terça-feira, 13 de julho de 2010

Balanço (e eleições) da Copa 2010


Volto a escrever-lhes, caros amigos, e desta vez para fazer um balanço da Copa que acabou de se concluir.

Apenas para fim de informação, sim, a ideia do post foi copiada do blog Olho Tático, mas logicamente que eu não plagiarei nenhuma palavra. Apenas "plagiei" a ideia.

E vamos nós!

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Alguns não gostaram da Copa do Mundo da África, em 2010. Os argumentos vão desde a baixa média de gols, até a falta de emoção em algumas partidas, principalmente na primeira fase.

E pois bem lhes digo: em meus poucos anos de vida, essa foi a melhor Copa que eu já assisti. Porquê? Ora bem, o Uruguai voltou ao cenário mundial, e torna a ser um gigante futebolístico, a despeito de seu pequeno território. Ficar entre os quatro melhores, e ainda ter um jogador eleito como o melhor da Copa é algo que enche de orgulhos os uruguaios. E, também, retornamos a ter um campeão mundial que jogue bonito, que nos encha os olhos. A Espanha é uma equipe de muita posse de bola, que se arma com dois meias e dois volantes, além de um atacante que volta para marcar e um fixo. Isso, no papel, porque em campo mostra intensa movimentação. Muito bom para o futebol, que viveu momentos de ruína após a Itália campeã em 2006, com um futebol pobre. Além disso, podemos destacar igualmente a Alemanha, que fugiu do clássico estereótipo que a cerca - disciplina tática e nunca desistir, mas sem jogar bonito -, usando-se de um futebol rápido, jovem, cerebral e sem muitas bolas levantadas na área. Vai colher, sem dúvida nenhuma, frutos no futuro.

Outrossim, assistimos e tivemos grandes decepções, como a Holanda, que fez história com um futebol envolvente, rápido e de muita troca de posições, e tem a tradição de jogar bonito desde sempre; nessa Copa, no entanto, aderiu ao pragmatismo: nenhuma troca de posições, muita bola alçada para a área, e sobretudo muita, muita violência, com Van Bommel sendo o filho preferido deste novo estilo holandês - que espero que seja passageiro. Sem contar o Brasil, que nos envergonhou mundialmente com um treinador que acha que é o dono da seleção, e jogadores aplicados, mas com pouca ou nenhuma técnica. E nem dá para dizer que não temos matéria-prima, vide Ganso e Ronaldinho, pois como diz Paulo Calçade: "Há seleções que não podem escolher uma maneira de jogar, porque não têm grandes jogadores, mas há outras que possuem o privilégio de escolher um jeito de jogar - eis o Brasil."

Mas, como dito acima, essa Copa vai ficar marcada na minha memória pelo triunfo do futebol-arte, e se assim continuar, o futebol caminhará a passos largos para voltar a ser... um simples entretenimento.

Então vamos fazer um balanço, os gols mais bonitos, a melhor atuação, o melhor jogador, e cousa e lousa e maripousa.

Melhor atuação individual: Schweinsteiger, no jogo Alemanha 4 x 0 Argentina, nas quartas-de-final.

Melhor atuação coletiva: Alemanha, na partida Alemanha 4 x 1 Inglaterra, pelas oitavas-de-final.

Melhor partida: Uruguai 2 x 3 Alemanha, na disputa de terceiro lugar.

Pior partida: Uruguai 0 x 0 França, na Fase de Grupos.

Surpresas: O Uruguai, que renasceu das cinzas, Gana, seleção aguerrida, o Japão, de futebol eficiente, o Paraguai, disciplinado taticamente, e a Nova Zelândia, de futebol-força mas a única seleção invicta na Copa do Mundo.

Decepções: A França, de desorganização total, a Inglaterra, que só fez partidas miseráveis na Copa do Mundo, Camarões, que Eto'o disse que iria ser campeã do mundo mas nem sequer pontuou e a Itália, toda veterana.

O personagem: Diego Armando Maradona, muito engraçado.

O erro: O gol não validado de Lampard contra a Alemanha.

