quinta-feira, 20 de maio de 2010

Estudiantes 2 x 1 Internacional

Anote este nome: Giuliano Victor de Paula.


Internacional e Estudiantes, na aposta desse colunista, fariam o melhor jogo desta quinta-feira. Talvez pela qualidade técnica de ambos os times, ou mesmo pelo duelo entre Verón e D'Alessandro. Mas o que importa é que vimos um jogo emocionante, com dedicação, força de vontade e gana de vencer por parte de ambos os times.

E quando o jogo começou, podemos dizer que o fato de o Estudiantes jogar em casa prevaleceu. Os primeiros 5 minutos foram de certa forma equilibrados, embora o time argentino estivesse melhor.

Assim foi numa crescente, até o Estudiantes ter o domínio do jogo. Verón quase faz o gol que Pelé não fez, em reposição à meia-altura, que Verón emendou de primeira mas a bola não pegou muita velocidade, facilitando para Abbondanzieri.

Era incrível, mas Verón não tinha marcação individual. Era por zona. Como ele é altamente imprevisível, o marcador ficava "sem pegada", sendo surpreendido por sua técnica e força. Então, Verón armava facilmente o time e finalizava de fora da área. Em meu bloco de anotações, eu anotei que estava com um mau pressentimento.

E isso foi se confirmando aos poucos. Aos 12', o meia corta para a direita, e bate com curva. A bola vai no cantinho, mas o elástico Abbondanzieri salva. O craque queria jogo.

Sandro se confundia, e Verón fazia a festa pelo meio. Ao mesmo tempo em que anulava D'Alessandro, comandava as ações estudiantinas.

Em um de seus lances de craque, fez um lançamento à la Gérson, de antes do meio campo, de trivela, e González toca por cima de Pato. Golaço. 1 a 0. Em minha modesta opinião, Verón é, hoje, melhor que todos os meiocampistas da seleção brasileira, principalmente pelo mau momento de Kaká.

Não demorou muito até o segundo gol aparecer. Em falha da defesa gaúcha, Enzo Perez mostra que o Estudiantes não é só Véron e bate de chapa, encobrindo Abbondanzieri. No ângulo. Golaço, e 2 a 0. A torcida argentina só tinha felicidade. Afinal, o Internacional fazia um horroroso primeiro tempo, tendo apenas D'Alessandro tentando conseguir alguma coisa. Mas Andrezinho não colaborava.

Tanto era que o primeiro chute a gol do Inter só saiu em bola fraca que Alecsandro chutou e Orion catou.

Ressalto também a rotatividade que o time de La Plata tinha; ora jogava pela esquerda, ora pela direita, ora pelo centro. Isso confundia a defesa colorada.

Depois dos 30 minutos, o time vermelho e branco puxou o freio de mão. O Inter até tentava, mas não criava nada de efeito. Como verá mais tarde, isso demorou a acontecer. O zagueiro Desabato estava bem.

Findada a primeira etapa, acho que é possível dizer que ela teve nome e sobrenome: Juan Sebástian Verón. Principalmente no começo do jogo, ele desequilibrou, com os espaços de sobra que a marcação do Internacional lhe proporcionava. Curioso é que quando ele pega na bola, é praticamente impossível de roubá-la. Afinal, ele tem muita força física e é alto. O Inter até que esboçava uma pressão, mas não criava de verdade porque não chutava a gol e nem criava boas oportunidades. Com isso, o nome de Leandro Desábato, de 1,86m, me chamou a atenção, porque vinha muito bem na marcação. No Inter, o seu melhor jogador era D'Alessandro. Andrezinho não ajudava o companheiro, que ficava sobrecarregado na armação.

E o início da última parte foi equilibrado. Dessa vez, o Internacional era de fato ligeiramente superior. Isso, no entanto, acabou logo, com o Estudiantes logo voltando aos eixos, tendo mais poderio ofensivo. Aos 10', Boselli abre espaço e chuta. Abbondanzieri segura sem mais problemas. Ele fazia boa partida.

