco apoia nos momentos em que a equipe está necessitada, como agora. Vide os últimos jogos no Morumbi, 9.646 pagantes versus o Prudente, 14.408 pagantes contra o Grêmio, 15.522 presentes em pleno clássico contra o Palmeiras, e 11.622 frente ao Botafogo. Vamos comparar: o Corinthians levou, no Pacaembu, 9.232 pagantes, 28.190 pagantes, 27.681, 33.361, 22.163, e 24.501 compareceram contra o Guarani.

Mas se for analisar bem, é melhor nem ir: quando está no estádio, vaia Richarlyson por crer que ele é homossexual, mesmo quando o jogador está carregando o time nas costas. Aquela que vaiou Hernanes, num jogo contra o Universitário, do Peru. E a mesma que persegue Washington, sem aplaudi-lo quando ele se retira de campo, logo depois de marcar 2 gols.

Torcida são-Paulina lotando o Morumbi; cena rara de se ver quando é preciso apoiar.

A meu ver, os companheiros de equipe também não o auxiliam, colocando-o sempre em um patamar abaixo do que deveria ser. Ricardo Gomes é mais um que pouco se esforça para fazer crescer sua performance, utilizando jogadores de baixo rendimento na temporada, tais como Cléber Santana, Renato Silva, Jean e Fernandinho, os quais figuram com certa frequência nos onze titulares, conquanto eu ainda ache que Jean tem potencial para ser um craque, como meiocampista e não lateral. Outra invenção de Ricardo Gomes.

Eu, aliás, sou contra a demissão precoce e constante de treinadores no futebol nacional. Um mal que acomete a todas as equipes. Mas é preciso, outrossim, reconhecer quando há perspectiva de mudança, ou se tudo se encaminha para o cenário atual. Ricardo Gomes, embora tenha conseguido levar o São Paulo a uma semifinal de Libertadores, o que não acontecia desde 2006, avançou diante de um Universitario, time ruim - mas que merecia a vaga - somente nos pênaltis, e a única boa exibição paulista a meu ver foi contra o Cruzeiro, onde veio-me à mente o São Paulo de 2007, campeão brasileiro.

Observemos, principalmente, o princípio de temporada: Ricardo Gomes recebeu de reforços jogadores de alto escalão, como Fernandinho, que pouco apresentou até o momento; Marcelinho Paraíba que anda encostado na equipe, apesar de que basta vê-lo atuar para perceber que é um jogador diferenciado; Cicinho, que não rendeu o que deveria, mais por culpa própria do que por outra coisa; e Fernandão, que começou bem, mas também caiu - e muito - de desempenho, em nada lembrando o meia e atacante cerebral de bom chute e cabeceio certeiro dos tempos de Internacional.

A parte sobre a torcida não se refere ao são-paulino na essência, aquele que é sapiente em identificar um bom centroavante e apoia o time de coração. Mas verdade seja dita: Washington, mesmo aos 35 anos, tem muita lenha para queimar, e seria titular em grande parte dos clubes da Série A; afinal, coração valente que é, nada me surpreenderia se voltasse a ser o artilheiro que todos conhecemos, formando dupla com Fred ou Alan num futuro breve.

E dois alertas: se antes o papel de clube desorganizado, que não é sabedor em administrar negociações, cabia a equipes como Corinthians, Vasco, Fluminense e afins, o São Paulo está se encaminhando a passos largos para entrar nesse clube de mau-gosto, que há tempos estava ressentido da ausência são-paulina. Graças, obviamente, a dirigentes incompetentes como Leco.

Boa sorte a Washington, ao Fluminense, e meus pêsames à diretoria são-paulina, pela perda totalmente evitável da ética e do bom-senso.


Alguns dos frequentes gols de Washington com a camisa tricolor.

Um abraço,

Cristiano Soares.

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