O frango: Green, da Inglaterra, na partida contra os Estados Unidos.

A pior atuação decisiva de goleiro: Muslera, que tirou as chances de terceiro lugar uruguaias ao falhar em todos os gols alemães na partida.

A imagem: Além de Mandela, eu destacaria o ritual que os sul-africanos fizeram em Pienaar, colocando todos as mãos em sua cabeça e rezando, antes da partida contra o México, na abertura.

Gol mais bonito: Diego Forlán, na partida entre Uruguai e Alemanha na disputa de terceiro lugar.



Gol coletivo mais bonito: Villa, na partida entre Espanha e Portugal nas oitavas-de-final.



Destaques táticos: Tática paraguaia na partida contra a Espanha, tática eslovaca na partida contra a Itália, e tática uruguaia na partida contra a Holanda.

Revelação: Thomas Müller, meiocampista da Alemanha.

O melhor jogador: Diego Forlán, do Uruguai.

Seleção do Torneio:

IKER CASILLAS (ESPANHA) - Depois de ir mal nas primeiras rodadas, foi um monstro na fase do mata-mata, simplesmente garantindo o título nas quartas-de-final e na final.

PHILIPP LAHM (ALEMANHA) - Perseguido de perto por Sergio Ramos, Lahm impôs-se porque foi perfeito na frente e atrás, salvando vários gols, ao contrário de Sergio Ramos, e mostrou-se magnífico na frente, cruzando com perfeição. Devia ter jogado a disputa de terceiro lugar. O curioso é que, com ele em campo, os ataques alemães concentram-se pelo seu lado, o direito, e quando ele esteve ausente, o jogo deu-se quase todo pelo setor esquerdo.

JORGE FUCILE (URUGUAI) - Nos jogos do Uruguai na Copa, era impossível atacar pelo lado de Fucile, ora o direito, ora o esquerdo. Não é alto, mas não perdeu nenhuma por cima. Ainda assim, o que mais me impressionou nele foi a sua habilidade pelo chão: desarma como poucos, de maneira perfeita e precisa. Sensacional contra a Alemanha, foi um dos melhores zagueiros da Copa. Fez muita falta contra a Holanda.


GERARD PIQUÉ (ESPANHA) -
Técnico, não deu nenhum chutão durante a Copa. Sai jogando como poucos, e pega muito bem na bola. Às vezes, chegava com violência, mas deu o sangue e foi uma parede pelo lado direito. Foi igualmente muito bem na cobertura à Sergio Ramos, que subia muito ao ataque.



MOREL RODRÍGUEZ (PARAGUAI) - O mundo está escasso de grandes laterais esquerdos, e os nomes candidatos a esta posição, Capdevila e Coentrão, não me agradam. O primeiro, por ser menos que coadjuvante. O segundo por não ter ido longe demais. Por isso, acho justo dar o prêmio para Morel Rodríguez, que não cometeu nenhum erro na marcação e foi muito bem no ataque, principalmente contra Japão e Espanha.

SERGIO BUSQUETS (ESPANHA) - Não faltam meiocampistas para a seleção do mundial, mas na minha concepção é preciso colocar um meia marcador. Confesso que Arevalo Rios e Perez me encantaram, porém Busquets, discreto mas sempre eficiente, foi um monstro na marcação, pouco cometeu faltas, e teve um índice de aproveitamento absurdo nos passes certos.

ANDRÉS INIESTA (ESPANHA) - Sempre rápido, com muita ousadia pelo lado esquerdo e por vezes pelo setor direito, Iniesta aliou, nessa Copa, a genialidade, os passes precisos, com a velocidade e habilidade. Foi decisivo pela Espanha, com atuações de gala em todas as partidas do mata-mata, exceção feita, talvez, à partida contra Portugal. Era candidato seríssimo a homem do mundial, mas pelo fato de não chutar muito, não foi eleito justamente. Fez o gol do título espanhol.

