terça-feira, 13 de abril de 2010

Neymar



Jogo futebol. Sou jovem, é verdade. Tenho 14 anos, mas jogo todos os dias. E vejo o clima de molecagem constantemente. Para mim, molecagem é ser irresponsável em campo. Imprevisível. Driblar cinco marcadores, passar pelo goleiro e de repente tocar para o companheiro de trás. Ou mesmo driblar um, se empolgar, e tentar sair em disparada, sem saber que existem companheiros de equipe.

Quem sabe dar um passe em um espaço de 10 centímetros. Imprevisibilidade. Mais no passado, Mané Garrincha, pelas poucas, porém significantes 12 partidas que tenho baixadas dele, e pelo que li em sua biografia brilhantemente escrita por Ruy Castro, foi um exemplo disso. O gênio de pernas tortas, que nasceu em Pau Grande, jogava com a mesma vontade se fosse contra o Real Madrid de Pau Grande, ou contra a Tchecoslováquia, do futebol científico.

Mais recentemente, era Ronaldinho o moleque da vez. Driblava como Garrincha, e passava como Zidane. Está entre os 10 maiores do futebol de todos os tempos. Gênio.

Agora, o irresponsável é Neymar.

Ano passado, Neymar mostrou espetacular capacidade de drible, sobretudo no Paulistão. Chutava muito bem, igualmente. O Palmeiras que o diga. No Campeonato Brasileiro, foi bem, mas foi prejudicado pelo péssimo time santista do ano passado.

Aí chegou 2010, ele se prometeu: serei o melhor. Não serei o segundo melhor, nem o terceiro. Serei O melhor. E está sendo.

Este moleque joga muito. No começo do ano, quando ainda poupava seu futebol para o show que viria a fazer, já era aclamado como o melhor do país. Poucos dias antes de seu aniversário fez mágica contra o Santo André.

E em seu aniversário, surpresa geral: este moleque ainda era um adolescente! E já fazia desastres contra os mais velhos. Acabara de virar adulto!

Neymar é, de fato, o melhor do paulistão. A maior revelação que já passou pelo Santos neste mundo (Pelé era de outro). Sua velocidade de raciocínio, chute e passe fazem de pernas-de-pau como Zé Eduardo grandes jogadores. Assim como Garrincha. Assim como Coutinho.

Quando veem isso, alguns tentam baixar a bola do garoto. "Contra Mirassol e Bragantino, até eu". Ridículo. O futebol no Brasil é medíocre; Os clubes de elite do Brasil não são nenhum Real Madrid ou Barcelona. Não são estratofericamente melhores que alguns clubes menos aclamados dos estaduais. Se a disparidade fosse tanta, teríamos jogadores sobrando contra tais pequenos. Washington, Ronaldo, Ewerthon e outros fariam a festa.

Mas na verdade, esses acima deviam ficar envergonhados. Envergonhados por serem piores, atualmente, do que um adolescente, praticamente. Ronaldo botou a culpa no juiz. Mas a culpa é da técnica.

Técnica que esse moleque tem demais. Está surgindo um novo rei do futebol. Um novo Garrincha. Um novo Maradona. Um novo Coutinho. Uma nova revelação da base do Santos. Parabéns a estes profissionais que buscam em primeiro lugar melhorar a técnica do jovem. E meus pesares àqueles que se preocupam apenas em estragar o nosso futebol, criando brucutus.

Queria ser santista, mas infelizmente não sou. Tenho que sofrer com meu time, contra esses jogadores mais jovens. Se vão ganhar o Paulistão ou não, isso tanto faz; a verdade é que Neymar vai ser craque.

E espero que os outros treinadores tenham convicção de que jogar bonito não é ruim. É objetividade. Técnica. Agressividade. Exatamente o que o Santos faz.

E não me venham com aquela história de Brasil de 1982 que não deu certo. Até porque o jogo ruim começou antes, como disse PVC.

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