sexta-feira, 11 de junho de 2010

África do Sul 1 x 1 México


África do Sul e México fariam uma partida de futebol espetacular, uma das maiores de todos os tempos, para honrar a Copa do Mundo. Pelo menos era essa a esperança. Mais de 500 milhões de televisões ligadas para acompanhar esse jogo que seria a abertura da Copa do Mundo FIFA 2010. O que vimos? Um bom jogo, acima de tudo. Mas também surpreendente.

O México iniciou a partida melhor, com muita troca de passes objetivos, e quase marcou um tento com apenas 1 minuto de jogo.

A África do Sul inicialmente apostava muito em chutões nos 5 minutos iniciais, e levava pressão do México. Parreira disse antes da partida que seu time tocava muito bem a bola. Eu não via isso no começo; não conseguia trocar mais de 5 passes consecutivos. Tinha dificuldade em marcar a equipe mexicana, que já conseguia muito espaço livre por seu lado direito.

O México também fazia algumas faltas para parar um contra-ataque africano. E levou o primeiro cartão amarelo da Copa: Juarez faz falta em Pienaar, aos 18 minutos. Na cobrança, Pienaar joga por cima do travessão, de perto da meia-lua.

A resposta veio logo a seguir. Desarme do México, e Giovani Dos Santos carrega a bola, e chuta de longe. A bola passa rente à trave, após pegar muito efeito.

Um número curioso aos 21': 62% de posse de bola mexicana e 38% para a África do Sul.

E depois dos 20', os Bafana Bafana equilibraram um pouco, não dando tantos espaços para o México, embora ainda assim nada criasse de concreto. O jogo foi ficando morno. Até que Vela achou um espaço para lançar Franco na área, que chutou para a boa defesa de Khune.

A equipe centro-americana continuava utilizando muito seu lado direito, e voltou a ter o domínio da partida. A África do Sul, por sua vez, pouco passava da linha do meio de campo. Com 36 minutos, Vela da entrada da área poderia ter chutado, mas preferiu tocar para Dos Santos. Ele chutou sem ângulo, e a zaga desviou para escanteio.

O México fez um gol em seguida, na cobrança de escanteio de Torrado. Franco desviou de cabeça para Vela marcar. No entanto, ele estava impedido, e o bandeirinha acertou ao anular o tento de Vela.

Aos 40', cobrança de falta de Dos Santos, na intermediária. Ele joga pra área, e Franco cabeceia perto da trave.

A África do Sul quando chegava, vinha com seus laterais, que cruzavam bem para a área.

Terminada a primeira etapa do jogo e da Copa do Mundo, podia-se afirmar que o resultado não era justo. O México foi claramente superior. Carlos Vela, Giovani Dos Santos e Franco formam um interessante e rápido trio ofensivo. Sempre pelo lado direito, o México teve muitas chances de gol. Todavia, faltava arremates à meta defendida por Pérez, de 1,74m. Chegava com frequência na entrada da área, mas quando podia chutar a gol e fazer "PIMBA!", preferia tocar para o companheiro ao lado. Já a África do Sul tinha uma marcação falha, principalmente no lado direito e nas bolas aéreas. O primeiro problema tinha uma solução que poderia parecer simples: Parreira dar uma bronca em seus comandados. No segundo, parecia que bastava por Matthew Booth, de 1,98 m de altura, que poderia afastar tudo de sua área, e chegar à baliza adversária para cabecear, ao menos na teoria. O bom dos Bafana Bafana era a boa saída de bola de Dikgacoi, além do constante apoio de seus laterais. O jogo era bom, e o melhor do primeiro tempo foi Giovani Dos Santos, autor do único chute a gol do México na partida, além de dar passes que poderiam resultar em gols.

O México iniciou a segunda etapa com muita posse de bola nos primeiros 5 minutos, a exemplo do primeiro tempo. Mas a marcação africana estava mais ligada, à espera de um contragolpe. E foi isso que aconteceu, aos 9 minutos. Depois de desarme no campo de defesa, Dikgacoi manda uma bola preciosa para Tshabalala que, de cara pro gol, mandou uma bomba no ângulo esquerdo do baixinho Pérez. E depois de troca de passes não objetiva mexicana, a África do Sul chegava pela primeira vez no 2° tempo, e abriu o placar. 1 a 0. Num contra-ataque, ao contrário do que pregava Parreira antes do jogo.

