quarta-feira, 16 de junho de 2010

África do Sul 0 x 3 Uruguai


Uruguai e África do Sul. África do Sul e Uruguai. A primeira, o país-sede, a torcida a favor, o calor, as vuvuzelas. O segundo, um time que tem tradição de jogar defensivamente, com uma defesa sólida e que vive de craques. O que vimos, meus amigos, foi um Uruguai arrasador. Que calou 42 mil pessoas, 42 mil vuvuzelas. Veja como foi a partida.

E os primeiros 5 minutos foram de superioridade sulafricana. A África do Sul tocava bem e tinha certa posse de bola, e com menos de 5 minutos já tivera um escanteio, mal cobrado por Pienaar.

Mas logo a seleção uruguaia começou a equilibrar a partida. Com apenas 5 minutos, Forlán, hoje meiocampista, teve uma falta na meia-lua para cobrar. Na primeira, Pienaar correu como um louco e interceptou a bola, antes do apito. Por isso, a cobrança foi repetida. Sem sucesso, porém, já que Forlán meteu na barreira.

Aos 6 minutos, Forlán novamente participou bem, ao mandar um bolão para Luis Suárez, que bateu mal, de esquerda.

Só dava Uruguai nesse período dos 5 minutos aos 15. O Uruguai desarmava com incrível facilidade, e chutava bastante a gol. Confesso que acho estranho ver o Forlan batendo faltas, até de cruzamento. É, no mínimo, inusitado. Mas ele mostrou um grande talento. Já a África do Sul tinha dificuldades em ultrapassar a linha do meio de campo, já que o Uruguai chegava junto quando ela tentava. A marcação era muito boa. Quando a equipe africana pegava na bola, era apenas para tocar a bola, mas sem eficiência e sem chegar ao campo de ataque.

O único que levava relativo perigo era Tshabalala (Reggae). Aos 13 minutos, ele chutou de longe, mas a Jabulani foi grossa com ele, pois queria ir para a arquibancada. E damas são damas.

Ela voltou a aprontar com Tshabalala quando ele tentou chutar na entrada da área, aos 15'. A bola subiu demais, novamente. Tshabalala não acertava os chutes, mas tinha confiança e era participativo, e já corria muito. Tinha também por vezes o apoio de Gaxa.

Porém o Uruguai ainda era superior. E muito superior. Aos 22', Suárez driblou e bateu. Khune defendeu em dois tempos uma bomba.

Mas se Suárez não conseguiu, Forlan não perdoa. Aos 24', ele chutou de fora da área. Eu achei que tinha sido uma linda folha-seca, mas a bola bateu em Mokoena. Ainda assim, um lindo gol. 0 a 1. Um prêmio especialmente para Forlán, que queria o jogo desde o princípio, sempre se apresentando a quem estava com a posse de bola.

E o Uruguai continuava chegando com facilidade na área sulafricana. Já os Bafana Bafana não tinham a mesma sorte - tinham que conviver com uma marcação exemplar, sem dar espaço aos jogadores rivais. Um dos problemas da África do Sul era, também, a falta de mobilidade de seu atacante único, Mphela.

O resto da primeira etapa foi de posse de bola africana, mas sem muita objetividade.

E o resultado era justo no fim do primeiro tempo. O jogo era mediano, sem muita aproximação na área adversária por parte da África do Sul. Encontrava dificuldades visíveis em chegar perto da área, pois Pienaar novamente fazia partida pífia. Também mostrava-se ineficiente pelo lado esquerdo, e Tshabalala estava confiante, mas sem muita eficiência. Já o Uruguai mostrou melhora considerável quanto ao primeiro jogo, contra a França. Agora, tinha mais armação de jogo, com Forlán como um meia armador, Suárez de atacante de ofício, mas caindo pelos lados, e Cavani se aproximando bastante. Uma grande sacada de Oscar Tabarez. O Uruguai, que não tinha meiocampo contra a França, passou a parar de dar chutões. Uma transformação espetacular. Os volantes uruguaios também vinham bem, com Arévalo Rios e Perez jogando muito bem. O melhor do primeiro tempo era Forlán, que desde o começo vinha mostrando uma vontade espetacular de mostrar serviço, e abriu o placar em uma linda folha-seca, à la Didi. Claro, não uma "legítima" folha-seca, mas foi quase isso.

A segunda parte começou com agressividade do capitão desastre Mokoena, que deu um murro em Suárez. Pena que Busacca fingiu que não viu e nem deu amarelo. Tirando isso, o time alviceleste, dessa vez apenas alvi, começou tocando bem a bola.

Aos 5 minutos, Suárez penetra em velocidade na área, e Khumalo covardemente o puxa na área. Pena que Busacca, novamente, prejudicou Suárez e o Uruguai.

