Flamengo 2 x 3 Universidad de Chile
Em uma partida sem muito destaque na imprensa, principalmente no pré-jogo, Flamengo e Universidad de Chile fizera um bom jogo, em que prevaleceu, sobretudo, a vontade. É fato que os analistas todos os anos repetem que somos obrigados a vencer a Libertadores. Mas às vezes se esquecem de que há excelentes times fora do Brasil, como Estudiantes, Vélez Sarsfield, Chivas, Nacional e, principalmente, Universidad de Chile, que vem se mostrando um dos melhores do continente.
Achei interessantíssimo o contato com os jogadores que o SporTV promoveu, ao instalar uma câmera no túnel de acesso ao campo, e ver o que os jogadores falavam antes de entrar na partida. Dava para captar frases como: "não podemos tratar como vingança, mas temos de lembrar que esses caras quase nos tiraram da competição mais importante de nossas vidas. Vamos engolir eles!", desferida por Bruno. Eu achei que teria resultado, e o Flamengo entraria concentrado, e sairia do Maracanã com os 3 pontos. No entanto, não foi isso que aconteceu.
Algumas pessoas falaram que o Universidad de Chile viria para garantir um empate e se der sorte com gols.
Vimos o time do Universidad de Chile simplesmente atacar constantemente o Flamengo nos primeiros 10 minutos. Aos 2 minutos, por exemplo, contra-ataque de "La U", que termina com Montillo perdendo uma chance inacreditável na cara de Bruno. O Universidad estava "desrespeitando" o Flamengo dentro do maior estádio do mundo (que não é o maior).
Isso parece ter abalado o time flamenguista, que deu espaço à pressão do Universidad. E, aos 4', o time chileno precocemente abre o placar, após falha da confusa zaga do Fla: escanteio cobrado, Juan e Maldonado se esbarram, Willians afasta mal e a bola sobra limpa para Victorino abrir o placar, de primeira. Não acho que Bruno falhou. 1 a 0.
A torcida do Flamengo ficou preocupada, mas ainda apoiava o time. A equipe, entretanto, só tentava jogadas pelo meio, sem raça. Como é de praxe entre as equipes que jogam pelo meio, o Flamengo nada conseguia; ainda assim, é valido destacar a partida taticamente perfeita e tecnicamente quase impecável do UDC. Juan e Léo Moura simplesmente decidiram não apoiar o ataque, pois não havia ninguém para marcar.
Numa das escassas vezes que Léo foi ao ataque, ele cruzou com perfeição para Vágner Love cabecear, a bola bater no zagueiro e ir ao travessão.
O time do Universidad do Chile, os "leones", tinha dois jogadores impecáveis no meio campo. Iturra, que apesar de violento me agradou, e Alvaro Fernandez, excepcional jogador. No meio flamenguista, Kleberson parecia que estava jogando amistoso, se atrapalhando com a bola.
Um time que, apesar de nunca ter sido campeão da Libertadores, sabe jogá-la. E isso tem a ver com aproveitar as bolas paradas. O segundo gol saiu dessa maneira, em falta cobrada pra área aos 24 minutos, falha de Bruno, e gol de Olarra. 2 a 0. Então, o Maracanã ficou em silêncio como eu nunca havia visto: o que será que aconteceu com a torcida flamenguista? Dava para ouvir os gritos de ambos os técnicos, e de torcedores exaltados chingando os jogadores rubro-negros.
Inexplicavelmente, o Flamengo subiu de produção após o gol. Os jogadores finalmente acordaram, embora ainda estivessem um pouco sonolentos. E o gol, como tanto gosto de repetir, saiu pela lateral do campo, com Kleberson acertando um passe para Adriano cabecear forte no canto direito de Miguel Pinto. Faltando 2 minutos mais os acréscimos, não era de se esperar que o Flamengo fizesse mais alguma coisa. 2 a 1.
Mas Vágner Love, que mais atrapalhou que ajudou, ainda teve tempo de perder uma chance fantástica, depois de falta cobrada por Adriano. Ele dominou no peito, na pequena área, e quando achávamos que ele não perderia, ele simplesmente decidiu bater na bola quando ela estava caindo, e não no momento certo. Um gol perdido inexplicavelmente.