WESLEY SNEIJDER (HOLANDA) - O melhor holandês na Copa do Mundo, foi o elo entre defesa e ataque holandês, realizando uma Copa de craque. Seja com lançamentos precisos para Robben, seja para ajudar na marcação, Sneijder foi um monstro. Não é exagero dizer que ele carregou a Holanda nas costas. Podia ter aparecido mais contra Uruguai e Espanha, mas no geral foi bem.

BASTIAN SCHWEINSTEIGER (ALEMANHA) - Schweinsteiger, o melhor jogador alemão na Copa do Mundo, demonstrou o que ele tem de bom: o passe preciso, o chute forte, a velocidade e o bom drible. Foi essencial taticamente para o esquema de Joachim Low, e ao mesmo tempo decisivo, como na atuação perfeita contra a Argentina. Antes da Copa, os críticos o acusavam de ser displicente em certos momentos do jogo. Isso era o que ele tinha de ruim - e exatamente o que ele não mostrou na Copa do Mundo.


DIEGO FORLÁN (URUGUAI) -
Simplesmente o melhor jogador do evento futebolístico mais importante do planeta. Diego Forlán foi, nessa Copa, um craque. Eu preciso admitir que, quando eu o acompanhava no Atlético de Madrid, eu não o achava um craque, até porque lá ele joga de atacante fixo. Mas depois que Forlán mostrou como sua direita é hábil para passar uma bola entre dois fios, além de nos apresentar uma visão de jogo excepcional, tempo de bola magnífico, eu me convenci definitivamente que ele é um monstro. Se existe um responsável pelo renascimento uruguaio, este é Diego Forlán, o melhor do jogo em 6 partidas uruguaias na Copa. Por quê não pode ser o melhor jogador do mundo?


DAVID VILLA (ESPANHA) - David Villa foi o artilheiro que esperavam e que todos conheciam antes da Copa. Decidiu todas as partidas da primeira fase pela Espanha (menos contra a Suíça, mas também jogou bem), e também foi monstruoso contra Portugal e Paraguai. Até aí, jogava pela esquerda, mais como um ponta do que um centroavante. Aí, Vicente Del Bosque o sacrificou e o deixou mais centralizado, então Villa caiu de produção. Mas se não fosse essa alteração tática, Villa poderia tranquilamente ser o melhor da Copa.

TÉCNICO: OSCAR TABAREZ (URUGUAI) - Eu não voto em Joachim Low para técnico da Copa pelo simples motivo de que Löw montou a squadra alemã antes da Copa começar, em um trabalho mais duradouro que atingiu o ápice no momento certo. Já Tabarez foi gênio porque, após a partida contra a França, percebeu que seu setor central tinha pouco criação, e então pegou Forlán e deslocou-o para esse lugar. Daí em diante todos sabem o que aconteceu. Além disso, Tabarez não teve coragem de mudar o time, colocando Fucile, Caceres e Cavani ao longo da competição, que jogaram muito bem.

Lógico que cometi muitas injustiças, por isso decidi fazer um inusitado banco de reservas, com:

- EDUARDO CARVALHO (PORTUGAL).

- SERGIO RAMOS (ESPANHA).

- CARLES PUYOL (ESPANHA).

- ARNE FRIEDRICH (ALEMANHA).

- FÁBIO COENTRÃO (PORTUGAL).

- SAMI KHEDIRA (ALEMANHA).

- XAVI HERNÁNDEZ (ESPANHA).

- DIEGO PEREZ (URUGUAI).

- MESUT ÖZIL (ALEMANHA).

- THOMAS MÜLLER (ALEMANHA).

- ASAMOAH GYAN (GANA).

Com isso, amigos, a seleção da Copa do Mundo fica com:

- 5 espanhóis.

- 2 alemães.

- 3 uruguaios (2 jogadores e 1 técnico).

- 1 paraguaio.

- 1 holandês.

E a seleção reserva consiste em:

- 4 alemães.

- 3 espanhóis.

- 1 uruguaio.

- 1 ganês.

- 2 portugueses.

E termino aqui o meu "balanço da Copa".

Um abraço,

Cristiano Soares.

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