Não precisava. O Uruguai ganhava mesmo no futebol. Aos 8 minutos, o craque Forlan cobrou escanteio e Lugano cabeceou com as costas, sozinho, perdendo um grande gol. O Uruguai continuava mantendo a bola no campo adversário. Forlan era um monstro, também, nas cobranças de faltas.

A África do Sul pegava a bola e tentava ter posse de bola, mas quando tentava chegar na frente, Godín logo frustrava as tentativas. Dikgacoi, bem no primeiro jogo, fazia partida simplesmente horrorosa, e a África do Sul não chutava a gol.

Não se pode acusar a África de não tentar sair pro jogo, porque até tentava, mas era parada lealmente pelos zagueiros, como tanto gosto de repetir. E não chutava a gol, oras.

A África do Sul foi tentando sair pro jogo, mas aos 30', o Uruguai conseguiu grande jogada quando Suárez cruzou e Khune afastou; Perez pegou o rebote, se enrolou um pouco, mas na raça tocou para Forlan, que chutou da entrada da área. A bola desviou em Cavani e sobrou para Suárez ficar cara a cara com Khune. Ao goleiro sulafricano nada restou senão derrubar o atacante do Ajax e cometer o pênalti. Detalhe: Suárez recebeu a bola em condição legal, pois Mokoena, que deu condição para R. Marquez no primeiro jogo, estava na frente de Suárez. Pênalti. Vermelho para o goleiro Khune. Depois de longa espera, em busca do aquecimento do goleiro reserva, que nem de chuteiras estava, Forlán chutou forte, no canto direito de Josephs. 2 a 0. Para se ter noção, o pênalti foi aos 30', mas Forlán só efetuou a cobrança aos 36 minutos. Muita demora, não?

E a África do Sul continuava sem reagir. Teve apenas uma comoção inicial, em que os jogadores buscaram chutar a gol, mas apenas por 2 minutos. Logo o Uruguai voltou a tomar as rédeas da partida.

E já nos acréscimos, Forlán foi mau com os africanos. Ele driblou Masilela, e mandou um lançamento genial para Suárez, que dominou e tocou por cima para Álvaro Pereira ampliar para 3 a 0, e deixar a classificação quase impossível. Não dava tempo para mais nada. As vuvuzelas calaram-se. Os sulafricanos começaram a chorar. E passaram a olhar para seus enfeites, com pena de si mesmos. Pobre África do Sul. Mas o futebol é assim. Injusto. Ingrato. A classificação é quase impossível. Veja abaixo os melhores momentos da partida.



Notas:

África do Sul:

Khune: Nota 5,0 - Fez uma ou duas boas defesas, mas fez um pênalti que não precisava.
Gaxa: Nota 5,0 - Apoiou muito no primeiro tempo, mas parou de apoiar no segundo e foi um desastre defensivamente, nos dois tempos.
Mokoena: Nota 5,0 - Extremamente violento, não deve ser o capitão da equipe, pois é nervoso, e é conhecido como o Sr. Condição Legal (PVC que inventou, brilhantemente). Falha muito nas linhas de impedimento.
Khumalo: Nota 5,5 - Apelou também para a violência, mas ao menos foi eficiente nas bolas aéreas.
Masilela: Nota 5,0 - Não apoiou, e também não defendeu com eficiência. Um desastre.
Dikgacoi: Nota 4,0 - Horrível atuação. Não pareceu um Clodoaldo, errando passes imbecis. Não chegou para finalizar, e também foi mal na marcação. Poderia ter sido expulso se Busacca fosse rigoroso.
Letsholonyane: Nota 5,5 - Mais eficiente na marcação, conseguiu acertar mais passes, mas mostrou-se um pouco desligado no jogo.
Tshabalala: Nota 5,5 - Entrou empolgado na partida, mas quando começou a errar seus chutes, decepcionou-se e sumiu da peleja.
Pienaar: Nota 4,0 - Completamente sumido, foi o pior jogador da partida, quase não fazendo passes, e se escondendo do jogo. Acha que joga mais do que joga.
Modise: Nota 5,0 - Magrelinho, perdeu praticamente todas as divididas com os fortes zagueiros uruguaios. Não mostrou a conhecida velocidade.
Mphela: Nota 5,0 - A bola não chegou, mas ele poderia ter se mexido mais.
Moriri: Nota 5,5 - Não conseguiu dar qualidade de passe à equipe, nem aproveitou seu entrosamento de clube com Mphela.
Josephs: Nota 5,5 - Goleiro reserva, quase pegou o pênalti de Forlán, mas tem 1,84 cm, e lhe faltou altura na hora de cortar o cruzamento de Suárez para o terceiro gol.