Acho que posso chegar à conclusão de que Vágner Love não é um matador; fica nervoso à frente do goleiro, basta ver que na maioria de seus gols ele recebe passe, ou em velocidade ou meio longe, e sempre dá mais de 2 toques na bola. Nunca bate de primeira, principalmente quando ele tem que pensar rápido. Não tem faro de gol.
Ainda deu tempo de Iturra, que fazia boa partida, ser expulso.
No intervalo, eu achava que o Flamengo iria saber aproveitar o embalo do gol no fim de Adriano. Isso não aconteceu. Com Petkovic no lugar de Maldonado, o time levou um gol logo com 2 minutos de segundo tempo. Montillo aproveitou bom lançamento, e cruzou rasteiro, para Juan não afastar e deixar o craque Álvaro Fernandez meter para as redes. 3 a 1.
O Flamengo sentiu-se muito abalado por esse gol, e como era impossível penetrar a defesa do time chileno, passou a arriscar chutes de fora da área, algo que seus jogadores não dominam. Nem mesmo Petkovic, especialista em arremates longos, acertava. Só isolava.
A apatia do time rubro-negro era muito grande. O jogo passou a ser chato, dando para ouvir até os gritos de Bruno. Como aqui não é jornal, acho que posso dizer uma frase que um torcedor do Flamengo disse, visando Adriano e Vágner Love: "vá pra merda da favela, fumar drogas, porque seu negócio não é futebol". O silêncio, que era enorme no primeiro tempo, passou a ser incrível na segunda etapa. Dava para ouvir os cerca de 30 torcedores do Universidad de Chile cantando um cântico muito bonito por sinal: "vamos, vamos leones, vamos leones, vamos ganar, vamos, vamos leones, vamos leones, vamos conquistar", com o bonito som de "B" em vez de "V", que deu charme à música. Simplesmente linda a música.
O único jogador do Flamengo que tentava alguma coisa era Petkovic, que mostrava sua qualidade nos passes, mas não nos chutes. Juan não fazia nada, era peça nula em campo.
Creio que o melhor em campo foi o operário da seleção chilena Álvaro Fernández. Um jogador que dosa bem os elementos violência, técnica, tática, e força física. Um jogador completo. Bem que ele podia ir para o Corinthians.
E, de fato, nada de produtivo aconteceu no time do Flamengo, que mostrava a dificuldade de criar jogadas.
Contudo, Juan, um dos piores em campo, contou com a sorte ao chutar uma bola da intermediária, e Miguel Pinto levar um frango incrível. Curioso que ninguém da imprensa está falando nisso, mas foi simplesmente enorme o peru que o goleiro levou. 3 a 2.
E o Flamengo ainda mantinha esperanças de empatar o jogo, mas nada aconteceu. Os últimos minutos foram a mesma tônica do segundo tempo.
Terminada a partida, pode-se dizer que, apesar do placar elástico, não foi nem de longe um jogão. O jogo foi amarrado no meio de campo, com a equipe flamenguista, que tinha mais posse de bola, errando muitos passes. E não usou os laterais. Exibição pífia do Flamengo, sobre um Maracanã lotado.
O torcedor ainda tem esperanças de que seu time consiga uma reação, mas, ao menos para mim, me parece improvável.
Dados:
Resultado final: Flamengo 2 x 3 Universidad de Chile
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro.
Público: 61.643 presentes
Escalação Flamengo: Bruno; Léo Moura, David, Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo (Michael 20'), Maldonado (Petkovic 2° T), Willians e Kleberson (Dênis Marques 26' 2° T); Vágner Love e Adriano. Técnico: Rogério Lourenço.
Banco de Reservas Flamengo: Michael, Petkovic, Dênis Marques, Fierro, Marcelo Lomba, Toró e Welinton.
Escalação Universidad de Chile: Miguel Pinto; Rodriguez, Victorino, Olarra e Álvaro Fernandez; Seymour, Rojas, Vargas (Pinto 2° T), Montillo (Puch 37' 2° T) e Iturra; Olivera (Rivarola 30' 2° T). Técnico: Gerardo Pelusso.
Banco de Reservas Universidad de Chile: Pinto, Rivarola, Puch, Conde, G. Vargas, Contreras e González.
Gols: Victorino, aos 4', Olarra aos 24', Álvaro Fernandez aos 2' do 2° T; Adriano, aos 43', e Juan, aos 41'.
Cartões Amarelos: Bruno, Juan, David, Iturra e E. Vargas.
Cartão Vermelho: Iturra.
Árbitro: Carlos Amarilla.
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