E depois do gol, seleção sul-africana manteve a postura defensiva, à espera de outro contragolpe mortal, que vinha vez ou outra. O México continuava sem chutar a gol, com apenas um chute na segunda etapa até os 20 minutos. Ambos os chutes de Dos Santos, ambos com perigo.

Aos 20', a África do Sul quase amplia para 2 a 0. Foi em outro contra-ataque africano. Mphela chutou, a bola desviou, e Modise perdeu a oportunidade.

Modise quase se redimiu 4 minutos depois. Ele recebeu de Dikgacoi, e foi indo para dentro da área. Ele foi claramente derrubado, mas o juiz decidiu não marcar.

Dois lances que eram consequência da melhora do país anfitrião nos 45 finais. Compacto, não deixava o México penetrar na área. A marcação havia melhorado muito. Era muito objetiva, e raçuda, para delírio da torcida.

O México continuava naquele mesmo molenga de sempre: posse de bola, mas sem tentar algo mais incisivo, em busca de um gol.

Até que aos 33' Guardado cruzou e Mokoena fez mal a linha de impedimento. Então a bola sobrou para o zagueiro-artilheiro Rafa Marquez, que com toda sua calma característica, pôs no canto onde Khune menos esperava. 1 a 1.

E Guardado, que entrou para mudar o jogo, descolou um cruzamento preciso. O passe foi bom, mas para falar a verdade foi mais demérito da defesa africana. Mokoena errou ao fazer a linha de impedimento. Logo esse setor, que vinha tão bem no segundo tempo...

A África do Sul se abalou com o gol mexicano. E as vuvuzelas calaram-se por um instante. E o México, hoje de preto, tentava a virada sob o ritmo de Blanco.

Até que a oportunidade de ouro apareceu para Mphela. Após chutão de Mokoena, ele deu um pique rápido, ajeitou com a cabeça, e dentro da pequena área chutou na trave. Então a defesa mexicana afastou a Jabulani dali. Isso, aos 45'.

E depois de 3 minutos de acréscimo, o que dizer de um jogo tão enigmático? Primeiramente, ressalto o grande segundo tempo da seleção sulafricana. A defesa foi muito bem, com exceção do gol mexicano. Os destaques africanos eram Mphela, Dikgacoi e Gaxa. A decepção foi Pienaar, que só efetuou 16 passes. Já o México foi bem, mas sem variação de jogadas. Melhor, sem chutes a gol. Foram 2 chutes à gol em 90 minutos, média de um chute por cada tempo. O destaque foi sem dúvida Giovani Dos Santos, da equipe mexicana e também da partida. Ele desarmou muito, e deu bastante suporte aos atacantes que entraram ao decorrer do jogo. Além disso, chutou 2 bolas perigosas. Logo, chego à conclusão de que o resultado foi justo. Tirando, claro os gols, na estatística de chutes a gol.



Notas:

África do Sul:

Khune: Nota 6,5 - Não teve culpa no gol mexicano, e fez duas grandes defesas. Mostrou muita qualidade.
Gaxa: Nota 6,0 - Disposição, muita correria, e uma partida mediana. Mas não segurou Giovani Dos Santos.
Mokoena: Nota 6,0 - O capitão foi seguro, forte e líder. Mas falhou bisonhamente no gol do México.
Khumalo: Nota 6,5 - Discreto, foi bem na linha de impedimento, mas é lento demais.
Thwala: Nota 6,0 - Horroroso na marcação, deixando o México jogar pelo seu lado. Mas conseguiu aliviar o erro com alguns bons cruzamentos no fim do primeiro tempo.
Letsholonyane: Nota 6,0 - Pelo lado esquerdo, foi um jogador muito raçudo, mas sem muita técnica.
Dikgacoi: Nota 7,0 - Grande capacidade de passe, mostrou que é rápido, seguro e tem bom posicionamento. Além de dar passes decisivos. Um dos melhores do jogo.
Modise: Nota 6,0 - Na marcação, foi correto, mas perdeu duas chances de gol que não se perde normalmente.
Pienaar: Nota 5,5 - Cotado para ser o astro da equipe, decepcionou, se escondendo do jogo e não chutando a gol.
Tshabalala: Nota 7,0 - Correu bastante, e esteve em todas as partes do campo. Um box-to-box. Foi eleito o melhor do jogo pela FIFA, mas não fez um bom primeiro tempo.
Mphela: Nota 7,0 - Estilo grandalhão, seu futebol me agradou muito. Trombou com os zagueiros, e criou boas chances de gol. Poderia ter sido o melhor da partida, não fosse a oportunidade de ouro que ele perdeu no fim do jogo.
Masilela: Nota 6,0 - Entrou para marcar - e por isso não apareceu muito no jogo.
Parker: Sem nota - Jogou apenas 6 minutos.

