Flamengo 1 x 2 Botafogo
Ah, o campeonato carioca. O mais charmoso. O mais raçudo. O mais emocionante. O mais folclórico.
Quando o Flamengo deu o pontapé inicial hoje, todos admiravam o campeonato carioca, principalmente pela emoção e esperança. Ora, se o Botafogo não ganhasse hoje, teria mais um jogo para decidir. E se o Flamengo vencesse hoje, teria também mais um. Clima de descontração. Mas o jogo, no entanto, foi emocionante. Parecia que era a partida que valia 1 milhão de dólares para cada jogador.
Eu podia muito bem escolher Santos x São Paulo para assistir. Ver os moleques da vila. Mas decidi ver o carioca. Quero emplacar uma sequência de jogos cariocas para formar uma opinião sobre essa parte do estado.
E não me arrependi, seguramente.
Antes do jogo, David disse que faria marcação inidivual em Loco Abreu.
E, logo com 1 minuto de jogo, o Botafogo explora bem um contra-ataque, El Loco manda um bolão para Herrera, que se enrola com a bola. Mas, definitivamente, hoje foi o dia da "américa espanhola".
É verdade que nos primeiros 5 minutos o Flamengo foi melhor. Porém o jogo estava equilibrado. O Botafogo marcava como nunca eu havia visto.
Chegava com vários jogadores em um oponente rubro-negro, alternando marcação por zona com individual. Sebástian Abreu vinha bem na partida.
Nos ataques, tanto Andrade quanto Joel Santana decidiram por por um atacante voltando para buscar jogo, e um isolado no ataque. No Flamengo, o primeiro era Vágner Love e o segundo Adriano. No Botafogo, Herrera e El Loco.
Joel Santana deu uma estratégia nítida à estrela solitária. A marcação era forte, deixando pouco espaço pro Flamengo armar. E, quando com a posse de bola, ir para frente e tentar "cavar" uma falta, para mandar bola aérea para o uruguaio Abreu. A do Flamengo era ir para frente, tentar sufocar, e atacar quase que exclusivamente pelo lado direito.
Pelo que vimos no primeiro tempo, a estratégia botafoguense se sobressaiu. Como o Botafogo raramente chegava à frente, não houveram muitas chances de gol na primeira etapa, embora o jogo fosse bom.
É um pecado afirmar que o Bota foi dominado. A estratégia foi clara. E o Flamengo não chegava a massacrar a defesa adversária.
Somália fora deslocado para a lateral esquerda, barrando Marcelo Cordeiro. Isso deu resultado. A opção foi claramente para conter os avanços de Léo Moura, que pouco desceu para a direita. Quando tentava, o jovem volante/lateral o desarmava com facilidade.
E, quando chega aos 20 minutos, uma sequência de dois lances que abriu o caminho para o Glorioso aumentar a sua glória. Em falta na entrada da área, Renato Cajá bate em cima de Bruno. Porém, a bola foi alta e o goleiro rubro-negro espalmou para escanteio. O mesmo Renato cobrou o escanteio, e Ronaldo Angelim claramente puxa o ombro de Fábio Ferreira. Pênalti. Herrera vai para a cobrança, e bate no meio. 1 a 0.
O jogo botafoguense não era bom tecnicamente. Mas tinha raça de sobra.
Detalhe: quando Adriano tentou dar uma bicicleta, vi uma marca semelhante à de um tiro em sua barriga! O que seria aquilo? Não sei. Mas ele acabou tendo boa participação no empate flamenguista.
Luis Roberto com 30 minutos mostra um dado surpreendente, que resume bem o jogo. O Botafogo tinha efetuado 10 desarmes. O Flamengo, nenhum.
Porém, em uma das milhares de bolas alçadas a área, o mengo, no último minuto de jogo consegue boa jogada com Michael. Fahel falha gritantemente, tirando o corpo da frente de Michael para o cruzamento. Adriano resvala de cabeça, a bola brilhantemente respinga para David, que cabeceia e Jefferson, o nome do jogo, defende. Mas a bola sobrou no pé de Vágner Love, que comemorou com a torcida. 1 a 1. O jogo nem recomeça. Fim de primeiro tempo.
Não diria que os primeiros 45 minutos foram de domínio flamenguista. De fato, ficou mais tempo no campo de ataque rival. Entretanto, a marcação botafoguense foi exemplar, e isso impediu o Flamengo de marcar mais gols. Ambos os times apostaram muito na bola aérea, para El Loco e Adriano. O juiz fazia excelente atuação; mostrava bastante coerência com seu critério, que era assumidamente marcar qualquer falta, e punir com amarelo qualquer infração.
Como o gol foi no final do tempo regulamentar, era esperado que o Botafogo voltasse abalado. Isso não ocorreu. O Botafogo voltou partindo para cima. Adiantou a marcação, e começou a chutar mais a gol.
O Flamengo começou também a fazer mais finalizações, mas não tinha mais o ímpeto ofensivo da etapa anterior.
O jogo se equilibrara. Mas, com isso, o jogo ficou ruim tecnicamente. O jogo, que no primeiro tempo era rápido, agora passara a ser ruim e monótono, parado no meio-de-campo. Os cruzamentos já eram ruins, por parte dos 2 times.
E, aos 24', a chatice é interrompida. Em cobrança de escanteio, Maldona puxa a camisa do argentino Herrera, e o árbitro marca bem o pênalti. Loco Abreu, à la Zidane, dá cavadinha, a bola resvala na trave e cai mansamente nas redes. Golaço. 2 a 1.
A alegria durou pouco para os botafoguenses. Agora era apreensão. Por quê? Porque Fahel faz pênalti em Ronaldo Anfelim. Adriano vai para a cobrança, e a estrela de Jefferson brilha mais. O placar estava inalterado.
Com a marcação do pênalti, Herrera reclama e é expulso. Incorfomado, tenta agredir o árbitro, e é impedido por Alessandro. Depois disso, a pressão é flamenguista, que acabara consagrando o melhor da partida: Jefferson, a muralha solitária.
Fim de jogo, a imensa torcida botafoguense comemorava não solitária, mas em grupo, gritando de seus pulmões: "El loco, El loco, El loco e o Herrera. Isso sim que é ataque, o resto, é de bobeira!"
Parabéns Botafogo, pelo campeonato carioca de 2010!
Dados:
Resultado final: Flamengo 1 x 2 Botafogo.
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro.
Público: 50.303.
Escalação Flamengo: Bruno; Léo Moura (Petkovic 40'), David, Ronaldo Angelim e Rodrigo Alvim; Toró (Vinícius Pacheco 24'), Maldonado, Willians e Michael (Fierro); Vágner Love e Adriano. Técnico: Andrade.
Banco de Reservas Flamengo: Marcelo Lomba, Petkovic, Vinícius Pacheco, Fierro, Éverton Silva e mais 2.
Escalação Botafogo: Jefferson; Fahel, Antônio Carlos e Fábio Ferreira; Alessandro, Leando Guerreiro, Renato Cajá (Edno) Túlio Souza (Caio 14' 2° T) e Somália; Herrera e Loco Abreu.
Banco de Reservas Botafogo: Renan, Caio, F. Lima, Wellington, Sandro Silva, Marcelo Cordeiro e Edno.
Cartões amarelos: Renato Cajá, Somália, Alessandro, Túlio Souza, Fabio Ferreira, Leandro Guerreiro, Fahel, Bruno, Toró, Maldonado, Vágner Love, Vinicius Pacheco, Rodrigo Alvim e David.
Cartões vermelhos: Maldonado e Herrera.
Árbitro: Gutemberg de Paula Fonseca.
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