Técnico Carlos Alberto Parreira: Nota 5,0 - Escalou o mesmo time da estreia contra o Uruguai, como se sua equipe não tivesse apresentado defeitos na primeira partida. Sua equipe jogou muito confusa, sem toque de bola. Poderia ter orientado os jogadores a chutar mais. Suas alterações não deram resultado.

Uruguai:

Muslera: Nota 6,0 - Quando exigido, mostrou-se seguro, sem soltar bolas. Uma atuação correta, encaixou todos os 3 chutes no gol que a África do Sul deu.
Maxi Pereira: Nota 6,0 - Apoiou muito durante a partida, e conseguiu fazer boas jogadas com Suárez e Cavani.
Lugano: Nota 6,5 - Uma atuação ao seu estilo: sem brincar, com seriedade, e certa violência. Mas não deu chutão, e fez desarmes por cima e por baixo.
Godin: Nota 7,5 - Um monstro, foi bem, a exemplo da partida de estreia. Tem muita elegância, é técnico e é genial pelo chão. Também foi fantástico pelo alto. Não perdeu nenhum lance.
J. Fucile: Nota 6,0 - Zagueiro pela esquerda, foi eficiente pelo chão, mas saiu machucado.
Alvaro Pereira: Nota 6,5 - Lateral esquerdo, é forte, e foi muito bem pela marcação; quando apoiou, deu resultado, e acabou marcando um gol.
Arévalo: Nota 6,5 - Muito bem, volante pela esquerda, formou boa dupla de carecas com Perez. Desarmou bastante, e sem cometer muitas faltas.
Perez: Nota 7,0 - O outro careca, foi um grande volante, chegando muito bem à frente, e mostrou empenho na marcação de Pienaar.
Cavani: Nota 6,5 - Muitos avanços, fez boa aproximação no ataque, mas também não deixou a desejar defensivamente. É peça importante na tática desse esquema.
Forlán: Nota 9,0 - O melhor da Copa do Mundo até agora, fez uma atuação próxima à perfeição. Foi um monstro, e comandou o time praticamente sozinho, já que não tem grandes coadjuvantes. Fez lançamentos, gols, e foi o que mais correu em campo, mostrando-se sempre uma boa opção de passe para quem estivesse com a bola.
Suarez: Nota 7,5 - Uma atuação para redimir-se da estreia, teve velocidade, foi um carrapato nos zagueiros africanos, com avanços pelos lados do campo. Não é um poste na frente, tem muita mobilidade; se finalizasse melhor, poderia ter sido fantástico.
Alvaro Fernandez: Nota 6,0 - Entrou no fim, e conseguiu fazer alguns bons passes.
Sebastian Fernandez: Sem nota - Jogou poucos minutos.
W. Gargano: Sem nota - Jogou poucos minutos.

Técnico Oscar Tabarez: Nota 7,5 - Soube reconhecer as falhas que a equipe apresentou contra a França. Por exemplo: não teve meiocampo contra a França. Então, corajosamente recuou Forlan para a armação. O pensamento era que perderia um ótimo atacante para ganhar um armador mais ou menos. Mas perdeu um ótimo atacante para ganhar um ótimo armador. Também soube tirar as peças ruins do primeiro jogo, como Victorino e Ignacio Gonzalez. Um técnico muito ousado, e que foi recompensado com uma atuação de gala do Uruguai.

Árbitro Massimo Busacca: Nota 5,5 - É muito frouxo. Poderia ter muito bem expulsado Dikgacoi. Além disso, não apitou um pênalti em Suárez, e fingiu que não viu um soco na cara que Mokoena deu no mesmo Suárez. O uruguaio saiu sangrando, Busacca só fingiu que não viu. De positiuvo, a coragem para expulsar o goleiro Khune.

Dados:

Resultado final: África do Sul 0 x 3 Uruguai.

Estádio: Loftus Versfeld Stadium, em Pretória, na África do Sul.

Público: 42.658 pagantes.

Escalação África do Sul: Khune; Gaxa, Mokoena, Khumalo e Masilela; Dikgacoi, Letsholonyane (Moriri 12' 2° T), Tshabalala, Modise e Pienaar (Josephs 34' 2° T); Mphela. Técnico: Carlos Alberto Parreira.

Escalação Uruguai: Muslera; Lugano, Godin e J. Fucile (A. Fernandez 26' 2° T); Maxi Pereira, Arévalo, Diego Pérez (Gargano 45' 2° T), Cavani (S. Fernandez 45' 2° T) e Álvaro Pereira; Forlán e Suárez. Técnico: Oscar Tabarez.

Gols: Forlán, aos 24 minutos do primeiro tempo; Forlán, aos 35 minutos do segundo tempo; Álvaro Pereira, aos 49 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Pienaar e Dikgacoi.

Cartão vermelho: Khune.

Árbitro: Massimo Busacca, da Suíça.

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