Parreira: Nota 6,5 - Surpreendeu ao utilizar apenas 2 jogadores do banco de reservas. No intervalo, mecheu com a marcação, que estava falha, e a corrigiu. Enfim, fez o que pôde, mas sua equipe não teve sorte.

México:

Pérez: Nota 5,0 - Não fez nenhuma defesa difícil, e mostrou uma capacidade incrível de sair mal do gol. Parece o Abbondanzieri. Mas a culpa não é dele: é difícil explicar como alguém convoca um goleiro de 1,72m. E ainda o põe de titular, deixando Ochoa no banco.
Aguilar: Nota 6,0 - Não fez muita coisa. Mas até que desarmou bolas importantes.
F. Rodriguez: Nota 5,0 - No alto de seus 1,91m, não conseguiu segurar o também grandalhão Mphela, Giovani dos Santos, Vela e Blanco. Uma atuação para se esquecer. O pior do jogo.
Osorio: Nota 5,5 - Não trabalhou muito, e acabou sumindo demais.
C. Salcido: Nota 5,5 - Um dos melhores em campo contra a Itália há 1 semana, não chegou para finalizar com perigo como o fez naquele jogo, e foi mal na marcação.
Juarez: Nota 6,5 - Um jovem volante que mostrou grande capacidade de se posicionar.
Rafa Marquez: Nota 7,0 - Seguro, elegante, não me lembro de vê-lo errar passes e ainda fez o gol.
G. Torrado: Nota 6,5 - Tem técnica, mas se destacou mesmo foi na vitalidade, correndo bastante e objetivamente.
G. Dos Santos: Nota 7,0 - O melhor do jogo, desarmou muito, deu grandes passes e merecia ter feito um gol.
Vela: Nota 6,5 - Foi bem no primeiro tempo; só faltou chutar a gol. Mas caiu no segundo e foi substituído.
Franco: Nota 6,5 - A referência na área em um ataque rápido, com dois jovens abusados. Mas não conseguiu anotar o seu. Chances não faltaram, mas foi muito mais mérito do goleiro do que demérito seu.
Guardado: Nota 7,0 - Entrou e honrou a camisa mexicana, com velocidade, e muito poder de desarme. E fez o cruzamento perfeito do gol de sua equipe.
Blanco: Nota 6,5 - Entrou e participou ativamente do jogo, exibindo sua técnica já conhecida.
Hernandez: Nota 5,5 - Entrou para ser referência na área, mas não teve oportunidades de marcar.

Javier Aguirre: Nota 5,5 - Errou ao não colocar Ochoa no gol, ao colocar o desengonçado Rodriguez na defesa, e não colocar Guardado como titular. Além disso, deve ter incentivado a equipe mexicana a continuar tocando a bola sem objetividade no intervalo, invés de encorajá-la a chutar a gol.

Árbitro Ravshan Irmatov: Nota 6,5 - Discreto, foi bem, não apareceu muito. Mas deixou de marcar um pênalti a favor da África do Sul.

Dados:

Resultado final: África do Sul 1 x 1 México.

Estádio: Soccer City, em Johanesburgo, África do Sul.

Público: 84.490 pagantes.

Escalação África do Sul: Khune; Gaxa, Mokoena, Khumalo e Thwala (Masilela 2° T); Letsholonyane, Dikgacoi, Modise, Pienaar (Parker 38' 2° T) e Tshabalala; Mphela. Técnico: Carlos Alberto Parreira.

Escalação México: Perez; Aguilar (Guardado 10' 2° T), Rodriguez, Osorio e C. Salcido; Juarez, Rafa Marquez e G. Torrado; Giovani Dos Santos, Vela (Blanco 24' 2° T) e Franco (J. Hernandez 28' 2° T). Técnico: Javier Aguirre.

Gols: Tshabalala, aos 9' do segundo tempo; Rafa Marquez, aos 34' do segundo tempo.

Cartões amarelos: Dikgacoi e Masilela; Juarez e Torrado.

Árbitro: Ravshan Irmatov, do Uzbequistão.

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