quarta-feira, 16 de junho de 2010

Brasil 2 x 1 Coreia do Norte


A seleção brasileira vivia numa maré de expectativas antes da estreia. A principal pergunta era se Dunga iria conseguir passar por uma seleção retrancada, já que sua seleção tem como ponto forte os contra-ataques. E ontem, a seleção entrou em campo precisando de uma vitória por muitos gols de diferença, para, em caso de empate com Costa do Marfim e Portugal, ter vantagem no critério de desempate. Isso não aconteceu. Mas, como diz Dunga, ao menos a seleção venceu. Veja comigo como foi essa vitória.

E os primeiros 5 minutos foram, de certa forma, animadores: a seleção brasileira tomava a iniciativa, jogando de maneira ofensiva.

Com apenas 5 minutos, Elano chutou de fora da área, mas a Jabulani acabou subindo demais.

Apenas 1 minuto depois, seu companheiro e amigo Robinho recebeu bom passe de Kaká, driblou um jogador, e chutou para longe, quando podia ter driblado mais um para sair na cara do goleiro Myong Guk.

Empolgação total. O Brasil, na marca de 10 minutos, mostrava uma saída de bola relativamente melhor, sem erros de passe. Mas foi só falar, que aos 11 minutos, Gilberto Silva errou um passe bobo.

Mas uma coisa era boa: a utilização constante do lado direito de Maicon, desde o início. Ele já acenava com alguns bons cruzamentos e boas arrancadas.

No entanto, o Brasil passou a piorar após os 15 minutos, com muita tentativa de passe longo. Kaká, sem ritmo de jogo, errava passes e domínios ridículos, e passou a recuar demais, deixando Luís Fabiano isolado, sem companhia, fazendo faltas adoidado.

E a Coreia do Norte, ao mesmo tempo, mostrava não só com muita vontade, mas também mais à vontade, utilizando seu lado direito do campo, nas costas de Michel Bastos, e arriscando chutes a gol. Defendia com muitos jogadores no adversário que estava na bola. Ao Brasil, faltava inversão de jogo, já que a Coreia concentrava a marcação com muitos jogadores em quem estava na bola. Michel Bastos não apoiava na primeira etapa, o que até impossibilitava tais inversões de jogo.

Aos 21', Kaká até tentou inverter o jogo. Mas apenas tentou, porque o resultado foi um passe horroroso, com um efeito inusitado, com a bola indo parar na lateral.

E eis que é necessário ressaltar um comentário de Paulo Vinícius Coelho, o PVC, durante a transmissão. Ele afirmou que a Coreia estudou o Brasil, que era visto devido aos chutes do meio de campo da Coreia, pois Júlio César jogava adiantado, e também os ataques pelo lado esquerdo da quadra.

Kaká novamente nos prestigiou com outro passe ridículo, desta vez aos 23 minutos, quando ele tentou passar para Maicon e a bola novamente morreu na lateral. A impressão que passava era que o Brasil mediocrizava a Coreia.

Aos 26', Maicon, peça de apoio pela direita, recebeu de Felipe Melo e bateu de trivela. A bola ia no canto esquerdo, com um efeito sobrenatural. Mas Ri Myong Guk defendeu bem, colocando para escanteio.

Pausa para outro lance sofrível de Kaká, quando ele recebeu de Maicon na ponta-direita e tentou cruzar, mas bateu no nortecoreano, que estava a uns 3 metros de distância.

E o Brasil continuava mal, sem penetrar na área adversária, que formava uma barreira. E quando recuperava a bola, era chutão para Rooney, quer dizer, Jong Tae Se ganhar na velocidade, com boas investidas pelo lado esquerdo.

Aos 31 minutos, Ri Kwang Chon recebeu e chutou, com a bola indo perto, perto da trave de Júlio César, que pouco trabalhou. Se Jong Tae Se jogava bem, justiça seja feita que Robinho também fazia grandes dribles, logicamente com mais perfeição que o obscuro asiático, que é bom jogador.

O Brasil continuava com seu espetáculo de horrores. Felipe Melo, que subia bastante para o ataque, recebeu de Maicon, da entrada da área, pronto para marcar o seu para a consagração e... a isolou. A bola foi parar lá em Madagascar, vizinho da África do Sul.

Faltava, também mobilidade aos jogadores brasileiros, que sentiam a falta de confiança de Kaká, que contagiava o resto dos jogadores. Michel Bastos errava todos os cruzamentos.

O final da primeira etapa foi de uma leve pressão brasileira, mas sem consistência.