A equipe portenha tinha uma marcação exemplar: o Inter tentava atacar, mas logo os jogadores acabavam com os planos colorados. Clemente Rodriguez, lateral esquerdo que estará na copa, fazia partida espetacular, frustrando todos os avanços do Internacional pelo lado direito.

Aos 24', o Estudiantes, que continuava mandando no jogo, chuta uma bola venenosa, por Verón, que passa pertinho da trave.

O Inter, embora tivesse equilibrado um pouco, não chutava a gol. Andrezinho fazia partida pífia, não criando nada. De bom, só o desempenho satisfatório de D'Alessandro.

Andrezinho, especialista em bola parada, não pode dizer que não teve chances de anotar o seu. Guiñazú cavou falta da entrada da baliza. Ele até bateu bem, mas foi muito baixo. Então, Orión defendeu.

É impressionante a aptidão do time do Estudiantes para chutar de média e longa distância. Além do segundo gol ter saído assim, vários jogadores tentaram diversas vezes. O engraçado é que nenhum errou feio, do tipo "isolar a bola do estádio". Sempre chutes venenosos.

Quanto ao comentarista do SporTV, foi provavelmente o pior comentarista que eu já vi. Além de ser totalmente imparcial, dizendo que o Inter estava fazendo excelente partida, e que D'Alessandro não jogou bem, parecia que estávamos vendo jogos distintos.

E depois do chute de Sosa, aos 30', só deu Inter. Embora o problema crônico de chutes a gol ainda viesse à tona, até que o time criava oportunidades. Foram duas principais, em lances bem semelhantes.

A primeira: Andrezinho, que cresceu de produção após a saída do argentino D'Ale, fez tabela com Alecsandro e deixou Walter na cara do gol. Ele desperdiçou a oportunidade.

E a segunda, aos 44': Andrezinho recebe de Guiñazú, e dá bom passe para Giuliano, que bate cruzado e faz 2 a 1. Euforia no estádio Centenário de Quilmes. Claro, por uma parte pequena, a torcida interista. Mas nesse ano nenhum gol havia sido tão comemorado. Até Fossatti invadiu o campo.

Como eu disse, Andrezinho foi o principal jogador do Inter. No jogo todo, foi D'Alessandro. Mas nos últimos 15 minutos, a evolução de Andrezinho foi evidente. E esses gols no fim vão passando a ser características do time vermelho.

Terminado a partida, ainda deu tempo de Abbondanzieri e Desabato, dois bons jogadores, fazerem do gramado um ringue. Confusão. Mas isso é irrelevante. Relevante é o futebol que vimos nessa noite.

O futebol não é um tribunal; mas se eu dissesse que o resultado foi justo, estaria mentindo. O Estudiantes jogou melhor, com mais vigor na marcação e mais chances claras de gol. Mas o futebol é interessante por isso: não se pode descuidar 1 minuto. Mas o time argentino logicamente merecia a vitória.



Dados:

Resultado final: Estudiantes 2 x 1 Internacional

Classificado: Internacional (Agregado 2 x 2, mas o fator gol fora de casa classificou o Inter)

Público: Não divulgado, mas creio que 25.000 pessoas.

Escalação Estudiantes: Orión; Clemente Rodriguez (Fernandez 44' 2° T), Cellay, Desábato e Ré; Pérez (Benítez 36' 2° T), Sanchez, Verón e Sosa; Boselli e Gonzalez (Angeleri 2° T). Técnico: Alejandro Sabella.

Escalação Internacional: Abbondanzieri; Bolívar, Sorondo e Fabiano Eller; Nei (Walter 23' 2° T), Sandro (Edu 40' 2° T), Guiñazú, Andrezinho, D'Alessandro (Giuliano 32' 2° T) e Kléber; Alecsandro. Técnico: Jorge Fossatti.

Gols: González, aos 19 minutos do 1° T, Pérez, aos 21 minutos do 1° T; Giuliano, aos 44 minutos do 2° T.

Cartões Amarelos: Verón e Boselli; Sorondo, D'Alessandro, Guiñazú e Sandro.

Árbitro: Oscar Ruiz.

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