E terminado o primeiro tempo, é possível dizer que o resultado era completamente justo. Agora pense: um resultado justo contra a Coreia do Norte. A pior seleção da Copa do Mundo, que perdeu diversas vezes nesse ano, e não ganhava uma partida há 8 jogos. O Brasil iniciou ofensivamente, mas logo caiu muito e - pasmem! - a Coreia do Norte começou a jogar contra o Brasil. E estudou a seleção canarinho (coisa que o Brasil não fez), aproveitando bem os pontos fracos da seleção. O Brasil não invertia o jogo, o que poderia ter sido decisivo, já que quando um brasileiro pegava na bola, 3 jogadores vigiavam e o lateral do outro lado, geralmente Michel Bastos, ficava livre. O Brasil não acertou um chute a gol, com exceção de um chute perigoso de Maicon. Tirando isso, o goleiro não defendeu mais. Kaká fazia partida horrorosa, errando quase todos os passes, sem ritmo de jogo e sem técnica. Robinho e Maicon eram as armas mais perigosas da seleção. O primeiro, com habilidade, e o segundo com apoios constantes pelo lado direito. O Brasil achou que a Coreia era pior do que era, e não respeitava o time asiático. Por isso, acho bem feito que o resultado seja este. Já a Coreia do Norte armava algo como um 5-4-0-1, com três zagueiros, dois laterais, três volantes, e um atacante. Isso dava resultado, pois o Brasil não ultrapassava a barreira da entrada da área. Jong Tae Se chegava bem, na frente, dominando bem as bolas e com velocidade. Por isso, o resultado era completamente justo.

E a Coreia do Norte iniciou o segundo tempo formando novamente uma muralha na frente da área, frustrando todas as tentativas da seleção em chutar a gol nos minutos iniciais.

Até que o Brasil teve uma falta, na meia-lua, depois que Kaká se jogou. Michel Bastos bateu de certa forma bem, com efeito, forte, e a bola foi rente a trave direita, na marca dos 6 minutos.

A Coreia do Norte continuava com os clássicos chutões para Jong Tae Se, que fazia bem o pivô.

Até que aos 10', Elano deu grande passe, na medida, para Maicon fuzilar, com uma cacetada, com a bola indo no cantinho. 1 a 0. Um gol que me lembra o que Josimar fez contra a Polônia, na Copa de 1986, embora eu tenha achado o de Maicon até mais bonito. Uma tremenda cacetada!

O Brasil cresceu de produção após o tento anotado por Maicon. Michel Bastos e Kaká cresceram de produção, o primeiro apoiando mais e Kaká com alguns passes mais verticais, embora continuasse nada grande coisa.

Aos 14', Michel Bastos chutou com efeito de fora da área, e Ri Myong Guk defendeu bem.

Outra boa chance criada pelo Brasil aos 17', quando Robinho fez boa jogada pela esquerda e cruzou no peito de Luís Fabiano, que driblou um, mas chutou na arquibancada, já dentro da baliza coreana.

E o Brasil, que já estava voltando a piorar, foi salvo por um golaço de Robinho, quer dizer, Elano, aos 25 minutos. O santista fez um passe simplesmente monstruoso, deixando o ex-companheiro Elano livre para marcar, dentro da área. 2 a 0.

A equipe sulamericana passou a chutar mais a gol, preocupada com o saldo de gols. E Nilmar, que havia entrado no lugar de Kaká aos 33' do segundo tempo, entrou com vontade, garra, mas sem muita eficiência para anotar o seu.

Juan ainda salvou um gol praticamente feito de Jong Tae Se, quando já estava cara a cara com Júlio César após chutão. O zagueiro do Roma se esticou todo e conseguiu evitar a conclusão do Rooney asiático.

Se não foi dessa vez, a Coreia do Norte ainda emplacou um outro lançamento, ou melhor, chutão, de antes do meio de campo, que deu certo. Ji Yun Nam conseguiu dominar e bater, para vencer Júlio César. 2 a 1. O domínio brasileiro na partida era completo, e o gol saiu em falha da defesa.

Não dava tempo de mais nada. 2 a 1 era o resultado final. E um mal resultado, se for levar em consideração que foi contra uma seleção que não vencia há 8 jogos, e perdeu de adversários como a Venezuela. Apenas 1 de saldo de gol é, no mínimo, preocupante, se levarmos em consideração o que vimos de Portugal e Costa do Marfim, principalmente essa última, que mostrou ser muito boa. Mas como diz Dunga, o que vale é a vitória. Agora, estão dizendo que só quem estreou melhor que o Brasil na Copa foi a Argentina e a Alemanha. Ora, vamos ser francos. As outras seleções enfrentaram adversários muito mais qualificados - ou dá para comparar, Paraguai, Dinamarca e Uruguai com Coreia do Norte? De qualquer forma, veja abaixo os gols da partida.



Notas:

Brasil:

Júlio César: Nota 5,5 - Não teve trabalho durante quase toda a partida, mas arrisco-me a dizer que ele poderia ter defendido o gol coreano.
Maicon: Nota 7,5 - Simplesmente sensacional, apoiou com extrema eficiência, deu passes decisivos e fez um golaço, que premiou sua boa atuação. O melhor do jogo.
Lúcio: Nota 5,5 - Se preocupou mais em subir do que defender, e deixou Jong Tae Se sozinho várias vezes.
Juan: Nota 7,0 - Compensou o seu companheiro, sendo implacável pelo chão, salvando um gol certo de Jong Tae Se.
Michel Bastos: Nota 5,5 - Foi mais eficiente do que nos últimos jogos, mas não conseguiu acertar os fundamentos básicos, como cruzamentos e chutes.
Gilberto Silva: Nota 5,5 - Pouco teve trabalho, mas errou passes demais.
Felipe Melo: Nota 6,0 - Melhorou. Como não teve muito trabalho, pode arriscar algumas subidas, ineficientes. Acertou passes, ao menos.
Elano: Nota 7,0 - Muito participativo, deu uma assistência e fez um gol, além de ter dado outros grandes passes. O melhor meia do Brasil na partida.
Kaká: Nota 5,0 - Lento, sem nenhuma técnica, e com condição física ridícula. Mais pareceu um jogador do futebol brasileiro. Não lembra o Kaká que conhecemos.
Robinho: Nota 7,5 - Veloz, com muita aptidão para driblar, fez uma obra prima no passe para Elano. Foi também muito participativo.
Luis Fabiano: Nota 5,5 - Até demonstrou vontade, mas foi violento, e desperdiçou a chance de marcar que ele teve.
Dani Alves: Nota 5,5 - Não participou bastante nos 17 minutos que jogou.
Nilmar: Nota 6,0 - Em 12 minutos, mostrou muita disposição e quase marcou.
Ramires: Sem nota - Jogou só 6 minutos.

Técnico Dunga: Nota 5,5 - Novamente, escalou o time já conhecido, sem nenhuma surpresa. Mas não foi culpa dele, se Kaká não conseguiu armar a equipe. Fez as mesmas substituições de sempre.

Coreia do Norte:

Ri Myong Guk: Nota 5,5 - Fez uma boa defesa em chute de Maicon, mas falhou quando o lateral tentou novamente.
Jong Hyok: Nota 6,0 - Bem na marcação, foi quase como um zagueiro, sem apoiar.
Chol Jin: Nota 5,5 - Fez parte da barreira à frente da área, mas mostrou-se lento.
Jun Il: Nota 5,5 - Formou parte da barreira, mas foi facilmente driblado por Robinho.
Nam Chol: Nota 6,0 - Outro zagueiro, ganhou todas de Luís Fabiano.
Kwang Chon: Nota 5,0 - Completamente nulo, pouco apareceu na marcação.
In Guk: Nota 6,0 - Marcou com eficiência e teve coragem de chutar.
Yun Nam: Nota 6,0 - Mais um marcador, apareceu bem na área brasileira e marcou o seu.
Yong Jo: Nota 5,0 - Um atacante que se escondeu do jogo, sentindo o peso de jogar contra o Brasil.
Yong Hak: Nota 5,5 - Outro marcador, que não apareceu muito.
Jong Tae Se: Nota 6,5 - O melhor coreano da partida, mostrou velocidade, faz bem o pivô, mas tem deficiência nas finalizações.
Kum Il Kim: Sem nota - Jogou somente 10 minutos.

Técnico Jong Hum Kim: Nota 5,5 - Armou uma equipe extremamente defensiva, que se deu bem no primeiro tempo, mas cansou no segundo. Poderia ter substituído mais.

Árbitro Viktor Kassai: Nota 7,0 - Os coreanos não foram violentos em campo, nem o Brasil, por isso fez uma arbitragem sem sustos.

Dados:


Resultado final: Brasil 2 x 1 Coreia do Norte.

Estádio: Ellis Park Stadium, em Johanesburgo, na África do Sul.

Público: 54.331 pagantes.

Escalação Brasil: Júlio César; Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Gilberto Silva, Felipe Melo (Ramires 39' 2° T), Elano (Daniel Alves 26' 2° T) e Kaká (Nilmar 33' 2° T); Robinho e Luís Fabiano. Técnico: Dunga.

Escalação Coreia do Norte: Myong Guk; Jong Hyok, Chol Jin, Jun Il, Nam Chol e Kwang Chon; In Guk (Kum Il 35' 2° T), Yun Nam, Yong Jo e Yong Hak; Yong Tae Se. Técnico: Jong Hum Kim.

Gols: Maicon, aos 10 minutos, e Elano, aos 26 minutos do segundo tempo; Yun Nam, aos 43 minutos do segundo tempo.

Cartão amarelo: Ramires.

Árbitro: Viktor Kassai, da Hungria.

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